Angola, um povo de fé

Quarta, 27 Junho 2018 12:40 Escrito por  Padre João Carlos Ribeiro – Nordeste Hoje
Tive a graça de ir à Angola. Fui atendendo a um convite do Pe. Luigi De Liberali, salesiano missionário, meu amigo, que trabalhou vários anos no Nordeste. A oportunidade foi a celebração dos 125 anos da Missão Católica que os salesianos hoje animam em Calulo, na Província de Sumbe. Participei de um show, dentro de um festival já tradicional na região, ao lado de vários cantores do país.  

Em Angola, fiquei 10 dias, em contato com as missões salesianas de lá em diversas cidades, particularmente Calulo, onde me hospedei na maior parte do tempo. Os salesianos estão em Angola há pouco mais de 30 anos e constituem uma Visitadoria com 12 Casas Salesianas na capital e no interior. Estive na capital, Luanda, e conheci as obras salesianas de Lixeira, Palanca e a sede da Visitadoria. Visitei também casas salesianas em Viana e Dondo, além de Calulo. Conheci também presenças das irmãs salesianas.

 

O POVO

 

Angola é um país em reconstrução, após uma guerra civil que terminou há 16 anos apenas. A grande maioria da população vive no campo, em aldeias ou bairros. As estradas são precárias e não há indústrias. No campo, o povo trabalha na roça, nas lavras. Na cidade, grande parte vive pelas ruas vendendo alguma coisa. Mais da metade da população tem menos de 20 anos, creio eu.

 

A independência do domínio português foi alcançada em 1975, depois de uma longa guerra de libertação. Após a independência, Angola foi palco de uma intensa guerra civil de 1975 a 2002. Angola é um país produtor de petróleo (mas não tem refinaria). Outra riqueza do país é a exploração de diamantes. Mas, 70% da população vive com menos de 2 dólares por dia.

 

CATÓLICOS

 

Angola tem um povo muito religioso, com mais da metade da população católica. Igrejas protestantes históricas estão também presentes. E é crescente a presença evangélica pentescostal no país. O país tem 18 dioceses, com clero local em maioria. Há muitas congregações religiosas dedicadas às missões entre os mais pobres, com escolas, creches, centros de formação profissional e cuidando das paróquias, como é o caso dos salesianos.

 

Conheci um pouco das comunidades católicas espalhadas pelo vasto território, em aldeias ou bairros. A paróquia de Calulo, cuidada pelos salesianos, acompanha mais de 80 dessas comunidades, onde existe presença maior de católicos. Em cada uma delas, além das casinhas de 20 a 30 famílias, há uma capelinha que serve também de escola para a comunidade. Na aldeia, o animador da comunidade chama-se catequista. O catequista, em geral um homem já casado, é o líder religioso. Ele reúne a comunidade semanalmente para as orações, lidera as festas religiosas, responsabiliza-se pela catequese dos irmãos. Vai à sede da Missão habitualmente para as reuniões de organização e formação.

 

ESCOLA

 

Na sede da missão, há uma escola com muitos alunos adolescentes, ao lado da escola das irmãs que atende os de menos idade. A igreja paroquial está na sede da missão. Na cidade, há também outra igreja, um pequeno santuário diocesano dedicado a Nossa Senhora de Fátima. No espaço da Missão, as freiras têm sua casa e os salesianos (padres, irmãos e seminaristas) também têm sua residência. A Missão apoia uma orquestra sinfônica de meninos e adolescentes. No terreno adjunto, que eles chama de ‘fazenda’, planta-se café, bananas, amendoim, mandioca.

 

A MISSA

 

O povo é alegre e muito cordial. A missa tem uma enorme participação, num nível que não se vê em nossas comunidades no Brasil. Cantam muito, balançam-se e batem as mãos durante o canto. Cantam em português, mas também em suas línguas nativas (quinbundo, unbundo e outras). Em cada missa, um grupo da comunidade assume o papel de grupo coral, com uma regente à frente, mas todo o povo canta e participa, em quase cem por cento. Há danças também durante a liturgia: na procissão de entrada, na procissão da palavra, na procissão das oferendas e depois da comunhão. As mulheres usam panos coloridos: todas usam um pano como saia e outro cobrindo os ombros, além de pano na cabeça. Na missa, todas as mulheres usam o pano como saia. Os homens e rapazes também se vestem elegantemente para a missa: camisa de manga comprida ou camisas coloridas, sempre. As crianças ficam quietinhas durante a missa, acompanhadas de suas catequistas. Criança antes de um ano e meio é carregada nas costas da mãe ou de uma irmã ou da avó, seja para o trabalho no campo, seja para a Igreja.

 

Além do show, tive oportunidade de falar aos alunos em duas escolas, de fazer palestras a seminaristas em três casas de formação, além das celebrações na sede da missão e nas comunidades. No aspirantado, em Viana, encontrei 65 aspirantes. No pré-noviciado, em Dondo, 13. No pós-noviciado, em Palanca, 32 seminaristas. Angola é uma Visitadoria já com um terço de salesianos angolanos.

 

CATEQUESE

 

Uma coisa de admirar é a catequese. Muita gente está na catequese. Em Calulo, são mais de 3.000 crianças e jovens na catequese, além dos adultos. Em Dondo, o diretor me falou de 3.200, nada comparado, disse ele, com Luwena, onde mais de 8.000 estão na catequese.

 

Também os músicos que me acompanharam – David e Débora – gostaram muito do povo religioso e bom de Angola. Lá, podemos ajudar muito e aprender ainda mais.

 

Fonte: Nordeste Hoje – www.salesianos.org.br

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Última modificação em Quarta, 15 Agosto 2018 21:39

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Angola, um povo de fé

Quarta, 27 Junho 2018 12:40 Escrito por  Padre João Carlos Ribeiro – Nordeste Hoje
Tive a graça de ir à Angola. Fui atendendo a um convite do Pe. Luigi De Liberali, salesiano missionário, meu amigo, que trabalhou vários anos no Nordeste. A oportunidade foi a celebração dos 125 anos da Missão Católica que os salesianos hoje animam em Calulo, na Província de Sumbe. Participei de um show, dentro de um festival já tradicional na região, ao lado de vários cantores do país.  

Em Angola, fiquei 10 dias, em contato com as missões salesianas de lá em diversas cidades, particularmente Calulo, onde me hospedei na maior parte do tempo. Os salesianos estão em Angola há pouco mais de 30 anos e constituem uma Visitadoria com 12 Casas Salesianas na capital e no interior. Estive na capital, Luanda, e conheci as obras salesianas de Lixeira, Palanca e a sede da Visitadoria. Visitei também casas salesianas em Viana e Dondo, além de Calulo. Conheci também presenças das irmãs salesianas.

 

O POVO

 

Angola é um país em reconstrução, após uma guerra civil que terminou há 16 anos apenas. A grande maioria da população vive no campo, em aldeias ou bairros. As estradas são precárias e não há indústrias. No campo, o povo trabalha na roça, nas lavras. Na cidade, grande parte vive pelas ruas vendendo alguma coisa. Mais da metade da população tem menos de 20 anos, creio eu.

 

A independência do domínio português foi alcançada em 1975, depois de uma longa guerra de libertação. Após a independência, Angola foi palco de uma intensa guerra civil de 1975 a 2002. Angola é um país produtor de petróleo (mas não tem refinaria). Outra riqueza do país é a exploração de diamantes. Mas, 70% da população vive com menos de 2 dólares por dia.

 

CATÓLICOS

 

Angola tem um povo muito religioso, com mais da metade da população católica. Igrejas protestantes históricas estão também presentes. E é crescente a presença evangélica pentescostal no país. O país tem 18 dioceses, com clero local em maioria. Há muitas congregações religiosas dedicadas às missões entre os mais pobres, com escolas, creches, centros de formação profissional e cuidando das paróquias, como é o caso dos salesianos.

 

Conheci um pouco das comunidades católicas espalhadas pelo vasto território, em aldeias ou bairros. A paróquia de Calulo, cuidada pelos salesianos, acompanha mais de 80 dessas comunidades, onde existe presença maior de católicos. Em cada uma delas, além das casinhas de 20 a 30 famílias, há uma capelinha que serve também de escola para a comunidade. Na aldeia, o animador da comunidade chama-se catequista. O catequista, em geral um homem já casado, é o líder religioso. Ele reúne a comunidade semanalmente para as orações, lidera as festas religiosas, responsabiliza-se pela catequese dos irmãos. Vai à sede da Missão habitualmente para as reuniões de organização e formação.

 

ESCOLA

 

Na sede da missão, há uma escola com muitos alunos adolescentes, ao lado da escola das irmãs que atende os de menos idade. A igreja paroquial está na sede da missão. Na cidade, há também outra igreja, um pequeno santuário diocesano dedicado a Nossa Senhora de Fátima. No espaço da Missão, as freiras têm sua casa e os salesianos (padres, irmãos e seminaristas) também têm sua residência. A Missão apoia uma orquestra sinfônica de meninos e adolescentes. No terreno adjunto, que eles chama de ‘fazenda’, planta-se café, bananas, amendoim, mandioca.

 

A MISSA

 

O povo é alegre e muito cordial. A missa tem uma enorme participação, num nível que não se vê em nossas comunidades no Brasil. Cantam muito, balançam-se e batem as mãos durante o canto. Cantam em português, mas também em suas línguas nativas (quinbundo, unbundo e outras). Em cada missa, um grupo da comunidade assume o papel de grupo coral, com uma regente à frente, mas todo o povo canta e participa, em quase cem por cento. Há danças também durante a liturgia: na procissão de entrada, na procissão da palavra, na procissão das oferendas e depois da comunhão. As mulheres usam panos coloridos: todas usam um pano como saia e outro cobrindo os ombros, além de pano na cabeça. Na missa, todas as mulheres usam o pano como saia. Os homens e rapazes também se vestem elegantemente para a missa: camisa de manga comprida ou camisas coloridas, sempre. As crianças ficam quietinhas durante a missa, acompanhadas de suas catequistas. Criança antes de um ano e meio é carregada nas costas da mãe ou de uma irmã ou da avó, seja para o trabalho no campo, seja para a Igreja.

 

Além do show, tive oportunidade de falar aos alunos em duas escolas, de fazer palestras a seminaristas em três casas de formação, além das celebrações na sede da missão e nas comunidades. No aspirantado, em Viana, encontrei 65 aspirantes. No pré-noviciado, em Dondo, 13. No pós-noviciado, em Palanca, 32 seminaristas. Angola é uma Visitadoria já com um terço de salesianos angolanos.

 

CATEQUESE

 

Uma coisa de admirar é a catequese. Muita gente está na catequese. Em Calulo, são mais de 3.000 crianças e jovens na catequese, além dos adultos. Em Dondo, o diretor me falou de 3.200, nada comparado, disse ele, com Luwena, onde mais de 8.000 estão na catequese.

 

Também os músicos que me acompanharam – David e Débora – gostaram muito do povo religioso e bom de Angola. Lá, podemos ajudar muito e aprender ainda mais.

 

Fonte: Nordeste Hoje – www.salesianos.org.br

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