O trabalho foi apresentado no dia 7 de dezembro, em Roma, Itália, na sede da União Internacional das Superioras Gerais (UISG).
O evento foi organizado pela Good Shepherd International Foundation Onlus, VIDES International ONG, Fundações Combonianas no Mundo e RNDM International Mission Development Office, com a colaboração da União International das Superioras Gerais.
Madre Chiara Cazzuola, superiora geral do Instituto das FMA, esteve no evento. Além dela também participaram: a irmã Runita Borja, conselheira do Âmbito da Pastoral Juvenil, a Madre-geral emérita, irmã Yvonne Reungoat, e a irmã Annecie Audate, FMA, diretora-geral do VIDES Internacional.
Efeitos negativos da pandemia
Desde quando o mundo foi atingido pela pandemia da Covid 19, em março de 2020, estima-se que mais de 110 milhões de estudantes abandonaram as escolas nos países em desenvolvimento.
Os efeitos negativos da pandemia afetaram as pessoas com diversa intensidade, com maiores repercussões sobre as faixas sociais e nos países mais vulneráveis. Estima-se que fechamentos e restrições forçaram milhões de meninas nas nações menos desenvolvidas a abandonar a escola e muitas delas nunca mais voltaram, ficando expostas ao risco de matrimônios precoces e de outras formas de violência e exploração.
Diante de tal situação crítica sem precedentes, estas quatro congregações religiosas internacionais femininas continuaram na sua missão de proteger os mais fracos, tutelar e garantir os direitos especialmente das mulheres, jovens e crianças.
A pesquisa
O relatório How are the Girls? A study on the Rights of Girls in six countries during the Covid-19 Pandemic (Como estão as meninas? Um estudo sobre os Direitos das Meninas em seis países durante a Covid-19 pandêmica) é fruto desse empenho constante para reduzir o impacto social e educativo da pandemia, principalmente nas meninas entre 10 a 20 anos.
Durante um ano, as quatro congregações coletaram dados em seis países para estudar precisamente os efeitos do impacto da Covid-19 sobre as condições de vida e a respeito dos direitos das meninas de algumas comunidades entre as mais vulneráveis no Quênia, Sudão do Sul, Índia, Nepal, Equador e Peru.
Os resultados que surgiram da pesquisa - coordenada por uma equipe de pesquisadores da Universidade La Sapienza de Roma, orientada pelo professor Maurizio Franzini, diretor da Escola de Doutorado em Economia de La Sapienza, e apoiada pela especialista de direitos das meninas, doutora Mathilde Gutzenberger -, serão fundamentais para orientar os planos futuros das congregações religiosas envolvidas, sobretudo, no campo da educação e da proteção e promoção dos direitos das meninas e adolescentes.
Este trabalho é um primeiro importante passo para a criação de um observatório permanente e sistemático para monitorar a situação das faixas mais vulneráveis e muitas vezes marginalizadas da população, como as meninas; e para chamar a atenção da sociedade a importantes questões humanitárias.
O objetivo da iniciativa é desenvolver e reforçar as ações conjuntas de advocacia entre as congregações femininas no campo da educação e proteção das adolescentes, a fim de aumentar sua influência nas políticas públicas.
Empenho conjunto
Irmã Alessandra Smerilli, FMA, secretária do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano, participou remotamente do evento e expressou satisfação com a pesquisa e, sobretudo, com a rede que se criou, formada por: “pessoas apaixonadas que trabalharam juntas”, sinal de um empenho conjunto entre congregações, significativo também para o seu Dicastério.
Irmã Alessandra sublinhou a importância de “começar com pesquisas em que se mostram os dados”, pois “não pode haver programação e ação eficaz sem uma base de coleta de dados de maneira sistemática e rigorosa”. A religiosa destacou também como o trabalho em rede é fundamental para tornar visível o que de outro modo permaneceria invisível.
Os próximos passos
Na conclusão do evento, Elisabetta Murgia, membro da equipe de coordenação do projeto e Program Manager do VIDES Internazional, destacou que entre as muitas necessidades que surgiram durante a fase de coleta de dados, dois resultados são particularmente relevantes e significativos: a falta de acesso à tecnologia e os problemas, sempre mais estendidos, ligados à saúde mental.
Por isso, as quatro congregações decidiram continuar trabalhando colaborativamente para dar respostas concretas às adolescentes em torno dessas duas necessidades que surgiram com força após a pandemia.
Entre os próximos passos identificados nos seis países estão: um novo estudo qualitativo sobre fossos digitais - a distância entre aqueles que têm acesso efetivo às tecnologias da informação -, a atualização de equipamentos tecnológicos, a formação sobre o uso seguro das plataformas on-line e o projeto de um programa para a saúde mental das adolescentes.
Colaborações como essas tornam visíveis e incentivam o trabalho em sinodalidade, abrem os horizontes a novos caminhos para a tutela e o empoderamento das adolescentes e valorizam o trabalho de muitos religiosos e organizações que cada dia despendem dos direitos das categorias mais vulneráveis.
Fontes: Portal das FMA com VIDES e UISG