Tanto Francisco de Sales como Dom Bosco se afastam da ideia de que a pessoa é um ser condenado ao fracasso, à solidão e à morte. Na sua visão humanista, eles dão um valor positivo ao corpo. Dom Bosco desenvolveu uma espiritualidade que valoriza o espírito de família, a alegria, o esporte, a música, o trabalho, a comunicação, os passeios.
Francisco de Sales dizia que “nossos corpos são necessários para as boas obras, formam parte de nossa pessoa e participarão de nossa felicidade eterna”. Há de ser, portanto, objeto de estima e de respeito e, consequentemente, “o cristão deve amar o seu corpo como imagem vivente do Salvador, encarnado, como saído do mesmo tronco do seu e, por conseguinte, unido a Ele com laços de parentesco e consanguinidade”. Como diz o padre Mendonça, “em Jesus de Nazaré, encontramos uma nova compreensão do corpo”.
Somos chamados, então, a desbloquear, desintoxicar, desprogramar muito dessas ideias sobre o desprezo pelo corpo, a recusa do mundo, a miséria do homem. Um chamado a inverter esse quadro, a substituí-lo por uma visão positiva, rica, atraente, otimista: nascemos para sermos felizes, ajudando os outros a sê-lo. Desta forma, como diz o padre Mendonça, “o corpo não é uma prisão da alma, mas o caminho de nossa plenitude quando tudo fazemos para a maior glória de Deus”. E como diz Francisco de Sales, alguns castigam o corpo, mas não corrigem o coração.
Nas suas “Conversas espirituais”, São Francisco de Sales diz que “mostraremos ao próximo nosso amor procurando fazer o melhor bem para sua alma e para seu corpo, orando por ele e servindo-o de coração em todas as ocasiões. O amor que se reduz a belas palavras não é aquele com o qual Jesus Cristo nos amou. Ele não se limitou a dizer-nos que nos amava, foi além, fazendo tudo quanto já sabemos que fez para provar-nos o seu amor”.