O que se lembra daqueles dias?
Sei que, de um episódio tão triste como o do furto da relíquia, irromperam valiosas golfadas de luz. A primeira se refere ao eco mundial e mediático da notícia, o que confirma o interesse e o afeto pelo Santo Dom Bosco. Como salesianos, tivemos a sensação de um abraço mundial.
O segundo feixe de luz brotou desta mesma terra, que se demonstrou intimamente ligada à figura de Dom Bosco. Foi como se tivessem roubado uma parte de si, tantos os chamados telefônicos, os rogos, os testemunhos de solidariedade recebidos.
A terceira iluminação foi a de tocar com mãos a paixão e a competência dos investigadores.
Um ano depois, o que permanece de todo esse acontecimento?
Paradoxalmente esse furto veio reforçar o poder simbólico da relíquia. Aumentou o acesso de fiéis que ali se recolhem para manter um contato sacro com o corpo do Santo. Desde a criança que, com olhos para a relíquia, toca com a mãozinha a teca, até ao adulto que se ajoelha e reza perante ela.
Na época do furto alguém tachou de anacronismo a devoção às relíquias. É realmente uma forma superada?
Não! É antes profundamente moderna. Numa época dominada mais pela realidade de quanto é concreto do que pela realidade espiritual, o contato direto dos fiéis com o corpo de um Santo responde a esta exigência de visualização da própria fé. Se, depois, alguém se detiver a analisar os peregrinos que se voltam à relíquia, verá que são muitos os que rezam, mas muitos mais os que se dirigem diretamente à ampola como se falassem pessoalmente com Dom Bosco. E que muitos outros ainda deixam bilhetes com intenções (bilhetes que são sempre recolhidos, conservados e lembrados nas Santas Missas).
A reposição da ampola ocorreu no dia do aniversário de Dom Bosco, perante centenas de jovens. Por quê?
Porque restituindo-a aos jovens, foi como restituí-la a todos. Os Jovens são o... oovo de Dom Bosco!