“Queridas irmãs,
Vocês receberão os votos de Santa Páscoa por meio da última circular, mas sinto igualmente no coração o desejo de chegar a vocês. De Moçambique, onde me encontro em visita às irmãs, compartilho com cada uma a alegria que o tempo pascal derrama com abundância sobre a Igreja, sobre a família, sobre cada pessoa, especialmente se for pobre, abandonada, esquecida, ferida em sua dignidade de filha/o de Deus.
É um tempo de graça que vivemos à luz do Ano da Misericórdia e a Páscoa é o triunfo da Misericórdia, a vitória da vida sobre toda forma de morte, a festa da esperança. Sentimo-nos unidas a tantos irmãos e irmãs que em várias partes do mundo são perseguidos e, muitas vezes, mortos por sua fidelidade a Jesus, morto e ressuscitado para a salvação de todos.
Unimo-nos ao pedido que faz o reitor-mor dos salesianos, padre Ángel Fernández Artime, a toda a Família Salesiana de rezarmos intensamente pelas pessoas de diversas religiões e confissões que sofrem um autêntico martírio. Rezemos de modo particular para o padre Tom Uzhunnalil, sequestrado durante o assassinato de quatro irmãs de Madre Teresa de Calcutá, no Iêmen, e do qual não se teve mais nenhuma notícia. Com a própria vida de fé fundada sobre a rocha, estes testemunhos nos exortam a sermos nós mesmas mulheres pascais que com a força da oração e gestos de misericórdia dão razão da riqueza do mistério pascal acolhido cada dia com renovada esperança.
Não é fácil caminhar nesta estrada pascal porque é necessário que nos desprendamos de toda forma de obrigação e desânimo, de desconfiança e fraqueza humana e espiritual para acolher as exigências do encontro com Jesus, que nos transforma e nos torna evangelizadoras.
Abramos a porta santa do nosso coração e das nossas comunidades para encontrar o olhar de Jesus, mantê-lo esculpido em nós, para que os sentimentos dele se tornem também os nossos sentimentos, a tal ponto que confirme nossa existência na Sua, que é misericórdia, ternura, bondade, confiança, acolhimento total da vontade de amor do Pai para com a humanidade inteira.
Creio, queridas irmãs, que seja este o modo mais verdadeiro para celebrar a Páscoa, não como pessoas cansadas, mas como mulheres ressuscitadas, audazes, conscientes de que cada gesto de misericórdia realizado com solicitude e amor produz frutos de paz, de serenidade e de justiça.
Os jovens hoje esperam estes sinais de nossa parte, que, estou segura, não deixaremos de oferecer a todos, às suas famílias, a quantos sofrem injustiças e violências e, apesar de tudo, dirigem o olhar para um futuro de esperança.
Sinto-me em profunda comunhão com todas vocês neste caminho pascal, que torna forte a nossa comunhão, nos faz sermos profecia na Igreja, como deseja o Papa Francisco, e invoca a paz, sobretudo, nas terras onde ela está em perigo ou sufocada pela violência.
Uno a esta breve mensagem o meu reconhecimento pelos votos que vocês me enviaram. Retribuo os mesmos na oração e com o desejo de que a Páscoa seja celebrada na gratidão, alegria e esperança!”
Madre Yvonne Reungoat, Maputo, 23 de março de 2016