Ao saudar os milhares de fiéis, que vieram acompanhados por seus Bispos, sacerdotes e inúmeros religiosos e religiosas, o Papa recordou o exemplo do novo santo de El Salvador, Começando pelos Bispos, disse:
“São Oscar Romero soube encarnar, com perfeição, a imagem do Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas. Por isso, agora e, sobretudo, desde a sua canonização, vocês podem encontrar nele ‘exemplo e estímulo’ no ministério que lhes foi confiado: exemplo de predileção, para os mais necessitados da misericórdia de Deus; estímulo para testemunhar o amor de Cristo e a solicitude pela Igreja. Que o santo Bispo Romero os ajude a ser, para todos, sinais da unidade na pluralidade, que caracteriza o santo povo de Deus”.
Inspirar-se no estilo de vida do novo santo
A seguir, Francisco dirigiu-se, de modo particular, aos numerosos sacerdotes e religiosos e religiosas de El Salvador, chamados a viver o compromisso cristão, inspirados no estilo de vida do novo santo, exortando-os a serem dignos de seus ensinamentos, sendo, acima de tudo, "servidores do povo sacerdotal", como Jesus, o único e eterno sacerdote:
“São Oscar Romero concebia o sacerdote entre dois grandes abismos: o da infinita misericórdia de Deus e o da infinita miséria dos homens. Queridos irmãos, esforcem-se, sem cessar, para realizar este infinito anseio de Deus de perdoar os homens, que se arrependem de suas misérias, e abrir os corações de seus irmãos à ternura do amor de Deus, também mediante a denúncia profética dos males do mundo”.
Enfim, o Papa saudou, cordialmente, os numerosos peregrinos de El Salvador e de outros países latino-americanos, aos quais recordou a mensagem que São Oscar Romero deixou a todos, grandes e pequenos, sem exceção:
“Ele repetia, com vigor, que todo católico deve ser mártir, porque mártir significa dar testemunho da mensagem de Deus aos homens. Deus quer estar presente em nossas vidas e nos convida a anunciar a sua mensagem de liberdade para toda a humanidade. Somente nele podemos ser livres do pecado, do mal, do ódio em nossos corações; livres para amar e acolher o Senhor e nossos irmãos e irmãs. Esta verdadeira liberdade, aqui na terra, passa pela preocupação com o homem concreto, para despertar em cada coração a esperança da salvação”.
Paz e reconciliação a todos os povos da América Latina
Todavia, frisou Francisco, “sabemos bem que não é fácil agir assim”. Por isso, precisamos do apoio da oração e de estar unidos a Deus e em comunhão com a Igreja. São Oscar Romero dizia que “sem Deus e sem o ministério da Igreja isso não é possível”. Certa vez, referiu-se à Crisma como o "sacramento dos mártires": “sem a força do Espírito Santo, os primeiros cristãos não teriam resistido às provações da perseguição, não teriam morrido por Cristo”.
Ao término de seu pronunciamento aos milhares de peregrinos e fiéis de El Salvador e da América Latina, o Papa disse ainda:
“Envio a minha saudação a todo o Povo de Deus, em peregrinação em El Salvador, que vibra, hoje, pela alegria de ver um de seus filhos elevado à glória dos altares. Seus habitantes têm uma fé viva, que expressa em diferentes formas de religiosidade popular e à qual conforma a sua vida social e familiar. Todos devem cuidar do Povo santo de Deus... não o escandalizem”.
Entretanto, acrescentou o Papa, não faltaram as dificuldades e o flagelo da divisão e da guerra. A violência fez-se sentir com veemência em sua história recente. Não obstante, este povo resiste e vai adiante, embora muitos foram obrigados a deixar suas terras em busca de um futuro melhor. E concluiu:
“A memória de São Oscar Romero é uma oportunidade excepcional para enviar uma mensagem de paz e reconciliação a todos os povos da América Latina”.