Projeto Educativo-pastoral: fundamento da Ação Social Salesiana

Sexta, 17 Novembro 2017 13:36 Escrito por  José Jair Ribeiro (Zeca)
A ação pastoral salesiana é marcada por uma profunda capacidade de encontrar ocasiões de contato, proximidade e comunhão com os adolescentes e jovens. Vai em busca dos seus interlocutores onde eles se encontram e onde, também fisicamente, estão os seus interesses.
 
Aconteceu com Dom Bosco e Madre Mazzarello. Acontece igualmente conosco ainda hoje. Sentimos que Deus nos interpela através do grito de tantos adolescentes e jovens: o grito da fragmentariedade e da divisão interior, da solidão e da incapacidade de se comunicar, da impossibilidade de se inserir na sociedade por falta de trabalho ou de meios para continuar os estudos, da violência que, cada vez mais, atinge tantos adolescentes e jovens; o grito de experiencias que, pouco a pouco, levam à droga e ao alcoolismo. Em síntese, o grito da VIDA.
 
A fome que procura pão, a opressão que procura liberdade, a solidão que procura comunhão, a profanação que procura dignidade, a incerteza que procura segurança, o absurdo que procura sentido, a violência que procura paz... o grito é o apelo do Espírito de Deus que vive em cada adolescente e jovem (Cf. Caderno 2, p. 23).
 
A ação pastoral de Dom Bosco e Madre Mazzarello, a opção de partir dos e das jovens, as suas ideias de projeto educativo-pastoral, não têm por base a simples pesquisa sociológica sobre os vícios da sociedade, ou só a constatação psicológica do potencial inerente à fase juvenil da vida, nem mesmo a simples filantropia de quem é movido à ação tão somente pela insatisfação que vê nas pessoas em torno de si. Eles são movidos pelo mesmo coração do Bom Pastor que, vendo ao seu redor um rebanho desanimado e perambulando, tomado por profunda comoção, põe-se a anunciar-lhes a Palavra e dar-lhes de comer para o sustento do corpo e do espírito, aqui e para a eternidade: “Ao sair do barco, Jesus de Nazaré viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão porque eram como ovelhas que não têm pastor. E começou, então, a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6, 34).
 
 
Pastoral Juvenil Salesiana
 
A ação pastoral de salesianas e salesianos é, então, marcada por uma profunda capacidade de encontrar ocasiões de contato, de proximidade, de comunhão com os adolescentes e jovens. Vai em busca dos seus interlocutores onde eles se encontram, onde está a sua liberdade e onde, também fisicamente, estão os seus interesses (cf. Constituições dos SDB, 38). Como o Bom Pastor, os consagrados e as consagradas, os educadores e as educadoras, se deixam interpelar pelos adolescentes e pelos jovens, adaptando-se a eles, pedindo ao Espírito Santo o dom da simpatia, modelada na doçura do coração de Cristo(cf. CG20, n. 100).
 
Assim, não basta ser uma Rede de Ação Social ou uma obra/presença bem organizada. É necessário saber o para que da organização e o que é vivenciar a missão salesiana que está condensada na Pastoral Juvenil Salesiana (PJS). Estaremos vivenciando a missão salesiana se tornarmos a PJS o coração da missão. Mas, o que é Pastoral Juvenil Salesiana?
 
-Pastoral: deixar-se moldar e mover pelo coração de Jesus de Nazaré, o bom pastor;
-Juvenil: no centro da missão salesiana está a pessoa do adolescente e do jovem;
-Salesiana: porque tem no carisma de Dom Bosco e Madre Mazzarello a sua referência principal.
 
Assim, podemos afirmar que PJS “é ação orgânica de uma Comunidade Educativo-Pastoral que, movida por uma missão carismática, quer habitar a cultura e a vida dos adolescentes e jovens, para com eles fazer um caminho de presença física, proximidade espiritual, cultural, afetiva, mas sempre ciente de que é vivida pelo próprio adolescente e jovem” (Caderno 2, p. 26).
 
 
O coração da missão
 
Para a PJS ser o coração da missão é necessário superar pelo menos três desafios. Primeiro, superar a ideia de que o coração da PJS é apenas a dimensão religiosa. Se assim for, não precisa ter mais nada em uma obra/presença salesiana a não ser atividades religiosas, como: oração, missa... para superar esse desafio é preciso viver todas as dimensões da PJS: humanística, vocacional, teológica, pedagógica, religiosa, eclesiológica, comunitária, mariana, sociopolítica (Caderno 2, p. 27-35).
 
Depois, a ideia de que o Setor/Serviço de Pastoral é responsável pela PJS. Se assim for, os outros educadores da obra/presença não viverão a missão salesiana. A superação desse desafio acontecerá se toda a comunidade educativo-pastoral for conhecedora da PJS e sentir-se responsável por ela.
 
Por fim, o pensamento de que a PJS só pode ser vivida por salesianos e salesianas consagrados. Se assim for, os leigos não poderão jamais viver a missão salesiana. Para superá-lo é necessário que todos os educadores a conheçam e a vivenciem. Se pouco ou nada se avançar em relação a estes desafios, a PJS encontrará dificuldades para ser o coração da missão salesiana e, provavelmente, não teremos um projeto educativo-pastoral sendo vivenciado em cada obra/presença.
 
Educador e educadora, salesiano e salesiana, a missão salesiana acredita que em todo adolescente e jovem existe uma corda capaz de soar para a vida; acredita que pela dimensão educativo-pastoral é possível oferecer sentido de vida às juventudes; acredita no Sistema Preventivo de Dom Bosco; acredita na pessoa de Jesus de Nazaré e que o seu projeto é o que temos de melhor para oferecer aos adolescentes e jovens. Enfim, acredita que pode continuar ajudando a educar-evangelizar as gerações atuais e as futuras.
 
*José Jair Ribeiro (Zeca) é do Comitê Educativo Pastoral da Rede Salesiana Brasil de Ação Social (RSB-Social).
 
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Projeto Educativo-pastoral: fundamento da Ação Social Salesiana

Sexta, 17 Novembro 2017 13:36 Escrito por  José Jair Ribeiro (Zeca)
A ação pastoral salesiana é marcada por uma profunda capacidade de encontrar ocasiões de contato, proximidade e comunhão com os adolescentes e jovens. Vai em busca dos seus interlocutores onde eles se encontram e onde, também fisicamente, estão os seus interesses.
 
Aconteceu com Dom Bosco e Madre Mazzarello. Acontece igualmente conosco ainda hoje. Sentimos que Deus nos interpela através do grito de tantos adolescentes e jovens: o grito da fragmentariedade e da divisão interior, da solidão e da incapacidade de se comunicar, da impossibilidade de se inserir na sociedade por falta de trabalho ou de meios para continuar os estudos, da violência que, cada vez mais, atinge tantos adolescentes e jovens; o grito de experiencias que, pouco a pouco, levam à droga e ao alcoolismo. Em síntese, o grito da VIDA.
 
A fome que procura pão, a opressão que procura liberdade, a solidão que procura comunhão, a profanação que procura dignidade, a incerteza que procura segurança, o absurdo que procura sentido, a violência que procura paz... o grito é o apelo do Espírito de Deus que vive em cada adolescente e jovem (Cf. Caderno 2, p. 23).
 
A ação pastoral de Dom Bosco e Madre Mazzarello, a opção de partir dos e das jovens, as suas ideias de projeto educativo-pastoral, não têm por base a simples pesquisa sociológica sobre os vícios da sociedade, ou só a constatação psicológica do potencial inerente à fase juvenil da vida, nem mesmo a simples filantropia de quem é movido à ação tão somente pela insatisfação que vê nas pessoas em torno de si. Eles são movidos pelo mesmo coração do Bom Pastor que, vendo ao seu redor um rebanho desanimado e perambulando, tomado por profunda comoção, põe-se a anunciar-lhes a Palavra e dar-lhes de comer para o sustento do corpo e do espírito, aqui e para a eternidade: “Ao sair do barco, Jesus de Nazaré viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão porque eram como ovelhas que não têm pastor. E começou, então, a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6, 34).
 
 
Pastoral Juvenil Salesiana
 
A ação pastoral de salesianas e salesianos é, então, marcada por uma profunda capacidade de encontrar ocasiões de contato, de proximidade, de comunhão com os adolescentes e jovens. Vai em busca dos seus interlocutores onde eles se encontram, onde está a sua liberdade e onde, também fisicamente, estão os seus interesses (cf. Constituições dos SDB, 38). Como o Bom Pastor, os consagrados e as consagradas, os educadores e as educadoras, se deixam interpelar pelos adolescentes e pelos jovens, adaptando-se a eles, pedindo ao Espírito Santo o dom da simpatia, modelada na doçura do coração de Cristo(cf. CG20, n. 100).
 
Assim, não basta ser uma Rede de Ação Social ou uma obra/presença bem organizada. É necessário saber o para que da organização e o que é vivenciar a missão salesiana que está condensada na Pastoral Juvenil Salesiana (PJS). Estaremos vivenciando a missão salesiana se tornarmos a PJS o coração da missão. Mas, o que é Pastoral Juvenil Salesiana?
 
-Pastoral: deixar-se moldar e mover pelo coração de Jesus de Nazaré, o bom pastor;
-Juvenil: no centro da missão salesiana está a pessoa do adolescente e do jovem;
-Salesiana: porque tem no carisma de Dom Bosco e Madre Mazzarello a sua referência principal.
 
Assim, podemos afirmar que PJS “é ação orgânica de uma Comunidade Educativo-Pastoral que, movida por uma missão carismática, quer habitar a cultura e a vida dos adolescentes e jovens, para com eles fazer um caminho de presença física, proximidade espiritual, cultural, afetiva, mas sempre ciente de que é vivida pelo próprio adolescente e jovem” (Caderno 2, p. 26).
 
 
O coração da missão
 
Para a PJS ser o coração da missão é necessário superar pelo menos três desafios. Primeiro, superar a ideia de que o coração da PJS é apenas a dimensão religiosa. Se assim for, não precisa ter mais nada em uma obra/presença salesiana a não ser atividades religiosas, como: oração, missa... para superar esse desafio é preciso viver todas as dimensões da PJS: humanística, vocacional, teológica, pedagógica, religiosa, eclesiológica, comunitária, mariana, sociopolítica (Caderno 2, p. 27-35).
 
Depois, a ideia de que o Setor/Serviço de Pastoral é responsável pela PJS. Se assim for, os outros educadores da obra/presença não viverão a missão salesiana. A superação desse desafio acontecerá se toda a comunidade educativo-pastoral for conhecedora da PJS e sentir-se responsável por ela.
 
Por fim, o pensamento de que a PJS só pode ser vivida por salesianos e salesianas consagrados. Se assim for, os leigos não poderão jamais viver a missão salesiana. Para superá-lo é necessário que todos os educadores a conheçam e a vivenciem. Se pouco ou nada se avançar em relação a estes desafios, a PJS encontrará dificuldades para ser o coração da missão salesiana e, provavelmente, não teremos um projeto educativo-pastoral sendo vivenciado em cada obra/presença.
 
Educador e educadora, salesiano e salesiana, a missão salesiana acredita que em todo adolescente e jovem existe uma corda capaz de soar para a vida; acredita que pela dimensão educativo-pastoral é possível oferecer sentido de vida às juventudes; acredita no Sistema Preventivo de Dom Bosco; acredita na pessoa de Jesus de Nazaré e que o seu projeto é o que temos de melhor para oferecer aos adolescentes e jovens. Enfim, acredita que pode continuar ajudando a educar-evangelizar as gerações atuais e as futuras.
 
*José Jair Ribeiro (Zeca) é do Comitê Educativo Pastoral da Rede Salesiana Brasil de Ação Social (RSB-Social).
 
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