Gostaria de destacar aqui a posição da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, que, no discurso de lançamento da Campanha, no dia 14 de março, afirmou que “a superação da violência no país passa por uma mudança na forma de olhar uma pessoa desconhecida”.
Para ela, “em vez de tratar o outro com desconfiança e como inimigo, é preciso considerá-lo como um irmão e aliado”. Muito interessante também o final do discurso, quando a ministra dá pistas concretas para se vivenciar a CF: "E como aplicar a fraternidade quando a delicadeza com o outro, a crença no outro e a solidariedade com o outro não são a regra? Esta campanha que aqui se inicia neste ano dá conta da imperativa mudança que se impõe, que é crer que o irmão ao lado é um aliado, porque igual em sua condição humana e na idêntica centelha de dignidade que é o centro de cada um de nós”.
Creio que este tema está bem ligado com a Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma deste ano, quando ele destaca uma frase do Evangelho de Mateus que diz que “a iniquidade se multiplicará, fazendo resfriar o amor de muitos”. O texto faz alusão aos falsos profetas que enganarão a muitos, “a ponto de ameaçar apagar-se nos corações, o amor que é o centro do Evangelho.”
E lendo o artigo do Reitor-mor, neste Boletim, ele diz para os jovens para que “não renunciem aos seus sonhos e ideais, embora às vezes possam parecer-lhes difíceis”, pois sabemos que os jovens sofrem muitas violências. “Continuem a buscar ardentemente a própria felicidade, mas aquela felicidade profunda, autêntica, que os fará sentir felizes e realizados. Felicidade que está muito longe de tudo que seja superficial e vazio; longe de tudo que seja ‘usar e jogar fora’ as coisas e, com grande tristeza, lhes digo que, às vezes, também jogar fora – descartar as pessoas”.
A Família Salesiana de Dom Bosco responde aos apelos da Campanha da Fraternidade para superar a violência com o sistema preventivo. É a nossa espiritualidade e o nosso modo de agir como cristãos comprometidos na transformação da sociedade onde vivemos. Neste sentido, o padre Marcos Sandrini escreve um artigo que o leitor poderá ler nas páginas do Boletim. Ele diz que “o sistema preventivo e os direitos humanos interagem enriquecendo-se mutuamente. O sistema preventivo oferece uma antropologia que se inspira no Evangelho e vê como fundamento dos direitos humanos a dignidade de cada pessoa sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, etnia, sexo, gênero, língua, religião, opinião política, origem nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer outra condição”. Ao defender os direitos humanos das crianças, dos adolescentes e dos jovens, Dom Bosco imitou a Jesus, que sempre se colocou na defesa das pessoas que eram pobres e que sofriam violências, usando de misericórdia para com elas.
Que possamos nos preparar para celebrar a Páscoa do Senhor com o coração cheio de amor, afastando de nós toda a violência em nós e para com os outros e vivendo como irmãos. E como diz o Papa Francisco, que “a luz de Cristo, gloriosamente ressuscitado, nos dissipe as trevas do coração e do espírito”.
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