O acompanhamento em Laura Vicuña

Quarta, 02 Janeiro 2019 12:40 Escrito por  Silvia DUPONT, FMA –Susana BILLORDO, FMA
Em linha com o Sínodo sobre: Os jovens, a fé e o discernimento vocacional (cf. Instrumento de Trabalho nºs 213-214), partilha-se no mês de janeiro a quarta reflexão sobre o percurso de acompanhamento na juventude das Santas, Beatas, Veneráveis e Servas de Deus.  

Laura Vicuña nasceu a 5 de abril de 1891 em Santiago (Chile) e faleceu a 22 de janeiro de 1904 em Junín de los Andes (Argentina). Nesses 13 anos teve uma vida intensa, fez um profundo caminho de fé e conseguiu, com a graça de Deus, transformar a dor em amor.

 

No seu caminho de santidade, as mediações foram essenciais. O que Laura é hoje, é resultado da sua história, de um enredo feito de rostos concretos, com fios que unem tempos, espaços, pessoas e uma clara e amorosa intervenção de Deus.

 

Todos nós nos construímos em relação a um outro. A santidade em Laura foi construída em conexão com outras pessoas em circunstâncias especiais que, embora fossem adversas, lhe deram a oportunidade de crescer. Laura é o tipo de jovem para quem existe o carisma salesiano: uma menina pobre, abandonada e em perigo, amada pelo coração de Deus.

 

A família

Laura é abandonada por seu pai e, embora a mãe nunca a tenha abandonado, não se sentia compreendida por ela. Assim, ela vive em si mesma: uma experiência de falta de cuidado, insegurança, necessidade de um afeto saudável que a ajude a crescer.

 

Ela está num momento muito importante da sua vida: a pré-adolescência, idade em que há necessidade de se confrontar com o mundo adulto e se constrói a própria identidade, mas tem uma mãe que não pode ver, que não a compreende, que convive com um homem que a maltratou e a domina à força. Uma presença também ameaçadora para Laura e sua irmã Amanda, mais nova que ela.

 

Naquela atmosfera amadurece como mulher, como crente, como apaixonada por Jesus. O vínculo que a mãe mantém com Manuel Mora, o homem que convive com ela, produz-lhe uma dor intensa, que gera muitas feridas. Não o compreende. Vê que a sua mãe é humilhada na sua dignidade física, psíquica e moral. Essa situação leva-a a invocar a Deus e coloca-a em tensão diante da vida: fala, desdramatiza a situação, fortalece o seu amor por Jesus.

 

Um novo horizonte: a missão de Junín de los Andes

Na "Missão Junín", Laura encontra uma nova família com um modo de ser e fazer que lhe abre horizontes benéficos e marca positivamente a sua vida. Em contraste com a violência e opressão que vive em casa, Laura vê e experimenta um outro modo de vida, sem medo, sem ameaças, sem submissões forçadas. Sente-se acolhida e protegida, pode, então, dar o seu melhor. As educadoras salesianas descobrem a sua realidade e o seu potencial, acompanham-na na sua profunda busca.

 

Nas Irmãs e Salesianos, Laurita encontra educadoras e educadores com características decididas e ternas que geram um ecossistema em que se experimenta uma pedagogia especial, a pedagogia do ambiente que Dom Bosco e Madre Mazzarello sonharam e realizaram para todos os que entrassem numa casa salesiana. Eles não eram "salvadores", mas, através deles, Deus salvou, respondeu ao grito desta menina que começava a amá-lo com muito ardor quase à loucura.

 

Os salesianos e as irmãs eram mediações sólidas e claras. A comunidade das Filhas de Maria Auxiliadora: mulheres com uma presença educativa eficaz, incidiram profundamente na sua vida, porque despertaram a possibilidade de um novo modo de ser e de fazer. Eram alegres, tinham cerca de trinta anos. Estava também uma jovem postulante que fazia parte ativa dacomunidade. Eramimigrantes, como ela, mesmo que tivessem escolhido deixar a sua pátria a milhares de quilómetros de distância, num território muito diferente da sua terra natal, longe de suas famílias, com dificuldades e privações, mas fiéis e contentes com o que Deus lhes oferecia para viverem.

 

Este testemunho é um livro de páginas vivas e dinâmicas que se tornam atraentes para Laura. Elas mesmo são um universo a descobrir, enquanto conquistam o respeito e a admiração das educandas.

 

Para aprofundar o clima da comunidade, onde Laura está a viver, é útil o livro intitulado Mulheres em contraluz. É um texto que apresenta as biografias das Filhas de Maria Auxiliadora, onde, entre outras, se narra a vida da diretora, ir. Ángela Piai, a sua segunda mãe; a irmã Rosa Azócar, professora e assistente, que, para Laura, é modelo de total dedicação, e a ir. Ana María Rodríguez, professora e catequista, que a prepara para a primeira comunhão e a vê apaixonada por Jesus.

 

Os Irmãos Salesianos: o Padre Domenico Milanesio, missionário incansável que viaja pelos áridos territórios da Patagónia, evangelizando e promovendo a educação dos mais pobres e indefesos; Padre Augusto Crestanello - confessor de Laura - que conhece o seu mundo interior e caminha discretamente ao seu lado, encorajando-a a ser forte nas dificuldades, a discernir os passos da sua doação diária que a preparam para oferecer toda a sua vida ao Senhor no quotidiano, fazendo os votos religiosos em privado, oferecendo a própria vida para que a sua mãe fique livre dos maus-tratos de Mora.

 

O jovem salesiano Félix de Valois Ortiz, amigo espiritual de Laura, assistente no pátio, professor, músico e poeta, que foi seu confidente e a ajudou a compreender e aceitar a sua realidade familiar e a sua experiência de Deus.

 

Só o amor salva, cura, conserta. O Senhor dá-nos diariamente imensas possibilidades de salvação e superação, de saída dos laços que aprisionam e matam. Laura escolheu Jesus, com Ele e, através da mediação das Irmãs e dos Salesianos, conheceu o Amor e decidiu entregar-se totalmente a Ele. Assim, a sua vida tornou-se fecunda.

 

O seu testemunho é um apelo a deixar-nos transformar pelo Senhor. A dedicação das pessoas que a acompanharam no caminho de amadurecimento desafia-nos a incarnar a beleza e a força do carisma salesiano no empenho pelo cuidado preferencial dos jovens mais necessitados, abandonados e em perigo.

 

Fonte: Portal FMA

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O acompanhamento em Laura Vicuña

Quarta, 02 Janeiro 2019 12:40 Escrito por  Silvia DUPONT, FMA –Susana BILLORDO, FMA
Em linha com o Sínodo sobre: Os jovens, a fé e o discernimento vocacional (cf. Instrumento de Trabalho nºs 213-214), partilha-se no mês de janeiro a quarta reflexão sobre o percurso de acompanhamento na juventude das Santas, Beatas, Veneráveis e Servas de Deus.  

Laura Vicuña nasceu a 5 de abril de 1891 em Santiago (Chile) e faleceu a 22 de janeiro de 1904 em Junín de los Andes (Argentina). Nesses 13 anos teve uma vida intensa, fez um profundo caminho de fé e conseguiu, com a graça de Deus, transformar a dor em amor.

 

No seu caminho de santidade, as mediações foram essenciais. O que Laura é hoje, é resultado da sua história, de um enredo feito de rostos concretos, com fios que unem tempos, espaços, pessoas e uma clara e amorosa intervenção de Deus.

 

Todos nós nos construímos em relação a um outro. A santidade em Laura foi construída em conexão com outras pessoas em circunstâncias especiais que, embora fossem adversas, lhe deram a oportunidade de crescer. Laura é o tipo de jovem para quem existe o carisma salesiano: uma menina pobre, abandonada e em perigo, amada pelo coração de Deus.

 

A família

Laura é abandonada por seu pai e, embora a mãe nunca a tenha abandonado, não se sentia compreendida por ela. Assim, ela vive em si mesma: uma experiência de falta de cuidado, insegurança, necessidade de um afeto saudável que a ajude a crescer.

 

Ela está num momento muito importante da sua vida: a pré-adolescência, idade em que há necessidade de se confrontar com o mundo adulto e se constrói a própria identidade, mas tem uma mãe que não pode ver, que não a compreende, que convive com um homem que a maltratou e a domina à força. Uma presença também ameaçadora para Laura e sua irmã Amanda, mais nova que ela.

 

Naquela atmosfera amadurece como mulher, como crente, como apaixonada por Jesus. O vínculo que a mãe mantém com Manuel Mora, o homem que convive com ela, produz-lhe uma dor intensa, que gera muitas feridas. Não o compreende. Vê que a sua mãe é humilhada na sua dignidade física, psíquica e moral. Essa situação leva-a a invocar a Deus e coloca-a em tensão diante da vida: fala, desdramatiza a situação, fortalece o seu amor por Jesus.

 

Um novo horizonte: a missão de Junín de los Andes

Na "Missão Junín", Laura encontra uma nova família com um modo de ser e fazer que lhe abre horizontes benéficos e marca positivamente a sua vida. Em contraste com a violência e opressão que vive em casa, Laura vê e experimenta um outro modo de vida, sem medo, sem ameaças, sem submissões forçadas. Sente-se acolhida e protegida, pode, então, dar o seu melhor. As educadoras salesianas descobrem a sua realidade e o seu potencial, acompanham-na na sua profunda busca.

 

Nas Irmãs e Salesianos, Laurita encontra educadoras e educadores com características decididas e ternas que geram um ecossistema em que se experimenta uma pedagogia especial, a pedagogia do ambiente que Dom Bosco e Madre Mazzarello sonharam e realizaram para todos os que entrassem numa casa salesiana. Eles não eram "salvadores", mas, através deles, Deus salvou, respondeu ao grito desta menina que começava a amá-lo com muito ardor quase à loucura.

 

Os salesianos e as irmãs eram mediações sólidas e claras. A comunidade das Filhas de Maria Auxiliadora: mulheres com uma presença educativa eficaz, incidiram profundamente na sua vida, porque despertaram a possibilidade de um novo modo de ser e de fazer. Eram alegres, tinham cerca de trinta anos. Estava também uma jovem postulante que fazia parte ativa dacomunidade. Eramimigrantes, como ela, mesmo que tivessem escolhido deixar a sua pátria a milhares de quilómetros de distância, num território muito diferente da sua terra natal, longe de suas famílias, com dificuldades e privações, mas fiéis e contentes com o que Deus lhes oferecia para viverem.

 

Este testemunho é um livro de páginas vivas e dinâmicas que se tornam atraentes para Laura. Elas mesmo são um universo a descobrir, enquanto conquistam o respeito e a admiração das educandas.

 

Para aprofundar o clima da comunidade, onde Laura está a viver, é útil o livro intitulado Mulheres em contraluz. É um texto que apresenta as biografias das Filhas de Maria Auxiliadora, onde, entre outras, se narra a vida da diretora, ir. Ángela Piai, a sua segunda mãe; a irmã Rosa Azócar, professora e assistente, que, para Laura, é modelo de total dedicação, e a ir. Ana María Rodríguez, professora e catequista, que a prepara para a primeira comunhão e a vê apaixonada por Jesus.

 

Os Irmãos Salesianos: o Padre Domenico Milanesio, missionário incansável que viaja pelos áridos territórios da Patagónia, evangelizando e promovendo a educação dos mais pobres e indefesos; Padre Augusto Crestanello - confessor de Laura - que conhece o seu mundo interior e caminha discretamente ao seu lado, encorajando-a a ser forte nas dificuldades, a discernir os passos da sua doação diária que a preparam para oferecer toda a sua vida ao Senhor no quotidiano, fazendo os votos religiosos em privado, oferecendo a própria vida para que a sua mãe fique livre dos maus-tratos de Mora.

 

O jovem salesiano Félix de Valois Ortiz, amigo espiritual de Laura, assistente no pátio, professor, músico e poeta, que foi seu confidente e a ajudou a compreender e aceitar a sua realidade familiar e a sua experiência de Deus.

 

Só o amor salva, cura, conserta. O Senhor dá-nos diariamente imensas possibilidades de salvação e superação, de saída dos laços que aprisionam e matam. Laura escolheu Jesus, com Ele e, através da mediação das Irmãs e dos Salesianos, conheceu o Amor e decidiu entregar-se totalmente a Ele. Assim, a sua vida tornou-se fecunda.

 

O seu testemunho é um apelo a deixar-nos transformar pelo Senhor. A dedicação das pessoas que a acompanharam no caminho de amadurecimento desafia-nos a incarnar a beleza e a força do carisma salesiano no empenho pelo cuidado preferencial dos jovens mais necessitados, abandonados e em perigo.

 

Fonte: Portal FMA

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