As ruas de Bujumbura, capital de Burundi, amanheceram, no dia 12 de dezembro, cobertas dos cadáveres de dezenas de jovens, no geral de etnia tútsi. Segundo informam fontes locais à Agência Fides, “o balanço oficial dos mortos é de 87. Mas várias organizações da sociedade civil e outras fontes garantem que os mortos pelas ruas podem ser mais de 200... Grande parte desses cadáveres foi encontrada com as mãos atadas às costas e com tiros na cabeça. (….). A crise atual é política, não é étnica, aas sacrifica a maioria tútsi da oposição e poupando até agora a hutu, quer-se tentar atribuir essa característica à crise ”.
O salesiano padre Ferdinando Ntunzwe, diretor da Cité des Jeunes, em Buterere, subúrbio de Bujumbura, informou que sexta-feira “tivemos de suspender as aulas, porque só tinham vindo alguns rapazes das vizinhanças da Capital e nenhum professor, porque a cidade está bloqueada e os bairros, cercados. Somos prisioneiros do nosso próprio bairro”.
Este é apenas um dentre os episódios de violência verificados em Burundi desde abril, isto é, desde que o presidente Pierre Nkurunziza mudou a Constituição para concorrer a um terceiro mandato, estratégia que lhe valeu a reeleição no mês de julho. A violência agora pode descambar em um novo conflito armado, visto que a intensificação das agressões está reproduzindo cenários que levaram àquela guerra civil que devastou o país entre 1993 e 2005.
Os salesianos, presentes em três cidades – Ngozi, Rukago, Bujumbura, temem por um iminente reinício de guerra: “Estamos claramente em uma situação de perigo: tiros esporádicos durante a noite já se tornaram um hábito. A Capital paralisada é um mau presságio. Devemos, todavia, esperar e ver como irá evoluir a coisa. Por ora, conclui o padre Ntunzwe, só nos resta rezar por uma solução pacífica da situação”.