“Bem-vindos todos! Desejo que vos sintais em casa, nesta casa comum em que viveremos a Jornada Mundial...”. Foi com estas palavras que o cardeal Patriarca de Lisboa, dom Manuel Clemente, acolheu os cerca de 300 mil peregrinos que participaram da missa de abertura da Jornada Mundial da Juventude, no Parque Eduardo VII.
Realizada entre os dias 1 a 6 de agosto, a 38ª Jornada Mundial da Juventude bateu o recorde no número de participantes. Ao todo, foram mais de 354 mil peregrinos oficialmente inscritos, sendo a maior parte deles da Espanha, com mais de 77 mil participantes; seguida pela Itália, com quase 60 mil; Portugal, com mais de 43 mil, depois a França, com 42 mil; e os Estados Unidos, com 19 mil.
Guiada pelo tema “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1, 39), a JMJ 2023 teve entre seus pontos altos a cerimônia de acolhida, que levou meio milhão de pessoas para o Parque Eduardo VII para o primeiro encontro oficial com o Papa Francisco, no dia 3 de agosto. “...Aqui fostes chamados por mim, pelo Patriarca, pelos vossos bispos, sacerdotes, catequistas e animadores. Mas foi sobretudo Jesus quem vos chamou. O Senhor chamou-vos, não só nestes dias, mas desde o início dos vossos dias. Sim, Ele chamou-vos pelo nome...”, afirmou o Pontífice.
Jesus caminha por mim
No dia seguinte, 4 de agosto, 50 jovens, de 21 países, recordaram o martírio de Cristo na Via-Sacra. Em várias etapas, alguns jovens deram seus testemunhos de sofrimento, esperança e amor. Na ocasião, o Papa Francisco exortou os mais de 800 mil jovens presentes a exclamar: “Jesus caminha por mim”, porque “ninguém tem mais amor do que aquele que dá a sua vida”.
Já na Vigília de 5 de agosto, o Pontífice falou sobre o sofrimento do homem, suas possíveis causas e afirmou, aos 1,5 milhões de peregrinos que se reuniram no Parque Tejo: “Junto de cada cruz, está sempre a Mãe de Jesus. Com o seu manto, Ela enxuga as nossas lágrimas. Com a sua mão, faz-nos levantar e acompanha-nos pelo caminho da esperança”.
SYM DAY
Como ocorre tradicionalmente nas Jornadas, centenas de jovens do Movimento Juvenil Salesiano (MJS, que no Brasil recebe o nome de Articulação da Juventude Salesiana – AJS) se reuniram, num clima típico de oratório salesiano, para celebrar o Dia do MJS (SYM DAY em inglês).
Realizado no dia 2 de agosto, na presença salesiana do Estoril, o SYM DAY contou com a participação de mais de 9 mil jovens, 500 voluntários, além de Salesianos de Dom Bosco, Irmãs Filhas de Maria Auxiliadora, animadores e leigos. Também estiveram presentes o Reitor-mor dos Salesianos, padre Ángel Fernández Artime, e a Superiora geral das FMA, Madre Chiara Cazzuola.
Ao longo do SYM DAY ocorreu o “Fórum do MJS”, com a participação dos conselheiros para a Pastoral Juvenil dos Salesianos e das FMA: padre Miguel Ángel García e irmã Runita Galve Borja, respetivamente; o “Festival SYM”, que nesta edição teve o lema: “Vem, Vive e Anuncia”; e, por fim, a Vigília de Oração com a tradicional “Boa noite” do Reitor-mor e da Madre-geral.
Madre Chiara iniciou o seu discurso agradecendo: “Queridos jovens, agradeço pela oportunidade de me dirigir a vocês no final deste belo e intenso dia em que vivemos muitos momentos de uma grande experiência, que nos aproximaram e fortaleceram na fé”, disse a madre Chiara.
Já o Reitor-mor afirmou: “Ir em peregrinação é muito diferente de sair de férias. E vocês, queridos jovens, estão aqui hoje como peregrinos, sempre em busca do Senhor Jesus...”.
Antes de encerrar, padre Artime lançou um desafio a todos: “Queridos jovens: sonhem com algo belo e autêntico para suas vidas a partir de Deus. Deem passos todos os dias para tornar este sonho realidade e contagiem tantos outros jovens!”.
“Sinto um grande anseio em proclamar essa ‘boa nova’”
Mailla Beatriz Louzada de Oliveira, de 25 anos, atua na Pastoral Juvenil do Colégio Auxiliadora de Ribeirão Preto, SP, e esteve na JMJ Lisboa 2023, onde representou os jovens do Brasil que frequentam as presenças das Filhas de Maria Auxiliadora. Em entrevista ao Boletim Salesiano, Mailla falou sobre a emoção de participar do evento e o que mudou em sua vida após a JMJ.
O que motivou você a participar da JMJ em Lisboa?
Eu fui convidada para representar os jovens das quatro inspetorias do Brasil das Filhas de Maria Auxiliadora. Com isso, eu e a irmã Monaliza Carolina Machado representamos toda a Conferência das Inspetorias das Filhas de Maria Auxiliadora (CIB).
O que você considerou mais importante/relevante nesse evento?
A conexão com os jovens do mundo todo, conseguir enxergar uma Igreja viva.
Houve algum momento em particular que tenha marcado a sua participação de alguma forma?
O momento mais emocionante para mim foi o primeiro dia em que o Papa chegou. Me lembro de ouvir o apresentador dizer: seja bem-vindo, Papa Francisco! É aquilo me deu um nó na garganta, chorei muito. Vê-lo (e ele nem tinha dito nada) transmitiu uma positividade e uma alegria enormes.
Quanto às perspectivas, o que você traz na bagagem após a JMJ Lisboa 2023?
Trago em minha bagagem as vivências e muita esperança transbordada nas falas do Papa que quero espalhar por onde eu for.
O que mudou em sua vida – como jovem, como cristã, como Família Salesiana – após esse evento?
Sinto que consegui voltar renovada. Voltar ao meu primeiro amor em minha vida de fé. Como jovem, sinto um grande anseio em proclamar aos jovens que comigo vivem essa “boa nova”, trazendo para perto a fala do Papa, de que a Igreja é para todos; como Família Salesiana, me sinto pertencente verdadeiramente a esta família. Entendo hoje, na prática, o amor de Dom Bosco e Mazzarello pela juventude e isso me faz querer perpetuar ainda mais este amor. Meu pós-jornada tem sido muito nostálgico. Penso o tempo inteiro no quanto Deus é bom por ter me confiado essa experiência. Amo muito poder partilhar e quero que o brilho em meus olhos não se apague.
Participação brasileira e salesiana na JMJ 2023
Confira os testemunhos de alguns jovens brasileiros que estiveram nesta edição da Jornada Mundial da Juventude.
“A Jornada em si foi uma experiência surreal pra mim, jamais vou conseguir explicar pra quem nunca vivenciou isso. Me senti muito privilegiado por Deus por ter a oportunidade de viver tudo o que vivi e, claro, por vivenciar tudo isso com milhões de jovens que buscam seguir Jesus e servir à Igreja...”.
Irmão Fausto, SDB, 21 anos, Inspetoria Nossa Senhora Auxiliadora, SP.
“Para mim, a experiência da JMJ foi única e transformadora. O que vivi nesses dias em Portugal foi algo que, realmente, me mudou. Numa experiência tão intensa, Deus se mostra presente em todos os momentos. Desde o acolhimento nas casas das famílias em que dormimos até a vigília, é impossível não se sentir tocado”.
Pedro Borin Salvestro, 19 anos, Paróquia Sagrada Família, São José dos Campos, SP.
“Em diversos momentos fui presenteada por sentir a presença de Deus, mas não houve certeza maior de sua presença do que na vigília, quando, em meio a uma multidão de pessoas, pairou um “silêncio ensurdecedor” durante a exposição do Santíssimo Sacramento. Volto para casa com as energias renovadas e a certeza de que a Jornada continua, na missão de transmitir aos jovens da minha comunidade, que não puderam estar presentes em Lisboa, as mensagens do Santo Padre”.
Maria Sanches Françóia, 25 anos, coordenadora do Grupo de Ação Missionária (GAM), Piracicaba, SP.
“Foram dias de tanta conexão com Deus, sinais, acolhimento e interação entre os peregrinos que não dá para acreditar que eu estive lá no meio daqueles 1,5 milhão de jovens debaixo de sol quente para adorar a Deus sem medo, vergonha ou distinção de nacionalidade, cultura, raça… Todo mundo ali era só amor e tinha amor pra dar e isso só é possível quando Deus está presente”.
Anita, 21 anos, Lavras, MG.
“Assim que chegamos na JMJ, o Papa Francisco disse que a radicalidade de um jovem cristão estava no simples fato de se perguntar sobre as coisas da vida. Isso pra mim foi uma confirmação muito grande da nossa missão aqui na terra! Estar ali no meio daquela multidão foi um sentimento difícil de explicar, ver que Deus é capaz de juntar mais de um milhão de jovens no mesmo ambiente, no qual todos acreditam no mundo unido e creem que, juntos, podemos fazer coisas grandes, isso é de arrepiar”.
Pedro Giovanni, 22 anos, São José dos Campos, SP.