Eliminação armas nucleares: um imperativo moral e humanitário

Terça, 28 Março 2017 14:27 Escrito por  Rádio Vaticana
O Papa Francisco dirigiu nesta terça-feira, 28 de março, uma mensagem à Conferência da Organização nas Nações Unidas (ONU) sobre a proibição das armas nucleares. A conferência iniciou-se em 27 de março, em Nova Iorque,EUA, e termina no dia 31. O objetivo principal é negociar um instrumento jurídico sobre a proibição dessas armas que leve à sua eliminação total. A reunião é a primeira parte desse processo.

A delegação da Santa Sé a este encontro é chefiada pelo subsecretário para as Relações com os Estados, dom António Camilleri. Ele é o responsável por apresentar a mensagem do Papa. Nela, Francisco recorda, como fizera na sua visita à ONU em setembro de 2015, que a paz, a solução pacífica das controvérsias e o desenvolvimento das relações amigáveis entre as nações sublinhadas no preâmbulo da Carta da ONU são incompatíveis com uma ética e um direito baseados na destruição recíproca. Por isso, é premente a todos empenhar-se  a favor de um mundo sem armas nucleares, e aplicar plenamente o tratado de não proliferação.

 

A situação de conflito que se vive hoje no mundo – terrorismo, guerras assimétricas, segurança informática, problemáticas ambientais, pobreza… levam a perguntar-se se as armas nucleares podem ser realmente um freio, uma resposta eficaz a esses desafios. Isso principalmente tendo em conta as catastróficas consequências humanas e ambientais a que o uso de tais armas levaria. E nem se fale nos recursos que são gastos para produzir tais armas, recursos que poderiam ser empregados na promoção da paz e do desenvolvimento humano integral, na luta contra a pobreza e na implantação da agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, ressalta o Papa.

 

Além disso, há que perguntar-se se  um equilíbrio baseado no medo é sustentável, medo que tende a minar as relações de confiança entre os povos, continua o Pontífice. A paz e a estabilidade internacionais não podem ser fundadas em um falso sentido de segurança, na ameaça da destruição recíproca, na simples manutenção de um equilíbrio de poder. A paz deve ser construída sobre a justiça, o desenvolvimento humano integral, no respeito dos direitos fundamentais, na proteção do ambiente, na participação de todos na vida pública, na confiança entre os povos, na promoção de instituições pacíficas, no acesso à educação e à saúde, no diálogo e na sociedade. Nesta perspectiva, afirma o Papa Francisco, precisamos ir além do limite às armas nucleares: a comunidade internacional é chamada a adotar estratégias visionárias para promover o objetivo da paz e a estabilidade e evitar abordagens míopes aos problemas de segurança nacional e internacional.

 

Neste contexto, frisa o Papa, o objetivo final da eliminação total das armas nucleares torna-se um imperativo moral e humanitário. É um processo que requer diálogo, construção e consolidação de mecanismos de confiança e cooperação.

 

Francisco chama ainda atenção para a crescente interdependência e para a globalização, que significam que tudo é interligado e que qualquer resposta à ameaça nuclear tem de ser coletiva e consensual, baseada na confiança reciproca, orientada para o bem comum. Há que evitar recriminações e a polarização que dificultam o diálogo em vez de encorajá-lo.

 

O Papa conclui a sua densa mensagem fazendo notar que esta reunião que pretende negociar um tratado inspirado em argumentações éticas e morais é um exercício de esperança. E augura que possa constituir um passo decisivo na caminhada em direção a um mundo sem armas nucleares.

 

Fonte: Rádio Vaticana

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Última modificação em Sexta, 28 Junho 2024 17:01

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Eliminação armas nucleares: um imperativo moral e humanitário

Terça, 28 Março 2017 14:27 Escrito por  Rádio Vaticana
O Papa Francisco dirigiu nesta terça-feira, 28 de março, uma mensagem à Conferência da Organização nas Nações Unidas (ONU) sobre a proibição das armas nucleares. A conferência iniciou-se em 27 de março, em Nova Iorque,EUA, e termina no dia 31. O objetivo principal é negociar um instrumento jurídico sobre a proibição dessas armas que leve à sua eliminação total. A reunião é a primeira parte desse processo.

A delegação da Santa Sé a este encontro é chefiada pelo subsecretário para as Relações com os Estados, dom António Camilleri. Ele é o responsável por apresentar a mensagem do Papa. Nela, Francisco recorda, como fizera na sua visita à ONU em setembro de 2015, que a paz, a solução pacífica das controvérsias e o desenvolvimento das relações amigáveis entre as nações sublinhadas no preâmbulo da Carta da ONU são incompatíveis com uma ética e um direito baseados na destruição recíproca. Por isso, é premente a todos empenhar-se  a favor de um mundo sem armas nucleares, e aplicar plenamente o tratado de não proliferação.

 

A situação de conflito que se vive hoje no mundo – terrorismo, guerras assimétricas, segurança informática, problemáticas ambientais, pobreza… levam a perguntar-se se as armas nucleares podem ser realmente um freio, uma resposta eficaz a esses desafios. Isso principalmente tendo em conta as catastróficas consequências humanas e ambientais a que o uso de tais armas levaria. E nem se fale nos recursos que são gastos para produzir tais armas, recursos que poderiam ser empregados na promoção da paz e do desenvolvimento humano integral, na luta contra a pobreza e na implantação da agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, ressalta o Papa.

 

Além disso, há que perguntar-se se  um equilíbrio baseado no medo é sustentável, medo que tende a minar as relações de confiança entre os povos, continua o Pontífice. A paz e a estabilidade internacionais não podem ser fundadas em um falso sentido de segurança, na ameaça da destruição recíproca, na simples manutenção de um equilíbrio de poder. A paz deve ser construída sobre a justiça, o desenvolvimento humano integral, no respeito dos direitos fundamentais, na proteção do ambiente, na participação de todos na vida pública, na confiança entre os povos, na promoção de instituições pacíficas, no acesso à educação e à saúde, no diálogo e na sociedade. Nesta perspectiva, afirma o Papa Francisco, precisamos ir além do limite às armas nucleares: a comunidade internacional é chamada a adotar estratégias visionárias para promover o objetivo da paz e a estabilidade e evitar abordagens míopes aos problemas de segurança nacional e internacional.

 

Neste contexto, frisa o Papa, o objetivo final da eliminação total das armas nucleares torna-se um imperativo moral e humanitário. É um processo que requer diálogo, construção e consolidação de mecanismos de confiança e cooperação.

 

Francisco chama ainda atenção para a crescente interdependência e para a globalização, que significam que tudo é interligado e que qualquer resposta à ameaça nuclear tem de ser coletiva e consensual, baseada na confiança reciproca, orientada para o bem comum. Há que evitar recriminações e a polarização que dificultam o diálogo em vez de encorajá-lo.

 

O Papa conclui a sua densa mensagem fazendo notar que esta reunião que pretende negociar um tratado inspirado em argumentações éticas e morais é um exercício de esperança. E augura que possa constituir um passo decisivo na caminhada em direção a um mundo sem armas nucleares.

 

Fonte: Rádio Vaticana

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