“A minha primeira experiência de contato com as Missões foi em 2015, na aldeia Meruri, com os Bororo, que fica a 112 km de Barra do Garças, MT. Eu tinha um pouco de preconceito com os povos indígenas por causa do que a mídia transmite sobre a cultura e os valores deles. E a gente vai crescendo com essa mentalidade errada.
No ano de 2014 eu fiz o acompanhamento vocacional e fui enviando à aldeia Meruri. Eu não gostaria de ir para lá, pois era uma realidade muito diferente da minha. Mas, gostei muito do aprendizado, porque Deus me lapidou muito nesse momento de entrega. Ir para as missões era para mim uma realidade diferente, um desafio, mas foi lá que a graça de Deus aconteceu.
Nesse tempo, testemunhei belos exemplos de vida. Um deles foi o do Pe. Ochoa Camargo, um missionário de Bogotá (Colômbia), de 90 anos de idade. Eu fiquei encantado com o trabalho e o testemunho de oração e espiritualidade daquele sacerdote salesiano.
Certa vez eu andava na aldeia, à noite, e encontrei um Bororo no chão, bêbado. Ele estava acompanhado da esposa e do filho. Ele me disse: – chame o Pe. Ochoa! Eram aproximadamente 10h30 da noite, o Pe. Ochoa pegou o seu casaco, foi à cozinha, pegou comida, água e ainda levou um cobertor. O Pe. Ochoa conseguiu um local para essa família, junto a eles estava um bebê que chorava de fome. O Pe. Ochoa conversou com eles, sem reparar na aparência, nem se estavam embriagados, ele simplesmente foi lá acolhê-los. Essa foi uma das primeiras atitudes nas Missões que me chamou a atenção. Ver o esforço dos Salesianos para as Missões. Isso me encantou!
Eu fui conhecendo o carisma salesiano na vivência entre eles. Ver um povo diferente que tem uma realidade diferente e que sofre como a gente. Muitas vezes são esquecidos pelas pessoas, instituições, por todos, mas ver que a gente está presente no meio deles é muito gratificante.
Depois que eu saí do seminário, da formação salesiana, eu rezava, pedia a Deus para que não desistisse de mim e veio no meu coração de sempre entregar as minhas férias ao Senhor. Desde 2016, quando saí do seminário, eu vou às missões indígenas, passo duas semanas, um mês. Agora em 2018, passei o Ano Novo nas Missões. Ajudo os Salesianos no que precisa, visitar aldeias, cuidar da casa, visitar as famílias, levar roupas e alimentos às pessoas que precisam.
Acredito que Deus sempre nos chama para servir o próximo, principalmente o menor, o mais necessitado. Eu me sinto um privilegiado, porque todas as vezes que eu sirvo, Deus trabalha primeiro em mim, eu acredito que eu preciso servir e fica de testemunho para os jovens, independentemente de onde estejam, sejam o rosto de Deus.”
Fonte: Inspetoria Salesiana de Campo Grande