Rota 300: juventude em missão

Quinta, 21 Setembro 2017 13:52 Escrito por  Iago Rodrigues Ervanovite
Rota 300: juventude em missão Foto: Diego Brandão/Jovens Conectados
No espírito de animação e de fé mariana, nasceu o Projeto Rota 300, desenvolvido pela Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, motivando e envolvendo todas as juventudes do País.  

Há 300 anos, três pescadores humildes da Vila de Guaratinguetá, no interior de São Paulo, navegavam pelo Rio Paraíba do Sul na tentativa de pescar alguns peixes para o jantar de recepção do governador da Capitania de São Paulo e Minas Gerais.

Depois de muito tentar, e sem nenhum sucesso, os pescadores passaram a rezar aos céus por ajuda. Em uma última tentativa, lançaram as redes novamente às águas do rio, de onde pescaram a imagem de Nossa Senhora da Conceição, dividida ao meio pela cabeça. Quando juntaram as metades da imagem, o primeiro milagre d’A Aparecida aconteceu: o rio se encheu de peixes, que saltavam da água para o barco. Assim, iniciava-se um caminho de 300 anos de bênçãos concedidas pela Mãe Aparecida, padroeira do Brasil.

Nesse espírito de animação e de fé mariana, nasceu o Projeto Rota 300, desenvolvido pela Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, motivando e envolvendo todas as juventudes do País – seja de pastorais, movimentos, congregações e novas comunidades – a concelebrarem esse momento, sob três eixos: missão, capacitação e estruturas de acompanhamento. Pretendo me debruçar um pouco aqui sobre o eixo missionário.

 

Missão

O Papa Francisco, no início de seu pontificado, nos disse: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças”. O pontífice lançou a Igreja às ruas, à missão. Nós, jovens, também devemos atender a esse chamado, especialmente em nosso próprio chão: a juventude, que devemos ter como campo prioritário de missão.

Nessa perspectiva, o Projeto Rota 300 desenvolveu, desde seu início em 2014, uma agenda missionária em prol das juventudes brasileiras, em contato com as diversas chagas da sociedade: famílias desestruturadas, exclusão social, pobreza, drogas, criminalidade, dentre outras “periferias existenciais”, as quais, enquanto cristãos, temos a obrigação moral de atender (Mt 25, 35-36). Mas não há como deixar de registrar que o momento mais especial deste Projeto deu-se com seu encerramento: uma Semana Missionária celebrada por jovens de todo o Brasil.

 

Uma Semana Missionária plural

O encerramento do Projeto Rota 300 aconteceu entre os dias 22 e 29 de julho, por meio de missões em diversas cidades de 11 dioceses dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, banhadas pelo Rio Paraíba do Sul, em cujas águas iniciou-se aquela história de fé e devoção que contamos no início deste artigo.

Cerca de 4 mil jovens, de 74 dioceses do Brasil, participaram da Semana Missionária. Os inscritos, jovens e assessores, foram separados por diocese de origem, e inseridos nas realidades das 11 dioceses que acolheram o encerramento do Projeto. Assim, os missionários tiveram a oportunidade de conviver com diferentes sotaques, carismas, espiritualidades e, principalmente, diferentes realidades sociais.

A Semana Missionária procurou capacitar os jovens em três vertentes formativas: “ecologia”, “a mulher negra na sociedade atual” e “o desenvolvimento de políticas públicas para a juventude”. Esses temas permearam os materiais preparativos dos missionários e as próprias atividades por eles desenvolvidas em seus campos de missão.

Durante a experiência de uma semana, jovens de diversas escolas, pastorais, movimentos e congregações puderam visitar as famílias locais e ouvir um pouco da vivência de cada realidade: compadecer-se de suas dificuldades e alegrar-se com suas vitórias. Mas sempre, ao final de toda a experiência, sair com uma certeza: “Aprendi aqui muito mais do que ensinei”.

O Papa Francisco nos alegrou durante a missão ao enviar uma carta aos jovens: “Caros amigos, em meio às incertezas e inseguranças de cada dia, em meio à precariedade que as situações de injustiça criam ao redor de vocês, tenham uma certeza: Maria é um sinal de esperança que lhes animará com um grande impulso missionário. [...] Que Ela transforme as 'redes” da vida de vocês – redes de amigos, redes sociais, redes materiais e virtuais -, realidades que tantas vezes se encontram dividas, em algo mais significativo: que se convertam numa comunidade! Comunidades missionárias ‘em saída’! Comunidades que são luz e fermento de uma sociedade mais justa e fraterna”.

Papa Francisco ressalta na carta o caminho de fé dos pescadores, que inspira diversas pessoas e histórias Brasil adentro. A revelação dos milagres de Deus, por intercessão de Maria, deu-se a três pessoas humildes; e mais, deu-se pelas mãos de uma Mulher, Mãe, Negra.

 

Coroação

A coroação de nossa Semana Missionária foi em 29 de julho, com um dia cheio. Na cidade de Aparecida, SP, os 4 mil jovens missionários se reuniram, após deixarem suas cidades de missão, para celebrar o “aniversário jovem” da Mãe Aparecida e para partilhar suas experiências.

No Porto de Itaguaçú, pela manhã, a imagem da Santa Conceição Aparecida foi trazida de barco, do mesmo jeito que há 300 anos; agora, ela era entregue das águas aos jovens, pelas mãos de representantes do Exército brasileiro. Os jovens ali presentes sentiram a emoção de ver a imagem desembarcar e guiar a caminhada do Porto ao Santuário Nacional onde, em uma linda Celebração Eucarística, foram consagrados à Mãe e Padroeira do Brasil.

O dia de encerramento ainda teve muitas atividades, em tendas de formação, terços, orações e um show, no início da noite, com diversos cantores, que elevaram aos céus nossa gratidão por tão rica experiência. Encerramos, então, nossa missão; celebramos a vida sob as bênçãos da Mãe Aparecida.

 

E depois?

O término do Projeto Rota 300 e das celebrações do ano mariano não encerram o dever de todos em colaborar na construção da Civilização do Amor. Animados pelo espírito missionário e capacitados à missão, jovens e assessores de todo o Brasil são convidados a pensar e repensar os modelos de evangelização das juventudes.

Assim, a Comissão para a Juventude da CNBB promove, entre os dias 7 e 9 de setembro, em Brasília, DF, o 2° Encontro Nacional de Revitalização da Pastoral Juvenil, ocasião em que serão desenhados os projetos até o ano de 2020. As vagas para o evento são reservadas aos representantes dos Setores de Juventude das 275 dioceses brasileiras.

Ainda, atendendo ao convite do Papa Francisco, bispos da Igreja do mundo todo se reúnem, em 2018, para a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que terá como tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Todos os jovens são chamados a auxiliar na preparação do Sínodo, respondendo a um questionário feito pelo próprio Papa. Convido a todos a acessar o site do Vaticano reservado ao Sínodo dos jovens (disponível em quatro idiomas): youth.synod2018.va

 

Iago Rodrigues Ervanovite, 24 anos, é advogado, formado pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo, Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve) da Presidência da República e ex-secretário nacional da Pastoral da Juventude Estudantil (PJE).
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Rota 300: juventude em missão

Quinta, 21 Setembro 2017 13:52 Escrito por  Iago Rodrigues Ervanovite
Rota 300: juventude em missão Foto: Diego Brandão/Jovens Conectados
No espírito de animação e de fé mariana, nasceu o Projeto Rota 300, desenvolvido pela Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, motivando e envolvendo todas as juventudes do País.  

Há 300 anos, três pescadores humildes da Vila de Guaratinguetá, no interior de São Paulo, navegavam pelo Rio Paraíba do Sul na tentativa de pescar alguns peixes para o jantar de recepção do governador da Capitania de São Paulo e Minas Gerais.

Depois de muito tentar, e sem nenhum sucesso, os pescadores passaram a rezar aos céus por ajuda. Em uma última tentativa, lançaram as redes novamente às águas do rio, de onde pescaram a imagem de Nossa Senhora da Conceição, dividida ao meio pela cabeça. Quando juntaram as metades da imagem, o primeiro milagre d’A Aparecida aconteceu: o rio se encheu de peixes, que saltavam da água para o barco. Assim, iniciava-se um caminho de 300 anos de bênçãos concedidas pela Mãe Aparecida, padroeira do Brasil.

Nesse espírito de animação e de fé mariana, nasceu o Projeto Rota 300, desenvolvido pela Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, motivando e envolvendo todas as juventudes do País – seja de pastorais, movimentos, congregações e novas comunidades – a concelebrarem esse momento, sob três eixos: missão, capacitação e estruturas de acompanhamento. Pretendo me debruçar um pouco aqui sobre o eixo missionário.

 

Missão

O Papa Francisco, no início de seu pontificado, nos disse: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças”. O pontífice lançou a Igreja às ruas, à missão. Nós, jovens, também devemos atender a esse chamado, especialmente em nosso próprio chão: a juventude, que devemos ter como campo prioritário de missão.

Nessa perspectiva, o Projeto Rota 300 desenvolveu, desde seu início em 2014, uma agenda missionária em prol das juventudes brasileiras, em contato com as diversas chagas da sociedade: famílias desestruturadas, exclusão social, pobreza, drogas, criminalidade, dentre outras “periferias existenciais”, as quais, enquanto cristãos, temos a obrigação moral de atender (Mt 25, 35-36). Mas não há como deixar de registrar que o momento mais especial deste Projeto deu-se com seu encerramento: uma Semana Missionária celebrada por jovens de todo o Brasil.

 

Uma Semana Missionária plural

O encerramento do Projeto Rota 300 aconteceu entre os dias 22 e 29 de julho, por meio de missões em diversas cidades de 11 dioceses dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, banhadas pelo Rio Paraíba do Sul, em cujas águas iniciou-se aquela história de fé e devoção que contamos no início deste artigo.

Cerca de 4 mil jovens, de 74 dioceses do Brasil, participaram da Semana Missionária. Os inscritos, jovens e assessores, foram separados por diocese de origem, e inseridos nas realidades das 11 dioceses que acolheram o encerramento do Projeto. Assim, os missionários tiveram a oportunidade de conviver com diferentes sotaques, carismas, espiritualidades e, principalmente, diferentes realidades sociais.

A Semana Missionária procurou capacitar os jovens em três vertentes formativas: “ecologia”, “a mulher negra na sociedade atual” e “o desenvolvimento de políticas públicas para a juventude”. Esses temas permearam os materiais preparativos dos missionários e as próprias atividades por eles desenvolvidas em seus campos de missão.

Durante a experiência de uma semana, jovens de diversas escolas, pastorais, movimentos e congregações puderam visitar as famílias locais e ouvir um pouco da vivência de cada realidade: compadecer-se de suas dificuldades e alegrar-se com suas vitórias. Mas sempre, ao final de toda a experiência, sair com uma certeza: “Aprendi aqui muito mais do que ensinei”.

O Papa Francisco nos alegrou durante a missão ao enviar uma carta aos jovens: “Caros amigos, em meio às incertezas e inseguranças de cada dia, em meio à precariedade que as situações de injustiça criam ao redor de vocês, tenham uma certeza: Maria é um sinal de esperança que lhes animará com um grande impulso missionário. [...] Que Ela transforme as 'redes” da vida de vocês – redes de amigos, redes sociais, redes materiais e virtuais -, realidades que tantas vezes se encontram dividas, em algo mais significativo: que se convertam numa comunidade! Comunidades missionárias ‘em saída’! Comunidades que são luz e fermento de uma sociedade mais justa e fraterna”.

Papa Francisco ressalta na carta o caminho de fé dos pescadores, que inspira diversas pessoas e histórias Brasil adentro. A revelação dos milagres de Deus, por intercessão de Maria, deu-se a três pessoas humildes; e mais, deu-se pelas mãos de uma Mulher, Mãe, Negra.

 

Coroação

A coroação de nossa Semana Missionária foi em 29 de julho, com um dia cheio. Na cidade de Aparecida, SP, os 4 mil jovens missionários se reuniram, após deixarem suas cidades de missão, para celebrar o “aniversário jovem” da Mãe Aparecida e para partilhar suas experiências.

No Porto de Itaguaçú, pela manhã, a imagem da Santa Conceição Aparecida foi trazida de barco, do mesmo jeito que há 300 anos; agora, ela era entregue das águas aos jovens, pelas mãos de representantes do Exército brasileiro. Os jovens ali presentes sentiram a emoção de ver a imagem desembarcar e guiar a caminhada do Porto ao Santuário Nacional onde, em uma linda Celebração Eucarística, foram consagrados à Mãe e Padroeira do Brasil.

O dia de encerramento ainda teve muitas atividades, em tendas de formação, terços, orações e um show, no início da noite, com diversos cantores, que elevaram aos céus nossa gratidão por tão rica experiência. Encerramos, então, nossa missão; celebramos a vida sob as bênçãos da Mãe Aparecida.

 

E depois?

O término do Projeto Rota 300 e das celebrações do ano mariano não encerram o dever de todos em colaborar na construção da Civilização do Amor. Animados pelo espírito missionário e capacitados à missão, jovens e assessores de todo o Brasil são convidados a pensar e repensar os modelos de evangelização das juventudes.

Assim, a Comissão para a Juventude da CNBB promove, entre os dias 7 e 9 de setembro, em Brasília, DF, o 2° Encontro Nacional de Revitalização da Pastoral Juvenil, ocasião em que serão desenhados os projetos até o ano de 2020. As vagas para o evento são reservadas aos representantes dos Setores de Juventude das 275 dioceses brasileiras.

Ainda, atendendo ao convite do Papa Francisco, bispos da Igreja do mundo todo se reúnem, em 2018, para a XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que terá como tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Todos os jovens são chamados a auxiliar na preparação do Sínodo, respondendo a um questionário feito pelo próprio Papa. Convido a todos a acessar o site do Vaticano reservado ao Sínodo dos jovens (disponível em quatro idiomas): youth.synod2018.va

 

Iago Rodrigues Ervanovite, 24 anos, é advogado, formado pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo, Conselheiro Nacional de Juventude (Conjuve) da Presidência da República e ex-secretário nacional da Pastoral da Juventude Estudantil (PJE).
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