O cardeal Angelo Amato, delegado do Santo Padre, fez a tradicional leitura da Carta Apostólica do Papa Francisco: “Óscar Arnulfo Romero, arcebispo, mártir, que, sustentado por Cristo, Pedra Angular, deu a vida pela construção do Reino, de agora em diante será chamado Beato”. Poucos instantes depois, removido o pano azul, apareceu o retrato do novo bem-Aventurado por entre os aplausos e o entusiasmo dos numerosos fiéis.
O arcebispo de São Salvador, Romero, foi morto em 24 de março de 1980 pelos “esquadrões da morte” ligados ao governo militar da época, fazendo-o calar por suas contínuas denúncias contra as violências do regime. Como recordou o Papa Francisco, em 24 de maio, “foi morto ‘in odium fidei’ enquanto celebrava a Santa Eucaristia". "Esse zeloso Pastor, sublinhou o Pontífice, a exemplo de Jesus Cristo, escolheu estar no meio do seu povo, especialmente dos pobres e oprimidos, mesmo à custa da vida".
“É luz das nações e sal da terra. Se seus perseguidores sumiram na sombra do esquecimento e da morte, a memória de Romero continuará viva e a dar conforto a todos os desamparados e marginalizados da terra”, disse o prefeito para a Congregação das Causas dos Santos, na homilia, várias vezes interrompida pelos gritos de alegria da multidão, associados a cantos espontâneos tirados da Missa popular salvadorenha.
“Com a missa de hoje, disse dom Paglia, postulador da Causa de beatificação de Romero, se dá o cumprimento àquela Celebração Eucarística interrompida no sangue”, e àquela dos funerais, marcados que foram pelo massacre de fiéis, feito pelo exército.
O cardeal Óscar Rodríguez Maradiaga, SDB declarou: “A América Latina se sente reconhecida pela beatificação do arcebispo de São Salvador, dom Óscar Arnulfo Romero. É uma luz no firmamento da Igreja a nos guiar e a nos manter unidos, conservando os pobres no centro dos nossos corações”.
No grande palco preparado para a cerimônia, foi exposta, entre as várias relíquias, ao lado da palma do martírio, a camisa celeste que vestia Romero, manchada de sangue.
A Arquidiocese de San Salvador reservou para a celebração mais de 1.400 lugares para os mais pobres, os preferidos de Deus e do “Monseñor” (Dom), como lhe chamam os salvadorenhos a Romero.
Realmente Romero teve de Deus “a capacidade de ver e ouvir o sofrimento do seu Povo” e orientá-lo com coração sensível, como sublinhou o Papa Francisco na Carta que mandou ao atual arcebispo de San Salvador, dom José Luis Escobar Alas.
A festa de Romero foi celebrada no dia 24 de março, dia do seu martírio.