Portal das FMA: o que significa sentir-se comunidade eclesial em caminho neste nosso tempo?
Madre Yvonne Reungoat: a vida religiosa é caracterizada fortemente pela dimensão eclesial. Não é algo “ao lado”, mas “dentro” da Igreja e é expressão da vida eclesial. As raízes trinitárias da comunidade religiosa evidenciam a dimensão de comunhão na Igreja. O carisma, de fato, é um dom à Igreja: em diálogo com os outros carismas colaboramos com a sua construção. Dom Bosco e Madre Mazzarello consideravam o amor à Igreja e a fidelidade ao Magistério do Papa como característica importante da vida salesiana. Em comunhão com Papa Francisco nos sentimos um Instituto em saída que vai ao encontro das jovens e dos jovens mais pobres. Com a nossa proposta educativa nos comprometemos a ser sinal visível do amor de Deus, a realizar gestos concretos de proximidade, amor, solidariedade, recordando as palavras de Dom Bosco: “Os jovens não sejam somente amados, mas sintam que são amados”. Como comunidades educativas somos expressão da comunidade eclesial e universal, chamadas a ser profecia de fraternidade e a colocar-nos em rede e Família Salesiana para ser testemunho de caridade na Igreja e na realidade.
Portal das FMA: como a experiência formativa do Capítulo poderá mudar a nossa vida e a vida das comunidades depois do retorno para casa?
Irmã Maria Américo Rolim: o Capítulo é uma grande experiência de discernimento, de comunhão e de renovação. De discernimento porque é um tempo e um espaço privilegiado para escutar Deus que nos fala não só pessoalmente como FMA, mas como comunidade mundial. O que Deus espera das FMA e das comunidades educativas hoje? Qual resposta nova é chamada a dar ao mundo, à Igreja e em particular aos jovens? O Capítulo é, além disto, um grande laboratório de comunhão, porque é sinal de unidade e de harmonia na diversidade e, portanto, forma e renova a pessoa, abre-a ao confronto, à partilha de experiências, à avaliação da autenticidade da fidelidade, à construção conjunta das linhas de futuro do Instituto. É um precioso tempo de renovação no qual se compreende a própria identidade carismática à luz dos desafios do hoje para renovar a qualidade de vida, das relações, da paixão do “da mihi animas”; para viver em saída missionária rumo às periferias geográficas e existenciais onde se encontram os jovens mais pobres. A experiência formativa do Capítulo Geral 23 não se concluirá no dia 15 de novembro. Retornaremos com novo entusiasmo às comunidades e assumindo a novidade da mensagem capitular seremos artífices de mudança e de nova fecundidade carismática.
Portal das FMA: quais são as expectativas e os desafios dos jovens de hoje? Qual a dificuldade e o desafio no diálogo com os jovens?
Irmã Maria del Carmen Canales: dos muitos diálogos e encontros realizados em diferentes partes do mundo percebi em muitos jovens a expectativa de esperança, de paz para aqueles que vivem situações de guerra, violência, injustiça, de trabalho para expressar as próprias capacidades e riquezas, de simplicidade e sobriedade, de felicidade, de sentir presente o Deus da vida abundante em suas vidas, de adultos verdadeiros que saibam colocar-se ao lado com humildade. Muitos os desafios colhidos: medo do presente e do futuro, medo de serem abandonados pelos pais, em alguns contextos de serem vendidos como mercadoria, de não poder ter acesso à cultura e ter que trabalhar desde muito pequenos, sem poder viver a infância e a adolescência, medo do limite, da incerteza, do desconhecido. A dificuldade para colocar-se à escuta dos jovens é porque não conseguirmos descentrar-nos de nós mesmos para poder realmente acolher os jovens e as jovens do jeito como são, de não saber mudar com eles. O desafio mais comprometedor é o de acompanhá-los delicadamente e com ternura, escutando de verdade os seus apelos, sem querer dar logo respostas, mas buscando-as juntos, com paciência, acreditando neles, segundo o estilo de Jesus ressuscitado no caminho para Emaús.
Portal das FMA: qual a experiência da Família Salesiana no Capítulo Geral 23?
Irmã Maria Luisa Miranda: eu diria que é uma experiência de participação ativa, ou melhor, de interação contínua. Da preparação do Capítulo Geral nas diversas inspetorias até o precioso momento vivido nestes dias com os representantes dos leigos e dos jovens de todo o mundo, a Família Salesiana esteve presente e envolvida. Penso que cada dia mais descobrimos e observamos que o nosso carisma é uma graça compartilhada por muitas pessoas; que o dom que recebemos com a nossa vocação de FMA, o Espírito Santo continua a dá-lo a muitos outros jovens e adultos, que têm no coração a mesma paixão que ardia no coração de Dom Bosco e de Madre Mazzarello. Penso que nesta sinergia, as capitulares experimentem a beleza e a importância de sentir-nos Família Salesiana na pluralidade das vocações e na unidade de um único carisma, cuja finalidade é colaborar para que os jovens sejam felizes aqui e na eternidade. O futuro do carisma salesiano se entrevê cada vez mais como comunhão de pensamento, de intenções e de ações em rede como Família Salesiana. Dom Bosco nos pensou e nos quis assim. O sentido de família que hoje os jovens procuram, nós podemos oferecer, de fato, se vivermos conscientemente e concretamente, em comunhão, o “Da mihi animas coetera tolle”.