Ninguém pode se apresentar honestamente ao outro se o fizer camuflando a própria identidade: esta, antes, deve emergir com clareza. Somente assim se evita o confronto na ambiguidade. Mas perguntemo-nos, antes de tudo: qual é a nossa identidade? Conhecemo-la e nos identificamos com ela, ou é apenas um verniz esmaecido?
O diálogo requer além disso o reconhecimento da ‘alteridade’: o outro é diferente de mim e me interpela com a sua diversidade. Se eu considerar a alteridade em sentido negativo, irei vê-la como uma ameaça; se eu a julgar em sentido positivo, irei vê-la como valor.
A “sinceridade das intenções”, enfim, deve revelar que o diálogo não subjaz a um movimento tático, a uma artimanha diplomática. A abertura deve ser incondicional: abertura de mente e de coração. “Deve-se ouvir o irmão com o ouvido de Deus, se quisermos que nos seja dado falar com a palavra de Deus” (Dietrich Bonhoeffer).
Como Salesianos fomos em seguida tocados pelas palavras do Papa sobre a importância da educação das jovens gerações, especialmente da sua qualidade e dos seus conteúdos, a fim de que respondamos realmente “à natureza do homem, ser aberto e relacional” e se ponha no centro a dignidade. Conhecendo os conteúdos de vários manuais escolares em uso nos países do Oriente Médio, repletos de citações confessionais e interpretados no seu sentido mais estrito e rigoroso, é mais que nunca oportuno o convite do Pontífice a “cultivar maduramente gerações”, a fim de que “purifiquem, cada dia, no oxigênio da fraternidade, o ar inquinado do ódio”.
O caminho é ainda muito longo e requer uma verdadeira e profunda revolução cultural. Desde fora podem chegar estímulos e impulsos; entretanto uma verdadeira mudança só pode, e deve, brotar do interior. Emerge assim o papel central da educação que só se torna “sabedoria de vida” se ela conseguir formar construtores de paz e não ulteriores promotores de conflitos.
É nesse quadro que se insere o papel da presença educativo-salesiana nos países islâmicos, que em muitos casos foi e é modelo de “convivência” entre culturas, religiões, nacionalidades diferentes. As gerações passam e mudam; a missão continua.
Fonte: Info ANS