Estas duas irmãs nascidas com uma vocação comum têm muitas vezes sintonizado em temas relevantes, mas poucas vezes há conflito e distância nervosa. Há sintonia quando os cristãos e os cidadãos laicos vivem e agem politicamente motivados por valores e projetos comunitários e universais. Há sintonia quando cristãos e cidadãos comuns não se acomodam à mesmice e ao status quo, defendendo privilégios, nepotismos ou em alguns casos, até participando de pequenas corrupções institucionais ou confessionais, olvidando que política e religião são instrumentos de algo maior que é a fraternidade e a solidariedade. Há conflito quando não se cuida do exercício do poder e se faz da democracia uma palavra vazia e oca que tira a esperança dos empobrecidos. Há conflito quando grupos ocultos de poder e muito dinheiro compram as consciências de cidadãos e de cristãos subvertendo a democracia e a participação das pessoas nas decisões em favor da vida e da dignidade humana.
Há sintonia quando um cristão exerce um cargo público ou estatal e faz confluir as energias de todos para um plano diretor que estimule a juventude e os grupos da sociedade civil para viver melhor em nossas cidades, superando o medo e a inércia que paralisam e empobrecem a vida e os sonhos. Há conflito quando os leigos cristãos fogem da política e quando os políticos fazem ouvidos surdos para os clamores das comunidades organizadas. Diálogo de surdos gera uma sociedade doente.
Se é verdade que há uma distinção clara entre a esfera política e a esfera religiosa, é também verdade que o ser humano vive muitas dimensões como caminhos necessários da própria humanização. Que seria de nós sem a política? Que seria de nós sem uma sexualidade madura? Que seria de nós sem fazer democracia ativa? Que seria de nós sem a abertura para Deus e a transcendência? É hora de diálogo e de encontrar cristãos maduros no exercício da vida democrática, presentes em ONGs, movimentos sociais e partidos, tendo como critério a beleza do bem comum.
A política é a forma mais elevada do amor. Que este Congresso retome as pontes originárias entre DSI e Política. Esse foi o papel conectivo de tantos cristãos políticos como Frederic Ozanam, Edmond Michelet, Clotário Blest, Alceu Amoroso Lima, André Franco Montoro, Plínio Arruda Sampaio, Konrad Adenauer e, sobretudo, Giorgio La Pira, jurista e prefeito de Florença, um santo político italiano. São João Paulo II dissera em 1990 no Brasil: “O Brasil precisa de santos”. Hoje podemos clamar: “O Brasil precisa de santos políticos”.
Serviço
I Congresso Internacional Doutrina Social da Igreja
Data: 29 a 31.10.2014
Local: UNISAL Santa Teresinha
Rua Augusto Tolle, 575 – Santa Teresinha
Informações e inscrições: www.unisal.br/dsi
Inspetoria Salesiana de São Paulo