O diálogo foi aberto pelas palavras emocionadas do reitor-mor dos salesianos, padre Ángel Fernández Artime, que em sua fala lembrou que Dom Bosco “iniciou tudo com uma Ave-Maria e no jeito de um oratório”, explicando também que o Seu “segredo” consistia em “aceitar a vida como missão entre os jovens, a Ele confiados por Deus”, na certeza de que “Deus quer a salvação de cada jovem, a partir dos mais expostos ao desamparo humano e religioso”.
Chegou assim a vez do Papa que logo abandonou o discurso oficial para falar com maior espontaneidade. Primeiramente o Papa Francisco recordou, com simpatia, o seu conhecimento direto com o padre Artime, nascido no âmbito de uma peregrinação juvenil nacional à Virgem de Luján, quando um era o arcebispo de Buenos Aires e o outro inspetor salesiano. “Esse é o ‘gallego’ (galego) que aqui veio para mandar!” brincara então. Mas, voltando ao sério, afirmou o Pontífice haver-lhe apreciado “a humildade e o serviço”.
O Papa e a Espiritualidade Salesiana
Ainda na Basílica de Maria Auxiliadora, o Papa sublinhou os numerosos e já conhecidos motivos que o ligam à espiritualidade e à Família Salesiana: a figura do padre Enrico Pozzoli, fundamental para ele e para seus pais; a paixão esportiva pelo ‘São Lourenço de Almagro’ (“time com as cores da Auxiliadora (azul e vermelho), mas formado por meninos de rua”), obra do salesiano padre Lourenço Massa; e particularmente o ano passado no Instituto Salesiano, em Ramos Mejía, onde disse ter aprendido “a amar Nossa Senhora”, onde foi educado “à beleza, ao amor, à afetividade”, segundo aquele estilo que Dom Bosco mesmo utilizava com os seus jovens, estilo aprendido da bondade (‘amorevolezza') de Mamãe Margarida. “Sou muito grato à Família Salesiana por quanto me fez na vida”, sintetizou Francisco.
Falando de Mamãe Margarida (“sem a qual não se pode compreender Dom Bosco”), o Santo Padre falou sobre o papel da mulher e dos modelos educativos femininos a serem propostos às meninas e jovens, às alunas dos Salesianos e das Filhas de Maria Auxiliadora. Não à funcionalidade dos papéis, mas a educação segundo figuras autorizadas de mulheres que sabem amar, foi a resposta do Papa a quem pede nomeações femininas para os vértices curiais.
O Papa Francisco falou ainda dos tempos de hoje e comparando-os com aqueles de Dom Bosco, observou: são “muitas as coisas que mudaram (hoje), mas a situação dos jovens continua mais ou menos a mesma”. Por isso, exclamou, “o vosso carisma é de uma atualidade grandíssima”, invocando opções corajosas pelos Salesianos, a fim de que, como Dom Bosco, saibam ser ousados sem deixar de ser concretos: “O salesiano é concreto: vê o problema, pensa no que fazer e assume a situação”.
Da visão salesiana apreciou mais dois aspectos: a atenção à formação profissional, sobretudo hoje, perante a chaga do desemprego juvenil, que leva a exigir “uma educação à medida da crise”; e “a missionariedade”, testemunhada por tantos homens e mulheres que expenderam sua vida pela evangelização das gentes, inclusive as da Patagônia.
Após atravessar lentamente a nave central da Basílica, saudando solícito a quem quer que o parasse, à porta da Templo se despediu dos fiéis presentes na Praça, convidando-os a serem sempre alegres e, como de costume, a rezarem por Ele.
A chegada do Papa a Turim
O Papa Francisco chegou a Turim no domingo, 21 de junho, pouco depois das 8h, sendo acolhido no Aeroporto de Caselle, entre outros, pelo arcebispo de Turim, dom Cesare Nosiglia e pelo prefeito Piero Fassino. O primeiro dos seus 13 compromissos oficiais nos dois dias em Turim foi o encontro com o mundo do trabalho no Palácio Real. Após ser saudado por uma operária, um agricultor e um empreendedor, o Papa expressou sua proximidade aos jovens desempregados, às pessoas que vivem em situação precária, mas também a todos os trabalhadores de todos os setores, reiterando uma vez mais que o trabalho não é necessário somente para a economia, mas para a pessoa humana, a sua dignidade, cidadania e inclusão social.
O Sumo Pontífice afirmou, entre outras coisas, que “somos chamados a dizer “não” à idolatria do dinheiro, à corrupção, que de tão difundida parece ser um “comportamento normal” -, “não” aos conluios mafiosos, às fraudes, às propinas e coisas do gênero, “não” à iniquidade que gera violência. Dom Bosco – observou o Papa – nos ensina que o melhor método é o preventivo. Mesmo o conflito social pode ser prevenido, "e isto se faz com a justiça".
Numerosos encontros
No primeiro dia de sua visita a Turim, 21 de junho, o Pontífice teve um grande encontro com a juventude, na Praça Vitório Vêneto, no centro de Turim, durante o qual alguns jovens lhe dirigiram algumas perguntas, que tocaram o coração do Evangelho. O Papa havia preparado um discurso para os milhares de jovens presentes, mas, depois, decidiu falar espontaneamente, segundo os ditames do seu coração. No entanto, o site Vaticano News publicou a versão integral do discurso que o Santo Padre havia preparado aos jovens de Turim, clique aqui para ler.
Na ocasião, o Pontífice, além de peregrinar até o Santo Sudário e de homenagear Nossa Senhora da ‘Consolata’, também visitou os doentes, os deficientes e os idosos, residentes no Cottolengo, a quem o Papa reservou palavras de grande afeto e esperança: “Vós sois membros preciosos da Igreja,sois a carne de Cristo crucificado que temos a honra de tocar e de servir com amor.Com a graça de Jesus vós podeis ser testemunhas e apóstolos da divina Misericórdia que salva o mundo”.
No último dia de sua viagem a Turim, o Papa Francisco visitou o Templo Valdense, se encontrou de forma estritamente particular com os parentes piemonteses, se reuniu com os membros da Comissão da Exposição do Santo Sudário e com os organizadores que o ajudaram na visita.
Com informações da InfoANS e do Vaticano News