60 anos de fraternidade
A Campanha da Fraternidade chega, em 2024, à sua 60ª edição em âmbito nacional. A origem da CF está na Arquidiocese de Natal, no Rio Grane do Norte. Por iniciativa do então administrador apostólico, dom Eugênio de Araújo Sales, foi realizada na Quaresma de 1962 uma campanha de solidariedade em favor das obras sociais da Igreja. No ano seguinte, a campanha foi adotada por 19 dioceses do Nordeste. E em 1964, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) assumiu a Campanha da Fraternidade como ação em âmbito nacional.
Dom Helder Camara
Dom Helder Camara teve um papel fundamental na expansão e adoção da Campanha da Fraternidade em âmbito nacional. Ainda em 1963, no dia 26 de dezembro, o então secretário-geral da CNBB enviou uma carta a todos os bispos comunicando que a CF de 1964 seria nacional e teria como lema “Lembre-se: você também é Igreja”. A proposta recebeu a adesão de 70 das 184 dioceses do país. Em 1965, com o tema “Faça de sua paróquia uma comunidade de fé, culto e amor”, a CF foi realizada em 91 dioceses.
As três fases históricas
A história da Campanha da Fraternidade pode ser dividida em três fases. Na primeira, de 1964 a 1972, os temas da CF são mais voltados para a renovação interna da Igreja, e refletem o processo iniciado com o Concílio Vaticano II. Entre 1973 e 1984, a CF passa a ter uma preocupação maior com a realidade social da população brasileira. A partir de 1985, após a abertura democrática, a Campanha da Fraternidade se volta para os grandes desafios enfrentados pelos brasileiros em busca de construir uma sociedade mais justa, solidária e fraterna.
Uma campanha de Evangelização
Engana-se quem vê a CF apenas como ação de solidariedade. Não apenas por ser realizada na Quaresma, mas por sua proposta de conversão cristã, a Campanha da Fraternidade é uma campanha de Evangelização. Como explica o Texto-base da CF 2024: “A CF tem clara consciência de ser uma campanha quaresmal – e assim foi desde o começo – que une em si as exigências da conversão, da oração, do jejum e da esmola vividas na linha de uma questão humana e social relevante para o país como um todo”.
A CF é sempre realizada na Quaresma
Realizada por todas as dioceses do Brasil, sob a coordenação da CNBB, a Campanha da Fraternidade sempre acontece no período da Quaresma. Ela tem início na Quarta-feira de Cinzas e se estende até o Domingo de Ramos (o domingo anterior à Páscoa), quando, em todas as paróquias, é feita a Coleta da Solidariedade, um gesto concreto de doação destinado a atender as obras sociais e ações da Igreja que estejam relacionadas ao tema da Campanha naquele ano.
Objetivos permanentes
De acordo com o site da CNBB, a Campanha da Fraternidade tem três objetivos permanentes: “Despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em particular, os cristãos na busca do bem comum; educar para a vida em fraternidade, a partir da justiça e do amor, exigência central do Evangelho; e renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja na evangelização em vista de uma sociedade justa e solidária (todos devem evangelizar e todos devem sustentar a ação evangelizadora e libertadora da Igreja)”.
Subsídios e apoio pontifício
As Campanhas da Fraternidade são marcadas por um tema anual e um lema, que orientam as reflexões e ações da Igreja. Desde 1967, a CNBB passou a redigir um subsídio mais completo para a CF – que hoje é caracterizado pelo Texto-base – e a realizar encontros nacionais e regionais de preparação. Desde 1970, as campanhas recebem também apoio pontifício, com uma mensagem do Papa dirigida especialmente a essa iniciativa da Igreja no Brasil.
Ver, julgar e agir
A metodologia adotada no principal subsídio da Campanha da Fraternidade, o Texto-base, é a do “Ver, julgar e agir”. Primeiro, o tema da CF é apresentado no contexto social, político e econômico, com o apoio de informações, estudos e pesquisas. Em seguida, é feita uma análise e reflexão sobre o tema à luz do Evangelho. Por fim, são feitas as propostas concretas para que o cristão possa agir no intuito de modificar aquela situação, em um processo de conversão pessoal, comunitária e social.