Etiópia: Semana da Paixão...

Quarta, 27 Abril 2016 12:44 Escrito por  InfoANS
O massacre perpetrado no dia 15 de abril, nos limites entre o Sudão do Sul e a Etiópia, é uma ferida profunda para toda a população local: foram mortas 208 pessoas e mais de 100 crianças sequestradas, sem falar do espólio de aproximadamente 2000 vacas, em uma realidade em que os animais são a primeira fonte de sustento. O padre Filipe Perin, salesiano missionário em Pugnido, região de Gambela, próximo ao lugar da carnificina, conta: “Nós estamos terminando a quaresma. Chegamos ao Domingo de Ramos. Inicia a Semana da Paixão…: por tudo que aconteceu, estamos vivendo três dias de luto na região de Gambela”.

Segundo as autoridades etíopes, quem atacou o povoado de Jikawo, na zona e região de Gambela, habitada pela etnia ‘nuer’, foram membros da tribo sul-sudanesa dos ‘murle’. Eram mais de 100, vindos antes do alvorecer e circundando algumas vilas. O exército do centro mais próximo, Lare, e depois de Gambela, chegou logo que pôde: mas o grupo mais numeroso conseguiu fugir. A área em causa já vem sendo disputada entre várias comunidades dedicadas à pastoral faz tempo, verificando-se, por isso,  numerosos e violentos confrontos.

 

Recentemente o ministro do Interior esteve em Gambela “para estar perto da população e para tentar recuperar, sobretudo, as crianças sequestradas”, explica o padre Perin.

 

As autoridades do Sudão do Sul e da Etiópia estão se organizando para recuperar as crianças e deter os autores do massacre. “Dizem que já se fizeram os primeiros contatos para reaver as crianças”, conta o missionário, acrescentando que nestes dias não faltam “manifestações de vizinhança à etnia ‘nuer’ ”.

 

“O pensamento se volta para aquelas pessoas mortas: vivi seis anos naquela região e estive várias vezes no povoado de Jikawo para ver se podíamos construir uma igrejinha; depois, visto que estava muito perto do rio, nos deslocamos para Biro Mitol e, por fim, para Nib Nib, por onde passávamos para ir a fazer catequese e onde tenho tantos amigos, que espero estejam ainda vivos, mas dos quais não tenho notícias”, conclui o missionário.

 

InfoANS

 

 

 

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Última modificação em Sexta, 28 Junho 2024 17:56

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Quarta, 27 Abril 2016 12:44 Escrito por  InfoANS
O massacre perpetrado no dia 15 de abril, nos limites entre o Sudão do Sul e a Etiópia, é uma ferida profunda para toda a população local: foram mortas 208 pessoas e mais de 100 crianças sequestradas, sem falar do espólio de aproximadamente 2000 vacas, em uma realidade em que os animais são a primeira fonte de sustento. O padre Filipe Perin, salesiano missionário em Pugnido, região de Gambela, próximo ao lugar da carnificina, conta: “Nós estamos terminando a quaresma. Chegamos ao Domingo de Ramos. Inicia a Semana da Paixão…: por tudo que aconteceu, estamos vivendo três dias de luto na região de Gambela”.

Segundo as autoridades etíopes, quem atacou o povoado de Jikawo, na zona e região de Gambela, habitada pela etnia ‘nuer’, foram membros da tribo sul-sudanesa dos ‘murle’. Eram mais de 100, vindos antes do alvorecer e circundando algumas vilas. O exército do centro mais próximo, Lare, e depois de Gambela, chegou logo que pôde: mas o grupo mais numeroso conseguiu fugir. A área em causa já vem sendo disputada entre várias comunidades dedicadas à pastoral faz tempo, verificando-se, por isso,  numerosos e violentos confrontos.

 

Recentemente o ministro do Interior esteve em Gambela “para estar perto da população e para tentar recuperar, sobretudo, as crianças sequestradas”, explica o padre Perin.

 

As autoridades do Sudão do Sul e da Etiópia estão se organizando para recuperar as crianças e deter os autores do massacre. “Dizem que já se fizeram os primeiros contatos para reaver as crianças”, conta o missionário, acrescentando que nestes dias não faltam “manifestações de vizinhança à etnia ‘nuer’ ”.

 

“O pensamento se volta para aquelas pessoas mortas: vivi seis anos naquela região e estive várias vezes no povoado de Jikawo para ver se podíamos construir uma igrejinha; depois, visto que estava muito perto do rio, nos deslocamos para Biro Mitol e, por fim, para Nib Nib, por onde passávamos para ir a fazer catequese e onde tenho tantos amigos, que espero estejam ainda vivos, mas dos quais não tenho notícias”, conclui o missionário.

 

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