Aos mortos e feridos imediatamente com a força do furacão Matthew somaram-se as vítimas da destruição de milhares de casas, pontes e outras edificações. A população atingida ainda sofre com a falta de água potável e de gêneros de primeira necessidade, além da impossibilidade de retomar seus lares, seu trabalho, suas atividades. Os danos causados pelo furacão se referem, principalmente, aos mais pobres, especialmente às crianças e aos adolescentes em idade escolar. Marc Vincent, do Unicef, disse que “são muitas as crianças sem casa, com fome, sem escola e em meio a muitos perigos”.
Segundo o Unicef, no final de novembro ainda havia no Haiti cerca de 600 mil crianças precisando de assistência humanitária, sob o risco de doenças, fome e desnutrição. Mais: as crianças estavam sem aulas, pois muitas escolas foram destruídas e outras abrigavam milhares de famílias que perderam tudo.
Os salesianos do Haiti, apoiados pelas procuradorias missionárias de todo o mundo, ajudaram e continuam ajudando a população. A maior parte do auxílio coletado por meio de doações feitas em diversos países é destinada aos programas de recuperação da população, de suas casas e de trabalho educativo com crianças e adolescentes.
Presença solidária
A presença dos missionários salesianos em Les Cayes, uma das zonas mais atingidas pelo furacão, foi fundamental para poder ajudar a população desde o início. A infraestrutura criada depois do terremoto de 2010 e a coordenação da Fundação Rinaldi permitiram que a ajuda fosse imediata e eficiente na distribuição das doações de alimentos, água e gêneros de primeira necessidade, durante todo o primeiro mês de emergência.
Os salesianos possuem um depurador de água que foi usado para disponibilizar, gratuitamente, água potável para os atingidos pelo furacão, mesmo quando parte da região sul do país ainda estava incomunicável. Houve uma grande preocupação também com o saneamento para evitar que o cólera se alastrasse pela região.
Poucos dias após a tragédia, o superior salesiano no Haiti, padre Jean Paul Mesidor, enviou um vídeo no qual explicava que a região sul estava completamente isolada do restante do país e pedia o apoio da Família Salesiana em todo o mundo. “Imaginem que ainda não terminamos de reconstruir as nossas infraestruturas, destruídas pelo terremoto de 2010! Contudo, como salesianos, estamos no lugar em que devemos estar: onde existem milhares de jovens que precisam de apoio, de uma mão amiga”, afirmava o religioso.
Esforço pela reconstrução
Após a ajuda humanitária inicial, que incluiu a distribuição de kits e a organização de um refeitório para cerca de 3.000 crianças, os salesianos dedicam o restante dos fundos coletados com as campanhas de apoio para três grandes projetos. O primeiro é a distribuição de materiais de construção para os atingidos, para que possam reformar ou reconstruir suas casas.
Outro projeto importante refere-se à produção agrícola, que foi gravemente afetada pelo furacão. Para promover o cultivo da terra e contribuir para a segurança alimentar, os salesianos previram iniciar a distribuição de sementes e ferramentas agrícolas aos cidadãos que perderam suas plantações. Cerca de 500 agricultores serão beneficiados por esse projeto, que também permitirá a continuação das atividades econômicas nas zonas selecionadas.
Por fim, há o projeto de formação, que é o foco principal da Fundação Rinaldi. O projeto inclui dois aspectos: a formação profissional intensiva para 300 jovens nos setores da construção (metalurgia, carpintaria e soldagem, entre outros); e a concessão de bolsas de estudo aos estudantes que não podem arcar com os gastos escolares.