Em Mianmar, o cardeal Bo fala sobre a próxima visita do Papa

Terça, 26 Setembro 2017 15:34 Escrito por  InfoANS - Agência Fides
A visita do Papa Francisco, a situação das minorias no país e o drama dos emigrados Rohingya, a delicada posição de Aung San Suu Kyi, Nobel da paz e hoje líder do governo birmanês, até o papel da Igreja na realidade social de Mianmar: faltando cerca de dois meses para a viagem papal ao país (27-30 de novembro), o primeiro cardeal birmanês da Igreja Católica, o salesiano dom Charles Maung Bo, arcebispo de Yangon, passou por inúmeros temas de grande atualidade em entrevista concedida à Agência Fides.  

O purpurado salesiano saudou antes de tudo como “uma bênção e uma contribuição para a paz e a harmonia” a esperada visita do Papa ao país, que recolhe consensos de autoridades e cidadãos, “Certamente, a maioria das pessoas deseja uma ‘visita de cura’. Muitos cidadãos birmaneses acompanharam a visita do Papa à Colômbia, um país que busca a paz em seu interior”.

 

Sobre a situação de combates e violências no Estado norte de Rakhine, com dano da minoria muçulmana dos Rohingyam, o cardeal comenta: “as observações do Papa sobre os Rohingya poderiam enfurecer os nacionalistas”, enquanto os “apoiadores dos Rohingya esperam que o Papa diga o seu parecer”. Por isso, o cardeal aconselha ao Papa apelar à “necessidade de uma solução durável, a adoção de soluções não violentas e a urgência da cooperação regional”.

 

Sobre a delicada posição da líder birmanesa Aung San Suu Kyi, o cardeal afirma que ela “precisa de completo apoio. (...) Os seus êxitos foram muitos, mas afundaram nos eventos recentes. Sacrificou a sua vida para fazer o país ressuscitar das ruínas depois de 60 anos de governo militar. É um resultado histórico. Nas suas frágeis mãos carrega os sonhos de milhões deste país”. E recorda também o papel da líder birmanês “na democratização da nação” e “o seu empenho pelo acordo de paz de Panglong” para a reconciliação com as minorias étnicas. Ele afirmou que ela “está oferecendo espaços de diálogo entre os partidos antagônicos. Esse processo precisa de pleno apoio e valorização”

 

Enfim, o cardeal salesiano recorda que “em Mianmar a justiça econômica e a justiça ambiental podem gerar uma paz duradoura” e para isso, sublinha o papel da Igreja, que “quer ajudar a construir a paz através de iniciativas inter-religiosas”.

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Última modificação em Sexta, 28 Junho 2024 13:29

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Em Mianmar, o cardeal Bo fala sobre a próxima visita do Papa

Terça, 26 Setembro 2017 15:34 Escrito por  InfoANS - Agência Fides
A visita do Papa Francisco, a situação das minorias no país e o drama dos emigrados Rohingya, a delicada posição de Aung San Suu Kyi, Nobel da paz e hoje líder do governo birmanês, até o papel da Igreja na realidade social de Mianmar: faltando cerca de dois meses para a viagem papal ao país (27-30 de novembro), o primeiro cardeal birmanês da Igreja Católica, o salesiano dom Charles Maung Bo, arcebispo de Yangon, passou por inúmeros temas de grande atualidade em entrevista concedida à Agência Fides.  

O purpurado salesiano saudou antes de tudo como “uma bênção e uma contribuição para a paz e a harmonia” a esperada visita do Papa ao país, que recolhe consensos de autoridades e cidadãos, “Certamente, a maioria das pessoas deseja uma ‘visita de cura’. Muitos cidadãos birmaneses acompanharam a visita do Papa à Colômbia, um país que busca a paz em seu interior”.

 

Sobre a situação de combates e violências no Estado norte de Rakhine, com dano da minoria muçulmana dos Rohingyam, o cardeal comenta: “as observações do Papa sobre os Rohingya poderiam enfurecer os nacionalistas”, enquanto os “apoiadores dos Rohingya esperam que o Papa diga o seu parecer”. Por isso, o cardeal aconselha ao Papa apelar à “necessidade de uma solução durável, a adoção de soluções não violentas e a urgência da cooperação regional”.

 

Sobre a delicada posição da líder birmanesa Aung San Suu Kyi, o cardeal afirma que ela “precisa de completo apoio. (...) Os seus êxitos foram muitos, mas afundaram nos eventos recentes. Sacrificou a sua vida para fazer o país ressuscitar das ruínas depois de 60 anos de governo militar. É um resultado histórico. Nas suas frágeis mãos carrega os sonhos de milhões deste país”. E recorda também o papel da líder birmanês “na democratização da nação” e “o seu empenho pelo acordo de paz de Panglong” para a reconciliação com as minorias étnicas. Ele afirmou que ela “está oferecendo espaços de diálogo entre os partidos antagônicos. Esse processo precisa de pleno apoio e valorização”

 

Enfim, o cardeal salesiano recorda que “em Mianmar a justiça econômica e a justiça ambiental podem gerar uma paz duradoura” e para isso, sublinha o papel da Igreja, que “quer ajudar a construir a paz através de iniciativas inter-religiosas”.

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