Segundo padre Cuevas, quando começaram os combates, em 24 de março de 2013, os missionários salesianos decidiram ficar com a população; e quando a violência reacendeu, em dezembro, “recebemos em nossos ambientes milhares e milhares de pessoas: foi um autêntico problema de segurança e higiene”. Pelo relato do padre, em janeiro deste ano, mais de 65.000 pessoas vieram acampar-se ali, junto à estrutura de Bangui. "Pudemos nos organizar graças aos escoteiros e a uma comissão de crise que montamos com outras organizações internacionais”, descreve padre Cuevas. Hoje, os salesianos em Bangui, nas obras de Damala e Galabadja, acolhem perto de 6.500 pessoas: “Damos o nosso apoio. Ninguém acredita na paz: todos os colóquios faliram. Esta crise só pode ser superada com o desarmamento, a sensibilização, e com a educação dos mais pequenos a conviver pacificamente” – afirmou o padre Cuevas.
O confronto dos membros de Séléka e os Anti-balaka jogaram o país no caos, na violência e na vingança entre muçulmanos e cristãos: “O fundo do problema não era religioso; mas foi manipulado e neste momento, é certo, não podem estar juntos”. Quanto à segurança, “a situação, atualmente, em Bangui está mais ou menos tranquila, graças à presença de forças internacionais, mas o problema está no restante do país: é uma floresta inacessível”, lembra o missionário, " e quem mais sofre é a população que ainda precisa de comida e remédios”.
Padre Cuevas é diretor da Obra salesiana de Galabadja, em Bangui, onde é mantida uma clinica médica com seção de maternidade, aberta 24 horas por dia, no qual, desde o início do conflito, já nasceram 500 crianças. Ele passou mais da metade da sua vida na África. Vai completar 70 anos, 42 dos quais no continente africano, e desses os últimos três na República Centro-Africana.
A obra salesiana no bairro de Galabadja é animada por quatro salesianos que mantêm um asilo com mais de 100 crianças; uma escola básica, frequentada por mais de 650 crianças; uma paróquia com centro juvenil; e uma clinica médica.