A beleza da missão: canal da fraternidade

Terça, 24 Janeiro 2017 16:31 Escrito por  Augusto Rodrigues de Souza
A beleza da missão: canal da fraternidade O salesiano Augusto em Moçambique
Entre os participantes da 147ª expedição missionária está o salesiano Augusto Rodrigues de Souza, de Manaus, AM, que agora é missionário em Moçambique, na África.

Desde minha adolescência, as experiências eclesiais nas quais fui formado me impulsionavam para a alegria de partilhar a fé e servir os colegas: as aulas de reforço na escola, o grupo de coroinhas e jovens missionários na paróquia, a direção espiritual e acompanhamento pessoal com salesianos.

 

Com a entrada no seminário salesiano, na etapa do pré-noviciado; todos os sábados, antes da reunião comunitária, assistíamos a um dos DVD’s produzidos pela Missione Don Bosco sobre alguma realidade missionária de nossa congregação. Esse gesto simples, vivido comunitariamente, e a minha afeição pessoal pela realidade da missão foram como aproximar faíscas da pólvora. Ainda no pré-noviciado disse ao meu diretor espiritual: “Quero ser missionário!”.

 

A prudência dos superiores e dos formadores levou-me a viver belos anos de formação inicial (noviciado, pós-noviciado e assistência) tendo como pano de fundo o desejo e o discernimento da vocação missionária ad gentes (realizada fora do país de origem do missionário). Para mim, o ser missionário ad gentes nada tinha a ver com “fugir” do duro trabalho da minha inspetoria. Colocar-me à disposição do reitor-mor (e isto implicava inclusive receber um 'não' como resposta, sendo eu de uma inspetoria com uma realidade missionária muito necessitada) aos meus olhos significa ser fiel à nossa vocação missionária como salesianos da Amazônia e, de alguma forma, ser um dos muitos frutos autóctones da semente plantada em nossa inspetoria.

 

Preparação

Em 2015, ano do Bicentenário do Nascimento de Dom Bosco e do centenário da presença salesiana na Amazônia, escrevi a carta de disponibilidade, respondida no dia 8 de dezembro do mesmo ano com a indicação de que eu e um irmão do Nordeste, José Wilker, deveríamos ir a Roma para um período de preparação na comunidade das Catacumbas de São Calisto.

 

As ricas experiências de Igreja e da internacionalidade da congregação serviram realmente como preparação ao envio missionário. Perto dessa comunidade existe a pequena capela chamada de Dominus Quo Vadis?, a pergunta em latim remonta à tradição de que Pedro, fugindo de Roma para escapar do martírio, encontra Jesus ressuscitado que, ao contrário dele, entra na cidade. Pedro o interroga: Senhor, aonde vais? E Jesus lhe responde: Vou a Roma, para ser crucificado de novo! Todos os dias eu ia até aquela igreja e imaginava Pedro que me perguntava: Augusto, aonde vais abraçar tua cruz missionária?

 

Em junho de 2016, recebi a resposta: a obediência para ir a Moçambique, na África Oriental. Em setembro participamos, junto com 18 irmãos, do curso para novos missionários, em uma preparação imediata ao envio da 147ª expedição missionária salesiana, celebrada no dia 25 de setembro de 2016.

 

A missão é multidirecional

Eu segui para Moçambique, enquanto dois irmãos seguiram para Manaus... a missão é multidirecional! Agora Manaus tem dois novos irmãos! Agora Manaus tem um irmão do outro lado do mundo: partilhando a fé e a beleza do carisma salesiano. As nossas irmãs salesianas vivem o mesmo processo, e lá mesmo na Basílica de Maria Auxiliadora, no mesmo dia e na mesma missa, a Ir. Mônica (FMA) recebia sua cruz missionária. Nos meus tempos de aluno do Colégio Dom Bosco, ela já era freira e agora partilhávamos juntos do mesmo envio do Senhor.

 

Estou em Moçambique há apenas um mês. O ano de 2016 passou tão rápido e foi recheado de tantas experiências profundas: Jubileu da Misericórdia, canonização de Madre Teresa etc... ainda estou a aterrissar e me sentir em casa no lugar onde a Virgem Auxiliadora me aponta como “teu campo onde deves trabalhar!”.

 

A Visitadoria de Moçambique é pequena em número de irmãos. Somos oito comunidades no país, repleto de riquezas humanas, culturais e naturais; mas ainda muito marcada pela guerra e por sistemas políticos que impediram o seu justo desenvolvimento. Aos poucos chega “o progresso”, e com ele todos os sinais positivos e limites. Jovens, temos aos milhares... trabalho não falta... vocações são urgentes!

 

O povo, alegre e acolhedor, carrega nos olhos o sacrifício do trabalho extenuante para sobreviver e, no largo sorriso, a alegria de celebrar e a confirmação daquilo que Jesus disse: os pobres é que são felizes, porque o Reino é deles! Em um mês, entre uma palavra e outra de changana, aprendi que o importante não é tanto o que eu faço, pois não vim salvar o mundo. O importante é quem sou, e sou um amazônico, portador de uma cultura, que quer SER um santo salesiano, SER irmão dos nossos 60 salesianos da Visitadoria e do povo, SER pai, mestre e amigo dos jovens, SER presença e sinal do amor de Deus.

 

Fico feliz, irmãos, que estejamos juntos, partilhando a missão. Agora temos uma ponte que liga nossos corações da Amazônia a Moçambique, e nela está escrito: Da mihi animas cetera tolle!

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Última modificação em Quarta, 25 Janeiro 2017 15:35

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A beleza da missão: canal da fraternidade

Terça, 24 Janeiro 2017 16:31 Escrito por  Augusto Rodrigues de Souza
A beleza da missão: canal da fraternidade O salesiano Augusto em Moçambique
Entre os participantes da 147ª expedição missionária está o salesiano Augusto Rodrigues de Souza, de Manaus, AM, que agora é missionário em Moçambique, na África.

Desde minha adolescência, as experiências eclesiais nas quais fui formado me impulsionavam para a alegria de partilhar a fé e servir os colegas: as aulas de reforço na escola, o grupo de coroinhas e jovens missionários na paróquia, a direção espiritual e acompanhamento pessoal com salesianos.

 

Com a entrada no seminário salesiano, na etapa do pré-noviciado; todos os sábados, antes da reunião comunitária, assistíamos a um dos DVD’s produzidos pela Missione Don Bosco sobre alguma realidade missionária de nossa congregação. Esse gesto simples, vivido comunitariamente, e a minha afeição pessoal pela realidade da missão foram como aproximar faíscas da pólvora. Ainda no pré-noviciado disse ao meu diretor espiritual: “Quero ser missionário!”.

 

A prudência dos superiores e dos formadores levou-me a viver belos anos de formação inicial (noviciado, pós-noviciado e assistência) tendo como pano de fundo o desejo e o discernimento da vocação missionária ad gentes (realizada fora do país de origem do missionário). Para mim, o ser missionário ad gentes nada tinha a ver com “fugir” do duro trabalho da minha inspetoria. Colocar-me à disposição do reitor-mor (e isto implicava inclusive receber um 'não' como resposta, sendo eu de uma inspetoria com uma realidade missionária muito necessitada) aos meus olhos significa ser fiel à nossa vocação missionária como salesianos da Amazônia e, de alguma forma, ser um dos muitos frutos autóctones da semente plantada em nossa inspetoria.

 

Preparação

Em 2015, ano do Bicentenário do Nascimento de Dom Bosco e do centenário da presença salesiana na Amazônia, escrevi a carta de disponibilidade, respondida no dia 8 de dezembro do mesmo ano com a indicação de que eu e um irmão do Nordeste, José Wilker, deveríamos ir a Roma para um período de preparação na comunidade das Catacumbas de São Calisto.

 

As ricas experiências de Igreja e da internacionalidade da congregação serviram realmente como preparação ao envio missionário. Perto dessa comunidade existe a pequena capela chamada de Dominus Quo Vadis?, a pergunta em latim remonta à tradição de que Pedro, fugindo de Roma para escapar do martírio, encontra Jesus ressuscitado que, ao contrário dele, entra na cidade. Pedro o interroga: Senhor, aonde vais? E Jesus lhe responde: Vou a Roma, para ser crucificado de novo! Todos os dias eu ia até aquela igreja e imaginava Pedro que me perguntava: Augusto, aonde vais abraçar tua cruz missionária?

 

Em junho de 2016, recebi a resposta: a obediência para ir a Moçambique, na África Oriental. Em setembro participamos, junto com 18 irmãos, do curso para novos missionários, em uma preparação imediata ao envio da 147ª expedição missionária salesiana, celebrada no dia 25 de setembro de 2016.

 

A missão é multidirecional

Eu segui para Moçambique, enquanto dois irmãos seguiram para Manaus... a missão é multidirecional! Agora Manaus tem dois novos irmãos! Agora Manaus tem um irmão do outro lado do mundo: partilhando a fé e a beleza do carisma salesiano. As nossas irmãs salesianas vivem o mesmo processo, e lá mesmo na Basílica de Maria Auxiliadora, no mesmo dia e na mesma missa, a Ir. Mônica (FMA) recebia sua cruz missionária. Nos meus tempos de aluno do Colégio Dom Bosco, ela já era freira e agora partilhávamos juntos do mesmo envio do Senhor.

 

Estou em Moçambique há apenas um mês. O ano de 2016 passou tão rápido e foi recheado de tantas experiências profundas: Jubileu da Misericórdia, canonização de Madre Teresa etc... ainda estou a aterrissar e me sentir em casa no lugar onde a Virgem Auxiliadora me aponta como “teu campo onde deves trabalhar!”.

 

A Visitadoria de Moçambique é pequena em número de irmãos. Somos oito comunidades no país, repleto de riquezas humanas, culturais e naturais; mas ainda muito marcada pela guerra e por sistemas políticos que impediram o seu justo desenvolvimento. Aos poucos chega “o progresso”, e com ele todos os sinais positivos e limites. Jovens, temos aos milhares... trabalho não falta... vocações são urgentes!

 

O povo, alegre e acolhedor, carrega nos olhos o sacrifício do trabalho extenuante para sobreviver e, no largo sorriso, a alegria de celebrar e a confirmação daquilo que Jesus disse: os pobres é que são felizes, porque o Reino é deles! Em um mês, entre uma palavra e outra de changana, aprendi que o importante não é tanto o que eu faço, pois não vim salvar o mundo. O importante é quem sou, e sou um amazônico, portador de uma cultura, que quer SER um santo salesiano, SER irmão dos nossos 60 salesianos da Visitadoria e do povo, SER pai, mestre e amigo dos jovens, SER presença e sinal do amor de Deus.

 

Fico feliz, irmãos, que estejamos juntos, partilhando a missão. Agora temos uma ponte que liga nossos corações da Amazônia a Moçambique, e nela está escrito: Da mihi animas cetera tolle!

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