“Sou prostituta há cinco anos, e há dois sou órfã. O Ebola matou minha mãe e muitos dos meus parentes”, conta com voz baixa Fatimata, uma garota de 12 anos, rodeada por outras amigas. São todas garotas da rua, nenhuma com mais de 19 anos. Vivem em Grafton, periferia de Freetown, a meia hora da cidade. “Fazemos isso porque não temos outro modo de viver. Somos pobres, e se não formos para as ruas, não comemos”, sublinha.
Quem são os clientes?
A maior parte é de pessoas de classe média, daqui, não estrangeiros.
Quanto conseguem ganhar assim?
Cerca de 30.000 Leones (pouco menos de 5 Euros) por noite. Não gostamos do que fazemos, mas como dissemos, precisamos comer e viver.
Vocês usam preservativos?
Normalmente, não. Os homens não querem.
As meninas contam que já receberam todo tipo de ameaças e brutalidades. “Alguns clientes são muito brutos, outros não querem pagar”. Todas abandonaram a escola há tempo, obrigadas a trabalhar nas ruas.
“A partir da próxima semana, o ônibus estará aqui. Venham, comam e conversem conosco. Podem trazer também as suas amigas”, diz o padre Jorge Crisafulli, SDB. “Talvez possam voltar à escola e estudar. Há algum problema se não forem à rua alguma noite e virem no ônibus?”. As garotas olham umas para as outras. “Não”.
Segundo as estatísticas há atualmente cerca de 750 menores que se prostituem em Freetown. São as meninas da infância esquecida, meninas que, talvez, com o ônibus, poderão olhar novamente para o futuro com alguma esperança.
Publicado em: El Periodico Extremadura. Fonte: Info ANS