O Minionu é realizado pelo departamento de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Durante sua história, o projeto simulou 241 comitês com temas variados. Enquanto os alunos de Relações Internacionais estruturam o evento, os alunos de Jornalismo realizam a cobertura por meio de um jornal diário, o Primal Times. A programação conta, ainda, com o suporte dos estudantes de Psicologia, que prestam assistência aos participantes. Em 2014, ao todo, somaram-se 130 voluntários da universidade. Os delegados, que são alunos do ensino médio de todo o Brasil, participam representando países, pessoas ou organizações.
A professora da RSE, Érika Gonçalves, ressalta que o Minionu acrescenta muito ao educador e faz a salesianidade transbordar. Ela lembra que os quatro dias de simulação envolvem doação intensa aos anseios dos jovens, com o objetivo de fazê-los ter a perspectiva de melhoria do mundo. “É necessário entender o mundo em que vivemos, a motivação dos nossos jovens em tentar resolver as dificuldades desse mundo. Além disso, a maioria dos alunos está ali pela primeira vez, muitos na primeira viagem. Você acaba tendo que, além de trabalhar as questões dos comitês, trabalhar o emocional, a pressão que eles sofrem, o medo de falar em público, a aceitação, a saudade da família, entre outros”, ressalta a educadora.
No projeto, estão presentes algumas peculiaridades. Dentre elas, está o fato de que aqueles que defendem delegações que têm um traje típico ou característico vão à simulação vestidos de acordo com o país representado. Os hábitos dos países também são mantidos. Por isso, membros de nações muçulmanas saem dos comitês em determinados horários, mesmo durante os debates, para orar com o rosto voltado para Meca. Aqueles países que têm maior influência religiosa dentro de sua política utilizam trechos de livros sagrados para basear suas posições. Na simulação, o delegado deve defender os interesses de sua delegação, independente do que pensam particularmente acerca do tema em questão.
O Minionu 2014 contou com novidades. Uma delas foi a expansão do comitê de imprensa, que trabalhou em plena convergência de mídias. O diretor do comitê e editor-chefe do Primal Times, Ígor Passarini, planejou a cobertura do evento em três plataformas: web, TV e impresso. Dessa maneira, o jornal conseguiu alcançar um público maior ao transitar por várias plataformas. “Neste ano, a gente está conseguindo concretizar um trabalho que se iniciou lá atrás. Acho que nós temos tudo para realizar a melhor cobertura jornalística de todas as edições do Minionu”, declarou Passarini na preparação do evento.
A aluna salesiana Luisa Gonçalves de Almeida participou, em 2014, do seu segundo ano como repórter do Primal Times. Ela cobriu o CPAR 2007 (Conferência de Paris), comitê que tratava do problema da existência de soldados crianças. Para Luisa, o maior desafio foi o tempo. “Tudo corrido. Coletar as informações, escrever ou gravar uma entrevista e entregar no tempo certo. Dentro do evento, em momento algum alguém fica parado. Outro desafio também foi lidar com pessoas com personalidades diferentes e correr atrás de outras para pedir uma entrevista ou ajuda”, explica.
A simulação valoriza o protagonismo dos estudantes. Para se prepararem, os delegados contam com um guia de estudos disponibilizado pelo diretor de seu comitê. A busca por informações particulares às delegações fica sob responsabilidade dos estudantes. Isso contribui para o pró-ativismo do aluno. Segundo o professor salesiano Patrique José Santos, o aprendizado no evento vai além do conhecimento teórico adquirido. “No Minionu, o aluno tem contato com uma diversidade muito grande de pessoas e ideias. Eles precisam saber ouvir, argumentar, apresentar propostas, aceitar o diferente e ainda trabalhar em grupo. Todo esse aprendizado ultrapassa o campo técnico, faz o aluno amadurecer e adquirir crescimento pessoal”, ressalta o educador.
Nos quatro dias de simulação, foram reunidos participantes de Minas Gerais e outros seis estados, contabilizando mais de 20 cidades. A PUC-MG recebeu integrantes de 59 instituições, incluindo mais de 900 alunos e 118 professores. A dimensão do evento surpreendeu o educando salesiano Sidney Peixoto Azevedo, que, neste ano, participou de seu primeiro Minionu. “O maior desafio foi enfrentar alguns delegados. Eu estava confiante, mas vi que havia pessoas tão boas ou até melhores do que eu. Lidar com eles e aprender suas táticas foi o maior desafio”, conta o aluno que defendeu o Afeganistão no comitê referente à Conferência de Paz da ONU.
Os períodos discutidos nos comitês, assim como seus temas, são distintos. Portanto, o Minionu simula debates históricos e futuristas. Nesta edição, a novidade foi o comitê do diretor Luiz Pereira. Nele, os delegados simularam a Guerra do Peloponeso, conflito que ocorreu em 421 a.C. A sala onde aconteceram as discussões estava enfeitada de acordo com a época. Luiz lembra que a maior preocupação ao organizar o comitê foi fazer com que os estudantes entendessem a proposta. “O ambiente facilita pra eles pensarem como pessoas de 421 a.C.”, diz.
Nesta edição, a comissão organizadora aboliu os destaques individuas, bem como as premiações para as delegações coletivamente.
Preparação
Para auxiliar na preparação dos alunos salesianos que participam do Minionu, o Colégio Nossa Senhora da Vitória realiza todos os anos o Salê-ONU. O evento reúne não só os alunos da escola, mas também recebe estudantes de outras instituições particulares e públicas da Grande Vitória. As simulações contam com comitês previamente definidos pela organização do evento. A professora Érika Carrareto Gonçalves lembra que, além disso, “durante todo o ano os alunos têm atendimentos individuais com os professores de Geografia e História que debatem sobre o assunto. Sempre há orientação dos professores”.
Os estudantes também buscam se informar acerca do tema a ser discutido e de táticas que podem ser utilizadas. Luisa Almeida relata como ela e Juliana Ventura, sua companheira salesiana no comitê de imprensa, se prepararam para o evento. “Começamos a estudar três meses antes do Minionu. Lemos o guia de estudos sobre o assunto do comitê que iríamos cobrir, fizemos pesquisas indicadas pelos professores sobre o assunto e nos reunimos em algumas tardes”, recorda.
Luisa ressalta, por fim, o legado que o Minionu deixa para quem se envolve com a simulação: “O aluno que participa e se dedica ao evento está um passo a frente de outros alunos, pois a bagagem de conhecimento adquirida no Minionu, levamos para a vida toda”, conclui a estudante que, no ano passado, ganhou uma menção honrosa e carta de elogio pela escrita devido ao seu desempenho.