Aleppo é uma cidade sitiada: não se pode sair nem entrar livremente. Bombas e mísseis caem com frequência sobre os bairros da cidade. “Estou voltando de uma visita a pessoas mutiladas pela explosão de uma bomba caída em sua casa", refere o padre Georges Fattal."Há quem perdeu os olhos, quem perdeu as mãos… É perigoso sair para a rua. Mas pode-se morrer também ficando tranquilamente em casa”.
Felizmente a obra salesiana está situada em uma área entre as menos atingidas pela violência.Também por isso, é muito frequentada pelos meninos, que ali procuram um pouco de paz, um pouco de normalidade.“Este oratório sempre atraiu muitos jovens e deu também muitas vocações à Igreja e aos Salesianos. Mas agora eles nos chegam também de outras áreas da cidade. É que tantas igrejas foram destruídas”.
Certamente não é indiferente à popularidade do oratório o auxílio, também material, oferecido pela comunidade salesiana: “Graças à Congregação Salesiana e a alguns benfeitores, podemos ajudar as famílias dos 700 oratorianos; há poucos dias, pudemos distribuir 800 pares de calçados; nestes dias, como sempre no fim do mês, estamos entregando comida e ajuda econômica, embora com a guerra os preços estejam chegando às nuvens...”.
O empenho dos Salesianos vai todo para os jovens: “Procuramos pôr-nos a seu serviço e dar um sorriso nestes tempos de dor”, explica o religioso. Os meninos reconhecem esse empenho e são os primeiros a crer que se pode resistir à desesperança. Ouçam esta: “Amanhã é sábado, encenaremos um grande espetáculo, escrito pelo padre Pier Jabloyan, SDB, que trata justo do ver um pouco de luz em meio a tanta escuridão...Perguntamos aos rapazes se queriam continuar a prepará-lo mesmo assim e, apesar do perigo dos bombardeios, foram eles a insistir para que se fizesse”.
Juntos, jovens e Salesianos, estão transformando a realidade da guerra em uma oportunidade para aprofundar a Fé. “Ver-nos-emos quinta-feira à tarde com os universitários e refletiremos: ‘O que lhe trouxe de bom esta guerra?’, porque estamos convencidos de que, como dizia São Paulo, tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus”.
Com este mesmo espírito o padre Fattal está trabalhando para fazer presente também nos jovens de Aleppo o Jubileu da Misericórdia: “Nesta situação ninguém pensa nisso, mas queremos fazer-lhes viver o perdão, a Misericórdia... Fazê-los sentir-se parte da Igreja que acolhe todos os seus filhos”.
E conclui com um apelo: “Toda segunda-feira fazemos uma hora de adoração eucarística pela paz, das 18 às 19 horas. Fazei o mesmo por nós, se puderdes também na mesma hora, em comunhão espiritual: temos Fé na força da Oração!”.