Depois da saudação, o Papa Francisco ouviu atentamente cada um dos testemunhos sucessivos do padre Crispin Borda Gómez, reitor do seminário de São Luis de Cochabamba, e da irmã Gabriela Cuellar, da Congregação de São José de Chambéry; e a história vocacional de Damián Uriona, seminarista diocesano.
O Papa refletiu sobre o Evangelho de Marcos, no passo que fala de como o mendigo cego Bartimeu gritasse alto e bom som a Jesus para que o fizesse ver novamente. Passou a analisar as diversas respostas aos gritos dos necessitados: ‘passar adiante’, ‘mandar que se calem’, ‘ajudá-los a levantar-se’.
Passar adiante – “É o eco que nasce de uma alma ‘blindada’, fechada, que perdeu a capacidade de admirar-se e portanto a possibilidade de mudar. Quantos que seguimos Jesus corremos este perigo de perder a capacidade de admirar-se até com Jesus!”.
‘Pedir que se calem’ – “‘Fique quieto’, ‘não me incomode’, ‘não perturbe’, ‘estamos fazendo a oração comunitária’, ‘encontramo-nos em uma elevação espiritual... profunda’,‘não perturbe’,‘não incomode’. À diferença da atitude anterior, esse escuta, reconhece, toma contato com o grito do outro. Dá-se conta que existe. E reage de modo muito simples, repreendendo-o”.
‘Ajudá-los a levantar-se’ – “Deixa o anonimato da multidão para identificá-lo, empenhando-se por ele. Radica-se na vida. E longe de pedir que se cale, roga-lhe: ‘Diga: que posso fazer por você?!’. Não há necessidade de fazer ‘sermão’: pergunta se lhe permite ou não falar. .... Identifica-o querendo fazer parte da sua vida, querendo compartilhar da sua mesma sorte. Assim se lhe vai restituindo gradualmente a dignidade que havia perdido…”.
O Papa Francisco concluiu o seu discurso esclarecendo que esta é a “pedagogia do Mestre, a pedagogia de Deus com o Seu povo. Passar da indiferença do ‘zapping’ à coragem, dizendo “Levanta-te! Ele te chama!” (Mc 10,49). Não porque sejamos especiais, não porque sejamos melhores, não porque sejamos servos de Deus! Só porque somos testemunhas agradecidas da misericórdia que nos transforma”.