Em boa parte do mundo, o mês de setembro marca o início das atividades sociais e muitas famílias organizam a sua vida cotidiana a partir desse momento. Em outras partes, o ritmo da vida mantém-se o habitual porque é o dia de Ano Novo que determina a mudança de funções e de atividades. Em ambos os casos, porém, faz-se a experiência narrada por uma antiga história.
O mestre afirmava ter um livro que continha tudo o que era possível conhecer sobre Deus. Nunca ninguém tinha visto tal livro até que um visitante estudioso, à força de insistentes pedidos, o subtraiu ao mestre.
Levou-o para casa e abriu-o cheio de ansiedade…
Todas as páginas do livro estavam em branco.
“Mas o livro não diz nada”, protestou o estudioso.
“Já sei”, respondeu o mestre satisfeito, “mas olha quantas coisas sugere!”.
Possibilidades no horizonte
Cada novo início é uma página em branco. Uma quantidade ilimitada de possibilidades que se apresentam no horizonte cotidiano da vida. De modo muito natural, pensa-se que há um amanhecer todos os dias, que a saúde será boa, que haverá muitas boas oportunidades, que se poderá fazer isto e aquilo… Mas nem sempre acontece assim, ou pelo menos não acontece para todos.
Cada dia é um grão de areia que escorre na ampulheta da vida. E uma vez que cai, cai para sempre. Mas naquele grão, que é hoje, estão contidas oportunidades imensas, relações, encontros, sucessos. É esse o dom inestimável a que chamamos tempo.
Um provérbio árabe diz: “Cada manhã volto a minha face para o vento e semeio. Não é difícil semear, mas exige-se coragem para avançar contra o vento”.
Há poucos dias, no decorrer de uma conversa, um leigo octogenário confidenciou-me ter vivido apaixonadamente, ter espremido os seus dias como se espreme um limão ou um cacho de uvas, para extrair o seu precioso sumo. E era um homem com excelente formação intelectual, acadêmica e religiosa. Não falava de viver de qualquer maneira, a avançar e a recuar, continuamente insatisfeito em busca não se sabe de quê. Referia-se ao apaixonante exercício de ser senhor da sua própria vida, este inestimável presente vertiginoso e inexorável, surpreendente e fascinante que é o dom supremo do Senhor da Vida.
Uma regra de ouro: passaremos pelo mundo uma vez só. Portanto, todo o bem que pudermos fazer ou a gentileza que pudermos mostrar a qualquer ser humano, que o façamos de imediato. Não deixemos para mais tarde, nem o descuremos, pois não passaremos duas vezes pelo mundo.
Banco da vida
Sobre o tema tempo quero oferecer a vocês uma reflexão interessante.
Há um Banco que todas as manhãs credita na sua conta a soma de oitenta e seis mil e quatrocentos euros.
Todas as noites, ele cancela qualquer verba do seu saldo que não tenha sido utilizada durante o dia. Cada um de nós tem uma conta nesse Banco.
O seu nome? Tempo.
Todas as manhãs esse Banco credita para você oitenta e seis mil e quatrocentos segundos. Todas as noites, esse mesmo Banco cancela e dá como perdida qualquer quantidade desse crédito que não tenha sido investido. Esse Banco não conserva saldos nem permite transferências. Todos os dias abre uma nova conta, e todas as noites elimina o saldo do dia. Se você não utilizar o saldo diário, a perda é sua. Não se pode voltar atrás. Não há créditos sobre o depósito de amanhã.
Por isso é preciso viver no presente com o depósito de hoje. Investir deste modo para obter o melhor na saúde, felicidade e sucesso: o relógio continua a sua marcha. Procure obter o máximo de cada dia.
O valor do tempo
Para compreender o valor de um ano, pergunte a um estudante que perdeu um ano de estudos.
Para compreender o valor de um mês, pergunte a uma mãe que deu à luz prematuramente.
Para compreender o valor de uma semana, pergunte ao editor de um semanário.
Para compreender o valor de uma hora, pergunte a dois apaixonados que aguardam encontrar-se.
Para compreender o valor de um minuto, pergunte a alguém que acaba de perder o ônibus.
Para compreender o valor de um segundo, pergunte a alguém que acaba de evitar um acidente.
Para compreender o valor de um milésimo de segundo, pergunte a um atleta que ganhou a medalha de prata nas Olimpíadas.
Valorizemos, portanto, cada momento que vivemos, e demos-lhe ainda mais valor se pudermos partilhá-lo com pessoas especiais, tão especiais que merecem o nosso tempo.
Não esqueçamos: o tempo não espera por ninguém.
Mas a consideração ainda mais importante é que, como crentes, sabemos que o tempo é só um modo de medir aquele dom que é a vida. Um presente maravilhoso que recebemos gratuitamente do coração do nosso Deus para ser partilhado com o próximo. Na convivência podemos encontrar a verdadeira felicidade.
Amigo leitor, não deixe passar a vida de qualquer maneira. A vida é bela. Celebre-a. Assuma a responsabilidade de escolher e definir a sua própria vida. Recorde sempre que cada um de nós é um milagre. Procure sempre levar alegria onde há desespero. Mantenha a sua fé, a sua dignidade e a sua integridade. E seja feliz.