O relatório da OIT World Employment and Social Outlook 2016 – Trends for Youth mostra que, como resultado, o número global de jovens desempregados deverá aumentar em meio milhão neste ano, para chegar a um total de 71 milhões, o primeiro aumento em três anos.
A maior preocupação é a parcela e o número de jovens que vivem em situação de pobreza extrema ou moderada apesar de estarem empregados, frequentemente em países emergentes e em desenvolvimento. Na verdade, 156 milhões ou 37,7% dos jovens trabalhadores vivem em situação de pobreza extrema ou moderada (comparado a 26% dos adultos que trabalham).
“O aumento alarmante do desemprego entre os jovens e os índices perturbadores de jovens que trabalham, mas ainda vivem na pobreza mostram o quão difícil será alcançar a meta global de acabar com a pobreza até 2030, a menos que nós redobremos nossos esforços para conquistar crescimento econômico sustentável e trabalho decente. Esta pesquisa também destaca grandes disparidades entre mulheres e homens jovens no mercado de trabalho, que precisam ser abordadas com urgência pelos Estados membros da OIT e seus parceiros sociais”, disse a diretora geral adjunta para Políticas da OIT, Deborah Greenfield.
Oportunidades desiguais
Na maioria dos indicadores de mercado de trabalho, há grandes disparidades entre mulheres e homens jovens, que sustentam e dão origem a diferenças ainda mais amplas durante a transição para a vida adulta. Em 2016, por exemplo, a taxa de participação na força de trabalho para jovens homens é de 53,9%, em comparação com 37,3% para jovens mulheres,o que representa uma diferença de 16,6 pontos percentuais.
O desafio é particularmente grave no sul da Ásia, nos Estados Árabes e no Norte da África, onde as taxas de participação de jovens mulheres são, respectivamente, 32,9, 32,3 e 30,2 pontos percentuais menores do que as taxas dos jovens homens em 2016.
Aumento do desemprego é impulsionado por desaceleração nas economias emergentes
Estima-se que o crescimento econômico global em 2016 será de 3,2%, ou 0,4 pontos percentuais abaixo do valor previsto no final de 2015.
“Isso é impulsionado por uma recessão mais profunda do que o esperado em alguns países emergentes chave, que exportam commodities, e por um crescimento estagnado em alguns países desenvolvidos”, disse o economista sênior da OIT e principal autor do relatório, Steven Tobin. “O aumento das taxas de desemprego juvenil é particularmente acentuado em países emergentes”.
Nos países emergentes, a previsão é de que a taxa de desemprego juvenil aumente de 13,3% em 2015 para 13,7% em 2017,um valor que corresponde a 53,5 milhões de jovens desempregados em 2017, comparado com 52,9 milhões em 2015. Na América Latina e no Caribe, por exemplo, estima-se que a taxa de desemprego juvenil aumente de 15,7% em 2015 para 17,1% em 2017; na Ásia Central e Ocidental, de 16,6% para 17,5%; e no Sudeste Asiático e no Pacífico, de 12,4% para 13,6%.
Trabalhadores pobres
A baixa qualidade do emprego continua a afetar desproporcionalmente os jovens, embora com consideráveis diferenças regionais. Por exemplo, a África Subsaariana continua a sofrer com as maiores taxas de pobreza entre jovens que trabalham em todo o mundo, chegando a quase 70%. As taxas de pobreza entre jovens trabalhadores também são elevadas nos Estados Árabes (39%) e no Sul da Ásia (49%).
Nas economias desenvolvidas, há cada vez mais evidências de uma mudança na distribuição da pobreza por idade, com os jovens tomando o lugar dos idosos como o grupo de maior risco para a pobreza (nas economias desenvolvidas, a pobreza se define quando a pessoa ganha menos de 60% do rendimento médio). Por exemplo, em 2014, a porcentagem de jovens trabalhadores na União Europeia classificados em alto risco de pobreza era de 12,9%, em comparação com 9,6% dos trabalhadores em idade ativa (entre 25 e 54 anos). O desafio é particularmente agudo em alguns países onde a parcela de jovens trabalhadores em risco de pobreza é superior a 20%.
Vontade de migrar
Entre as muitas razões para a migração (por exemplo, conflitos armados, desastres naturais, etc), uma taxa de desemprego elevada, o aumento da susceptibilidade à pobreza entre trabalhadores e a falta de oportunidades de emprego de boa qualidade são fatores fundamentais que definem a decisão de jovens de migrar permanentemente para o Exterior.
Globalmente, a porcentagem de jovens entre 15 e 29 anos que estão dispostos a se mudar definitivamente para outro país era de 20% em 2015. A maior inclinação para mudar para o Exterior, de 38%, era encontrada na África Subsaariana e na América Latina e no Caribe, seguidas de perto pelo Leste Europeu com 37%.