“Celebrar o Jubileu da misericórdia convosco significa aprender a não ficar prisioneiros do passado, de ontem. É aprender a abrir a porta ao futuro, ao amanhã: é crer que as coisas possam ser diferentes. (...) Celebrar o Jubileu da misericórdia com vocês é repetir a frase que ouvimos há pouco (pronunciada por uma detenta, Evelia), e que foi dita com muita força: ‘Quando me deram a sentença, alguém me disse: não te perguntes pelo motivo que estás aqui, mas com qual finalidade’. Este ‘por qual finalidade’ nos leve adiante e faça-nos superar os enganos sociais, que acreditam que a segurança e a ordem são alcançadas apenas encarcerando”.
Mais tarde, o Papa encontrou-se com trabalhadores e empresários, aos quais disse: “todos nós precisamos lutar para fazer com que o trabalho seja uma instância de humanização e de futuro; um espaço para construir a sociedade e a cidadania”.
Depois de visitar o seminário de Ciudad Juárez, o Santo Padre foi a uma esplanada, chamada “El Punto”, nas proximidades da fronteira com os Estados Unidos, para celebrar a missa com cerca de 200 mil fiéis. O Papa não só denunciou a injustiça e a dor sofridas por quem é obrigado a deixar a sua terra, pelas pessoas tratadas como “bucha de canhão”, que procuram de alguma maneira “chegar ao Norte”; também denunciou, elevando a voz, as causas que obrigam as pessoas a deixarem a própria pátria, em uma tragédia humana de alcance global.
“Peçamos ao nosso Deus o dom da conversão, o dom das lágrimas, disse concluindo a homilia. Peçamos-lhe para poder ter, como os ninivitas, o coração aberto ao seu apelo no rosto sofredor de tantos homens e mulheres. Chega de morte e abuso! Existem oportunidades: sempre há tempo para mudar, sempre há um modo de sair e sempre há uma oportunidade, sempre há tempo para implorar a misericórdia do Pai”.
Concluída a celebração, o Papa foi acompanhado ao aeroporto de Ciudad Juárez onde, com o mesmo afeto de quando chegara, foi saudado antes de iniciar a viagem de volta para Roma.