Um dos modos concretos para sermos bons cristãos é ajudarmos a propor, discutir e executar políticas públicas. Vivemos num mundo marcado pelo individualismo que gera isolamento, indiferença e acentua o ódio e a divisão. Nesta ótica, a pessoa quer realizar seus desejos, independentemente dos que estão à sua volta. Talvez seja por isso que vemos no nosso país tanta coisa errada, tanta corrupção, tanta falta de preocupação com as “coisas públicas”.
E a Campanha deste ano quer nos levar a refletir e a vivenciar as políticas públicas, que nos influenciam diretamente como cidadãos. Ancorada em Dom Bosco, a Família Salesiana deseja se unir a todos aqueles cidadãos e cidadãs que lutam para que nossa população possa ter melhores condições de vida.
Dom Bosco, no seu tempo, não ficou apenas olhando de longe a situação em que viviam os jovens pobres e abandonados de Turim, mas procurou responder a esse desafio “com os olhos de Deus”, como diz o Papa Francisco, se lançando num trabalho de promoção integral dos jovens, envolvendo todas as forças vivas da sociedade de então. Não teve medo de entrar nos palácios para buscar recursos para os seus jovens.
No Brasil, salesianos e salesianas, principalmente através da RSB-Social, procuraram seguir os passos do Pai e Mestre da Juventude. São muitas obras que participam ativamente de Conselhos e de organismos estatais, procurando dar sua contribuição e influenciando nas políticas públicas, principalmente no que se refere à educação e à formação integral de crianças, adolescentes e jovens. Tudo isso está refletido nas páginas deste Boletim.
A CF nos ajuda a perceber e entender as políticas públicas como ações de misericórdia. O documento da Campanha diz que “participar das discussões e execução das políticas é ajudar a construir uma verdadeira fraternidade e resgatar a dignidade de irmãos e de irmãs”. E acrescenta: “é tarefa de todo o cristão participar na elaboração e concretização de ações que visem melhorar a vida de todas as pessoas. Fazer obras de misericórdia!”
Neste sentido, é muito interessante ler o artigo “Educar para fé numa sociedade marcada pelo individualismo”, da Ir. Márcia Koffermann. Ela diz que “ser pessoa significa viver e estar em relação. Essa noção de ser pessoa como ser relacional vai contra qualquer forma de individualismo”. Cremos que, com a nossa participação como cristãos nas políticas públicas, podemos criar este novo modelo de viver a dimensão política como obra de misericórdia e ao mesmo tempo como uma maneira concreta de vivenciar um novo humanismo. Um humanismo bem salesiano! Pois, como dizem as Constituições dos Salesianos, acolhemos os valores do mundo, evitamos nos lamentar do tempo presente e valorizamos tudo o que é bom, especialmente aquilo que agrada aos jovens.
“O Filho de Deus nos convidou para a revolução da ternura”, diz o Papa Francisco. Seja este convite o nosso modo concreto para viver, nesta Quaresma, o que afirma o Profeta Isaías: “serás libertado pelo direito e pela justiça”.