Em um primeiro momento, o conselho “Procura fazer-te amar” foi dirigido por Dom Bosco a seu sucessor, o padre Rua, e aos diretores. Depois, graças ao exemplo e aos ensinamentos de Dom Bosco, tornou-se uma mensagem destinada, junto com o sistema preventivo, a “assegurar no tempo a verdadeira identidade do espírito salesiano e a genuína metodologia da práxis educativo-pastoral” salesiana (Pe. Egídio Viganò).
Os ex-alunos de Valdocco estavam convictos de que Dom Bosco tinha recebido de Deus em grau supremo o dom de fazer-se amar. Entre os numerosos testemunhos, o mais autorizado é o do padre Paulo Álbera, seu segundo sucessor: “É preciso dizer que Dom Bosco nos amava de modo único, totalmente seu: nós sentíamos um fascínio irresistível. Eu sentia que era amado de um modo jamais experimentado anteriormente, singularmente, superior a qualquer afeto, que envolvia a todos e de modo abrangente, como numa atmosfera de contentamento e de felicidade... E não podia ser de outro modo, pois de todas as suas palavras e ações emanava a santidade da união com Deus que é perfeita caridade. Ele nos atraía a si pela plenitude do amor sobrenatural que lhe incendiava o coração. Desta atração singular brotava a ação conquistadora dos nossos corações. Nele os múltiplos dons naturais se tornavam sobrenaturais pela santidade de sua vida” (Pe. Álbera, Cartas Circulares, p. 372-274).
O padre Álbera atingiu e captou em profundidade o espírito, vivificado pelo dom da graça de Deus, com o qual Dom Bosco amava os jovens, colocando-se a serviço da formação humana e cristã deles. Ele se expressava numa presença ativa e paterna, impregnada de afeto, de respeito, de solicitude e de benevolência; numa palavra, de “amorevolezza” (bondade). Esta palavra, junto com a razão e a religião, constitui um dos três pilares do sistema preventivo.
A respeito dos ensinamento de Dom Bosco, baste uma referência à sua Carta de Roma, do dia 10 de maio de 1884, na qual ele insistia sobre a urgência de recuperar em Valdocco, com o saber “fazer-se amar”, o antigo espírito de família entre superiores e jovens. Isto resulta também do aflito apelo final do escrito: “Sabeis o que deseja de vós este pobre velho que consumiu a vida por vós, caros jovens? Nada mais do que, respeitadas as devidas proporções, retornem os dias felizes do antigo oratório: os dias do amor e da confiança cristã entre jovens e superiores, os dias do espírito de condescendência e tolerância de uns para com os outros, por amor de Jesus Cristo, os dias dos corações abertos com toda simplicidade e candor, os dias da verdadeira caridade e alegria de todos. Preciso que me consoleis, dando-me a esperança e a promessa de que fareis tudo o que desejo para o bem de vossas almas”.
O apelo de Dom Bosco não foi esquecido por seus filhos. As Constituições renovadas recordam que sua experiência espiritual e apostólica realizada em Valdocco permanece para os salesianos como critério permanente de discernimento e de renovação (Const. 40). Por isso, a ação educativa e pastoral do salesiano “não apela para pressões, mas para as fontes da inteligência, do coração e do desejo de Deus, que cada homem traz nas profundezas de seu ser. Associa educadores e jovens numa única experiência de vida, em clima de família, de confiança e de diálogo” (Const. 38). Esta práxis metodológica comporta, portanto, uma presença ativa e amigável com os jovens, feita de simpatia e vontade de envolvê-los no seu processo educativo.
O Capítulo Geral 27
Em continuidade dinâmica com o passado, mas aberto ao confronto com as novas situações do nosso tempo, o CG27, celebrado em Roma de 22 de fevereiro a 12 de abril de 2014, tinha como tema “Testemunhas da radicalidade evangélica. Trabalho e Temperança”. Propôs esta meta aos salesianos:
1) Viver como Dom Bosco, em diálogo com o Senhor.
2) Caminhar juntos, movidos pelo Espírito.
3) Fazer experiência de vida fraterna, como em Valdocco.
4) Tornar-se disponíveis à projetualidade e à participação.
5) Em saída para as periferias.
6) Para tornar-se sinais proféticos a serviço dos jovens, preparando-os para “trabalhar na sociedade segundo o espírito do Evangelho, como agentes de justiça e de paz, e a viver como protagonistas na Igreja” (Papa Francisco).
Tradução: Padre Angelo Dante Biz, SDB.