A Mensagem para o 1º de Janeiro passado era dedicada à fraternidade: “Fraternidade, fundamento e caminho para a paz”. De fato, uma vez que todos são filhos de Deus, os seres humanos são irmãos e irmãs com uma igual dignidade. A escravidão representa um golpe de morte para tal fraternidade universal e, por conseguinte, para a paz. Na verdade, a paz existe quando o ser humano reconhece no outro um irmão ou irmã com a mesma dignidade.
Persistem no mundo múltiplas formas abomináveis de escravidão: o tráfico de seres humanos, o comércio dos migrantes e da prostituição, o trabalho escravo, propriamente, a exploração do ser humano por outro ser humano, a mentalidade escravagista para com as mulheres e as crianças. Há indivíduos e grupos que se aproveitam vergonhosamente desses procedimentos, tirando partido dos muitos conflitos desencadeados no mundo, do contexto de crise econômica e da corrupção.
A escravidão é uma terrível ferida aberta no corpo da sociedade contemporânea, é uma chaga gravíssima na carne de Cristo! Para combatê-la eficazmente, há que reconhecer acima de tudo, a inviolável dignidade de cada pessoa. Além disso, importa ancorar firmemente esse reconhecimento na fraternidade, que exige a superação de todas as desigualdades, as quais permitem que uma pessoa escravize outra.
Nos é pedido que o nosso agir seja próximo e gratuito para promover a libertação e inclusão para todos. O objetivo a alcançar é a construção de uma civilização fundada sobre a igual dignidade de todos os seres humanos, sem qualquer discriminação. Para isso, é necessário o compromisso da informação, da educação, da cultura em favor de uma sociedade renovada e que se assinale pela liberdade, pela justiça e, logo, pela paz.
O Dia Mundial da Paz resultou da vontade de Paulo VI e é celebrado todos os anos no primeiro dia de Janeiro. A Mensagem do Papa é enviada aos Ministros dos Negócios Estrangeiros de todo o mundo e indica também a linha diplomática da Santa Sé para o ano que se inicia.