Como explicar para uma criança internada o que é uma anestesia, punção, picc ou biópsia? Repensar a assistência humanizada e aliviar a dor foi a inspiração do ‘Brinquedo Terapêutico’, um projeto que por meio do lúdico leva confiança e amor.
A aluna de Enfermagem da Católica de Vitória Centro Universitário, Poliana Rosalém, conseguiu preparar os pacientes recém-admitidas no setor oncológico do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória para os procedimentos do tratamento. Utilizando uma boneca, conseguia explicar e simular o que seria realizado. Dessa forma, as crianças eram envolvidas no processo e tinham um momento de descontração em que colocavam em prática o que aconteceria logo em seguida, como curativos, soro, cateter, entre outros.
Para a acadêmica, além da assistência humanizada e do cuidado, a abordagem transmita confiança. “Até o doloroso é para cuidar. Com o boneco consegui que as crianças entendessem a necessidade da intervenção naquele momento. Quando você sabe o que vai acontecer, ainda que sinta dor por ser invasivo, elas ficam mais confiante. Além da nova rotina no ambiente hospitalar, da saudade da família e dos amigos, tudo é muito novo para eles e os deixam assustados. Por isso, o brinquedo terapêutico se tornava um amigo que está passando pela mesma situação”.
A ideia surgiu em uma visita técnica ao Hospital Getúlio Vargas, em São Paulo, quando conheceu a boneca Marina, criada pela enfermeira Marina que passou a utilizar o brinquedo, a fim de explicar para as crianças o que iria acontecer no processo cirúrgico. A iniciativa fez tanto sucesso que toda a pediatria adotou a boneca antes dos procedimentos.
De acordo com a professora Lívia Bedin, orientadora do projeto, a boneca levou esperança e diminuiu o sofrimento. “Por ano, o setor de oncologia recebe cem novas crianças com problemas hematológicos. Esse trabalho ajuda tanto o profissional da equipe quanto o paciente e sua família. Durante o processo de hospitalização são realizadas diversas intervenções por muitos meses e as crianças ficam fragilizadas e sensibilizadas. A partir do momento que iniciamos, percebemos que elas ficavam menos estressadas, tinham reação melhor pós-procedimento e conseguiam se acalmar mais”.
O Projeto de Extensão e Iniciação Científica ‘Brinquedo Terapêutico’ foi premiado na Semana de Enfermagem do Conselho Regional de Enfermagem do ES- Coren. Além disso, o Hospital Infantil tem interesse isso se torne parte da rotina hospitalar.
Fonte: Maria Luiza Damiani – Católica de Vitória