Seis cidades registraram atos já no dia 6 de setembro, como é o caso de Manaus no qual cerca de 3 mil pessoas caminharam até a Ponto do Rio Negro, local simbólico para aqueles que defendem a vida dos povos da floresta. Dom Sérgio Castriani, arcebispo de Manaus caminhou ao lado de crianças, religiosos, mulheres, migrantes e jovens até a ponte.
Na capital pernambucana, o arcebispo de Olinda e Recife, PE, dom Antônio Fernando Saburido, e seu bispo auxiliar e referencial para a Comissão para a Ação Sociotransformadora do Regional Nordeste 2 da CNBB, dom Limacêdo Antonio, foram à concentração do ato na praça do Derby, na abertura do ato.
No Santuário de Aparecida, SP, o já tradicional ato começou às margens do rio onde a imagem da padroeira do Brasil foi encontrada em 1717, no Porto de Itaguaçu. Cerca de 130 mil pessoas participaram do ato. Ali, há 25 anos, iniciava o Grito dos Excluídos, realizado sempre em conjunto com a Romaria dos Trabalhadores, em sua 32ª edição.
O lema do grito foi “Este sistema não Vale! Lutamos por justiça, direitos e liberdade”. A Romaria reforçou a relação de Nossa Senhora com os trabalhadores, com o tema “Mãe Aparecida, a classe trabalhadora clama por justiça e direitos”.
Participação cidadã – Na abertura, o bispo de Jales, SP, e membro da Comissão Episcopal Pastoral para Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom José Andrieta, agradeceu a dom Orlando Brandes, arcebispo de Aparecida, igreja que acolhe permanentemente evento.
O bispo de Jales reforçou a necessária participação cidadã nos rumos da sociedade tendo em vista um aprimoramento da democracia. “É a radicalidade da plenitude da participação cidadã na sociedade. O que há de errado na participação dos cidadãos?”, perguntou.
A CNBB, segundo o membro da Comissão para a Ação Sociotransformadora, propõe a participação dos setores excluídos da sociedade. “Estamos vendo setores já excluídos de nossa sociedade serem muito mais lesados em seus direitos. Isto significa perder condições de vida. Nós estamos não no progresso, mas vendo retrocessos”, disse.
Segundo o religioso, a ordem dos valores está invertida e a vida humana, dos trabalhadores e trabalhadoras, não está em primeiro lugar. “O que importa é o bem comum, o que importa são as condições dignas de vida para todos. Não os interesses particulares”, apontou.
O bispo disse que é desejo da Igreja que os valores do Evangelho se façam presentes em toda a realidade desde as relações pessoais à organização social. “É necessário pensar um projeto social, baseado no diálogo, que desfaça as polaridades e divisões” .
Em Aparecida, SP, o Grito e a Romaria, que reuniram participantes de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, chamaram a atenção para as tragédias/crimes como de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais, que se sucedem, soterrando vidas e histórias, o solo, os rios e as florestas.
O ato começou às 6h30, com concentração em Porto de Itaguaçu, onde foi encontrada, em 1717, a imagem de Nossa Senhora. Às 7h50, teve o início da caminhada até o Santuário, com o grupo refletindo sobre a realidade dos trabalhadores no país. Às 9h10 foi a realização propriamente dita do Grito, na Tribuna Papa Bento XVI, seguida da Missa dos romeiros trabalhadores na Basílica – Santuário de Aparecida, às 10h30.
O Grito dos Excluídos foi idealizado inicialmente pela CNBB, em 1995, através das pastorais sociais. Na edição deste ano, o ato reforça o tema da primeira edição do evento: “A vida em primeiro lugar”.