Card. Maradiaga: “Parece-me que seja muito importante, mesmo como sinal. No momento em que alguns países buscam fechar-se, o Santo Padre ‘se abre’, e se abre indo a Lesbos... Certamente não é fácil enfrentar esta viagem em um só dia, mas ele o fará também por amor e para fazer com que toda a comunidade internacional reflita sobre o fato que os refugiados e os migrantes não são inimigos, mas gente que sofre, gente pobre, que precisa de tudo. E não é somente uma ajuda intelectual, teórica, feita de medidas políticas; pior ainda, quando se constroem muros, que são a negação da solidariedade. Penso que seja certamente um problema complexo, mas o Santo Padre com este gesto, inclusive ecumênico, porque vai com o Patriarca, convida a uma maior humanidade.”
RV: É de se esperar que com esta viagem também a consciência dos povos seja despertada, mas, sobretudo, dos líderes políticos?
Card. Maradiaga: “Digo que a consciência de todos deve ser despertada, porque também isso é uma obra de misericórdia. E no Ano da Misericórdia não pode faltar.”
RV: Passados 25 anos da “Centesimus Annus”, agora com o Papa Francisco se vê que a Doutrina Social da Igreja continua desempenhando um papel importante...
Card. Maradiaga: “Certamente, e não poderá faltar, porque não se trata somente de ‘coisas espirituais’. O Papa Francisco levou-nos a colocar os pés no chão, e isto é o que a Doutrina Social da Igreja procura fazer: ajudar a fim de que a humanidade entenda que na Criação o ápice é o ser humano. Na economia e também na política as outras coisas são ‘coisas’, as pessoas, ao invés, são criaturas de Deus”.