Nos dias 14 de junho a 15 de julho, será realizada a Copa do Mundo em Moscou, na Rússia, reunindo 32 seleções nacionais de futebol. No Brasil, milhões de pessoas vão torcer e acompanhar os jogos – e não só os da nossa Seleção – com entusiasmo. Afinal, esse é o grande esporte nacional. O futebol é jogado por crianças, adolescentes, jovens e adultos, em escolas e obras sociais, nos bairros e em clubes, entre amigos e nos encontros de família, como brincadeira ou em disputas profissionais.
Toda criança brasileira, seja menino ou menina, já jogou futebol pelo menos uma vez. Então esse esporte, que é chamado de “paixão nacional”, não poderia ser um caminho privilegiado para levar educação, cultura e lazer sadio para crianças em situação de risco? Foi pensando nisso que duas obras da Rede Salesiana Brasil de Ação Social (RSB-Social), em Niterói e na capital do Rio de Janeiro, firmaram uma parceria com a Fundação Real Madrid.
Para virar o jogo
O projeto Escola Socioesportiva existe desde 2010, incentivando e dando condições para que muitos jovens “virem o jogo” de sua própria vida. Naquele ano, a Fundação mantida pelo time espanhol Real Madrid estabeleceu uma parceria com as Missões Salesianas para a criação de escolas socioesportivas em diversos países do mundo. O objetivo do projeto é oferecer, por meio do esporte, novas perspectivas de cidadania para crianças e adolescentes em situação de risco social.
No Brasil, a primeira parceria foi com o Oratório Festivo Dom Bosco, centro juvenil mantido pelos salesianos na comunidade do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro. Os cerca de 100 beneficiários do projeto são crianças e adolescentes na faixa dos 6 aos 15 anos, que usufruem de atividades esportivas (além do futebol, também vôlei e basquete) e oficinas de arte, capoeira, informática e dança, entre outras. Os educandos participam ainda de aulas de reforço escolar e têm acompanhamento psicológico.
Em 2013, o projeto foi estendido para atender as comunidades vizinhas ao Colégio Salesiano Santa Rosa, em Niterói, RJ. No Centro Juvenil Oratório Mamãe Margarida (CEJOMM), as atividades esportivas são oferecidas a cerca de 200 crianças e jovens no contraturno escolar. Assim como na capital fluminense, os participantes recebem apoio educativo, de saúde e higiene e acompanhamento psicológico.
Acompanhamento técnico
Periodicamente, representantes da Fundação Real Madrid visitam as obras salesianas, para conhecer de perto o trabalho que é realizado. A última visita foi no início de maio, feita pela técnica de Projetos Internacionais, Susana Gaspar. Nos dias 3 e 4 ela visitou o CEJOMM e, no dia 5, o Oratório Dom Bosco do Jacarezinho.
Nas duas obras, Susana assistiu a apresentações culturais dos educandos (dança, capoeira, ginástica e rap), visitou as oficinas de leitura, dança, artesanato, capoeira e informática e dedicou um tempo especial para acompanhar os treinamentos de futebol. A representante da Fundação Real Madrid também caminhou pelas comunidades atendidas em Niterói e no Rio de Janeiro, e participou de encontros com pais de alguns educandos. Susana manifestou sua alegria pela oportunidade de conhecer as obras, mencionando também sua afeição pessoal por Dom Bosco e pelo carisma salesiano.
O padre Orestes Fistarol, inspetor da Inspetoria São João Bosco, à qual pertencem as duas obras sociais, aproveitou a oportunidade para, em nome de todos os salesianos, agradecer à Fundação Real Madrid pela parceria tão significativa e que tanto contribui para a existência desta ação social.
“Os alunos estavam muito empolgados. A Susana interagiu bastante com eles durante as oficinas, criando uma aproximação imediata. Visitas como esta são muito significativas, tanto no âmbito institucional quanto no impacto provocado nos jovens – eles sentem-se importantes e valorizados...”, comentou Cristiane Gomes, diretora administrativa-financeira do Oratório Festivo Dom Bosco.
Vitória para os jovens
A Fundação Real Madrid tem a preocupação de capacitar os educadores envolvidos no projeto, promovendo cursos e atividades de formação. Além da qualidade técnica, essas formações abordam o valor educativo do esporte e a possibilidade de trabalhar com os educandos temas como companheirismo, responsabilidade, integração e respeito.
Através dessa parceria, as duas obras da RSB-Social já receberam, para palestras com os jovens educandos, jogadores e ex-jogadores do Real Madrid, como o lateral Marcelo, da Seleção Brasileira. A integração com o time espanhol ocorre também pela troca de experiências entre as obras sociais de diversos países que são parceiras da Fundação.
Um dos exemplos é o torneio internacional de futsal promovido anualmente, no qual equipes de vários países jogam entre si e participam de um jogo com o time do Real Madrid. Em 2015, o time formado por dez jovens atletas do Centro Juvenil Oratório Mamãe Margarida viajou para a Espanha e representou o Brasil nesse torneio.
"O Jogo dos Sonhos"
Além da disputa da competição, a viagem à Espanha ofereceu aos jovens, de 12 a 13 anos, outras experiências significativas. Eles assistiram a uma partida entre o Real Madrid e o Levante, no Santiago Bernabéu, um dos mais importantes estádios de futebol do mundo, e puderam ver de perto o ídolo Cristiano Ronaldo. A equipe conheceu a Embaixada do Brasil na Espanha, onde foi recebida pelo embaixador Antônio Simões. Os jovens também visitaram pontos turísticos de Madrid.
A viagem se transformou no livro “O Jogo dos Sonhos”, lançado em 4 de abril de 2018 no Reserva Cultural de Niterói, RJ. Na obra, a gerente socioeducativa do CEJOMM, Elaine Holanda, conta um pouco dos aprendizados e desafios vivenciados por ela, pelo educador Getúlio Ferreira e pelos educandos do CEJOMM em 2015.
O lançamento do livro reuniu educadores e educandos do CEJOMM e do Colégio Salesiano Santa Rosa, familiares e amigos. Entre os convidados estavam padre Orestes Fistarol (inspetor salesiano da ISJB); William Douglas (juiz federal, professor e escritor que fez o prefácio do livro); Susana Gaspar (técnica de Projetos Internacionais da Fundação Real Madrid); Ricardo Rigel (jornalista nos jornais Extra e O Globo) e Diego Moura (artista plástico e designer que foi o criador da capa do livro).
Muito emocionada, Elaine agradeceu a presença de todos e afirmou que não se considera uma escritora, mas sim uma porta-voz que deseja chamar a atenção de todos para as questões sociais.