“O que pensam e fazem os educadores que trabalham com jovens nas obras do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora?”. Essa foi a intenção da pesquisa que aprofundou a forma como os educadores vivem o método educacional salesiano (chamado “Sistema Preventivo”), para compreender a visão da pessoa, o que os motiva e como atuam em conjunto.
Vivacidade, variedade, mas, ao mesmo tempo, unitariedade de um só modelo educativo salesiano nos cinco continentes: é o resultado de uma pesquisa realizada sobre os educadores que, em todo o mundo, trabalham com jovens nas obras do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora.
Coordenada por um grupo de docentes e pesquisadoras da Pontifícia Faculdade de Ciências da Educação Auxilium, a pesquisa foi apresentada na terceira sessão do congresso sobre “Contribuição das FMA para a educação (1872-2022). Percursos, desafios e perspectivas”, organizado por ocasião do sesquicentenário da fundação do instituto das religiosas.
Através de encontros on-line, guiados por duas mediadoras, foram constituídos 72 focus group envolvendo 410 entrevistados de 72 países dos cinco continentes entre janeiro e março de 2022.
“A intenção do projeto foi sintetizada numa pergunta: o que pensam e fazem os educadores que trabalham com jovens nas obras do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora?”, explica a irmã Enrica Ottone, professora de Pedagogia Social e Experimental e coordenadora da pesquisa.
De acordo com a irmã Enrica, o objetivo da investigação foi aprofundar a forma como os educadores vivem o método educacional salesiano (chamado “Sistema Preventivo”), compreender a sua visão da pessoa, o que os motiva e como atuam em conjunto.
O educar deve ser conquistado
Às cinco perguntas formuladas, os educadores deram mais de três mil respostas (em dez línguas, depois reduzidas a três), codificadas graças a um software para a análise qualitativa e os métodos mistos de pesquisa.
«O educar não é dado, continua a irmã Enrica Ottone, mas deve ser conquistado. A pesquisa revelou o dinamismo dos educadores, inclusive em contextos não-cristãos».
Um dado comum foi também a consciência da centralidade da formação dos educadores: «Tornar-se cada vez mais competente na educação requer um longo tempo e uma aprendizagem experimental». Foi também reiterada a importância da presença constante e ativa do educador entre os jovens, que deve promover o crescimento integral.
Os principais desafios para o futuro referem-se à formação dos educadores, particularmente nos aspetos pedagógicos e a inculturação. “As tendências que emergiram motivam a dar início a uma segunda pesquisa neste campo, para observar em detalhes a ação educativa e explorar a realidade, aliás as realidades, das palavras partilhadas e ouvidas”, conclui a irmã Enrica Ottone.
A história de 150 anos de congregação
As Filhas de Maria Auxiliadora são hoje quase 11 mil em todo o mundo e dedicam-se à educação humana e cristã dos jovens, com especial atenção às mulheres. A congregação religiosa, nascida da espiritualidade de São João Bosco e da iniciativa de Santa Maria Domingas Mazzarello, trabalha em contextos multiculturais e multirreligiosos em 97 nações nos cinco continentes.
Iniciada como parte do movimento em curso para sustentar o Pacto educativo global lançado pelo Papa Francisco em 2019, o congresso que celebra os 150 anos da congregação começou a 25 de setembro e concluiu-se no dia 30.
As três sessões de trabalho se beneficiaram de contribuições de relatores de proveniência internacional, como Quentin Wodon, chefe do departamento de educação do Banco Mundial, e a irmã Alessandra Smerilli, secretária do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.
Olhando para mais de um século de história das religiosas ao serviço da educação, durante a primeira sessão de 26 de setembro, foi recordada a experiência de algumas missionárias, «superioras sagazes e corajosas, pioneiras de obras em expansão». De quem passou longos anos de trabalho forçado em campos de concentração para religiosas sob o regime comunista na Eslováquia (Maria Czerna) até a quem promoveu o papel dos pobres na Índia e das mulheres (Nancy Pereira), todas deram provas de resistência inoxidável, mostrando diversas facetas de uma única vocação educativa.
Fonte: Beatrice Guarrera - Vatican News