“Meu avô me apresentou aos jogos olímpicos quando eu tinha 5 anos. Em 1992, nos Jogos de Barcelona, ele não estava mais do meu lado. Após a sua morte, passei a acompanhar cada edição pensando na possibilidade de viver tudo aquilo de perto e lembrando sempre da presença dele ao meu lado”, afirma.
Tendo estudado boa parte da vida em escolas católicas, Leandro chegou à sala de aula após uma trajetória de labor, fé e humildade, em que precisou se desdobrar em diferentes empregos como auxiliar de serviços gerais, porteiro, rebobinador, atendente de lanchonete e auxiliar administrativo, conciliando alguns desses trabalhos com os estudos na universidade.
Formou-se em licenciatura plena em Ciências da Religião pela Universidade do Estado do Pará. A princípio, ele queria apenas ter um curso superior, para acrescentar ao currículo e melhorar suas condições no mercado, mas, ao longo do curso, foi se encontrando e se percebendo no lugar certo. A certeza definitiva veio quando começou a estagiar em uma sala de aula: “Foi a melhor experiência de minha vida”, destaca.
Projeto de vida
Educador salesiano há quatro anos, Leandro busca mostrar aos alunos as diferentes manifestações da religiosidade à sua volta e vê o esporte como um meio que se relaciona muito bem com o Ensino Religioso: uma forma de trabalhar valores como amizade, respeito e zelo pelo próximo. Outro ponto de interseção com o esporte está na lida com estudantes que querem ser atletas e professores de Educação Física. Leandro procura ajudar esses meninos e meninas a pensarem e concretizarem um projeto de vida. “Dentro do Projeto de Vida, eles podem traçar os meios para realizarem seus sonhos, tornando-os objetivos”, ressalta.
Enquanto fala aos alunos sobre sonhos, Leandro se prepara para realizar o seu: ser voluntário das Olimpíadas Rio 2016 e condutor da tocha olímpica em sua passagem por Belém, marcada para o dia 15 de junho. A escolha do seu nome se deu no site do banco Bradesco, um dos patrocinadores dos Jogos Olímpicos.
Quem o indicou foi uma ex-aluna salesiana, Anna Lelis, que, comovida com a história de vida do educador, enviou um texto para o site do concurso enumerando as razões por que ele deveria ser condutor da tocha. “Leandro é um cara simples, respeitador e inspirador. Passou por muitos momentos difíceis na vida, mas teve força e coragem para superá-los. Ele merece esse momento único e histórico”, afirma Anna.
O grande dia está chegando. Enquanto isso, Leandro se dedica aos treinamentos. “A preparação física”, ele conta, “é caminhar e correr, todas as manhãs”. Já a espiritual é manter a mente tranquila e agradecer todos os dias a Nossa Senhora de Nazaré, de quem ele é devoto, pela oportunidade.