Educar é obra do coração

Terça, 08 Novembro 2016 10:41 Escrito por 
Educar é obra do coração Cristina França Pinto, coordenadora geral do Colégio Salesiano Dom Bosco (Paralela), em Salvador, BA
“Educação é coisa do coração”. Essa frase de Dom Bosco, muito conhecida entre todos os que partilham do carisma salesiano, resume bem a vocação de todos os educadores salesianos. São pessoas que abraçaram o legado de Dom Bosco e ainda hoje buscam formar “bons cristãos e honestos cidadãos”, seja nas salas de aula, nos pátios salesianos ou nos centros de formação profissional. Mas, há mais de 150 anos da criação do Sistema Preventivo de Dom Bosco, quais são os principais desafios dos profissionais da educação de hoje? Como eles educam em um mundo onde o processo de ensino-aprendizagem sofre transformações constantes em decorrência das tecnologias? O que pensam e sentem essas pessoas que não escolheram, mas sim foram escolhidas pela profissão de professor?

Para Cristina França Pinto, coordenadora geral do Colégio Salesiano Dom Bosco (Paralela), em Salvador, BA, o professor da atualidade tem que estar preparado para motivar. “Diante desse momento, que a sociedade vive em constantes transformações, precisamos diariamente nos preparar para motivar nossos jovens, conquistar o coração de cada um deles. Temos de estar atentos a tudo, atualizados sempre, pois cada dia mais os nossos alunos estão dominando as tecnologias e sofrendo pressões sociais, políticas e econômicas”, afirma a coordenadora. Cristina atua na área de educação há mais de 30 anos, sendo 15 destes na escola salesiana.

Com tanto tempo de profissão e em contato diário com crianças e jovens, Cristina acredita que uma das principais mudanças entre o aluno de hoje e de anos atrás é justamente a forma como eles aprendem: “O aluno há 20 anos não era considerado protagonista da aprendizagem”, explica ela. “Os processos de ensino aprendizagem eram focados no professor, uma aprendizagem estática e formal”. Segundo Cristina, hoje os alunos procuram participar dos processos educacionais e exigem escolas qualificadas que atendam as suas realizações pessoais e proporcionem uma formação humana. “O aluno de hoje quer aprender mais e de forma mais rápida; e os estímulos tecnológicos são os grandes responsáveis por esse perfil de aluno”.

 

O diferencial salesiano

A Rede Salesiana de Escolas congrega cerca de cinco mil educadores, em mais de 100 instituições de ensino em todo o país. O que há de comum em todos esses profissionais, além do amor pela profissão, é o compromisso com a pedagogia salesiana. Para o educador social do Centro Juvenil de Tocantis-Palmas, Paulo Roberto de Oliveira, quando uma pessoa se torna um educador salesiano “ela passa a ter uma nova visão no que diz respeito à educação”. Paulo já foi ele mesmo um educando da instituição e estagiário na Fundação Cultural de Palmas, projeto integrado ao Centro Juvenil. Atualmente, ele é responsável pelos projetos “Bom de bola, bom na escola”, que agrega educandos de 7 a 18 anos, e pelo curso de inclusão digital “Saleconect”, voltados para jovens de 14 a 18 anos, ambos oferecidos no centro juvenil, contraturno escolar. Para ele, um dos principais desafios do educador social é conhecer os seus educandos. “Um educador social tem de conhecer os seus educandos e, acima de tudo, buscar entendê-los, pois todos vêm de uma realidade não muito fácil. O educador social acaba se envolvendo na história de vida de cada educando e o maior desafio é amá-los assim”, considera.

 

Gratidão em ensinar

Não há nada mais gratificante para qualquer educador do que perceber que os seus ensinamentos estão dando bons frutos. Não importa se o conteúdo ensinado é voltado para a educação formal ou para a vida; o que todo professor quer de fato é ver seus alunos tirando proveito das lições transmitidas. “É tão bom você pegar uma pessoa e ensinar, orientar e preparar para a vida e depois ver que aquela pessoa está dando frutos. Isso é gratificante e mais ainda quando ela reconhece. Isso não tem preço”, afirma o educador físico Ahmed Assi. Filho de libaneses, Ahmed nasceu em Manaus, AM, mas passou um breve período da sua infância em Beirute, no Líbano, dos 3 aos 7 anos. Com mais de 20 anos de carreira, Ahmed explica que o amor pelo esporte começou quando ele ainda era criança e já praticava várias modalidades, como basquete, futsal, natação, judô e futebol. “Nesse período, eu já praticava vários esportes e me espelhava nos meus professores”.

Hoje Ahmed é coordenador de esporte do Colégio Dom Bosco de Manaus e técnico da equipe de Futsal do Centro Esportivo Dom Bosco, onde trabalha com crianças e jovens dos 10 aos 18 anos. A equipe coleciona a participação em diversos eventos esportivos e vários dos seus atletas já foram convocados para seleção amazonense, tendo o próprio Ahmed sido, por duas vezes, técnico da seleção. No portfólio da equipe constam dez títulos nos campeonatos amazonenses, 15 nos campeonatos das escolas católicas, nove nos jogos escolares, dois no Nordestão Salesiano, um vice-campeonato brasileiro em Curitiba, em 2004, e um título de intercâmbio entre Amazonas x Roraima.

Outro educador que se sente grato por estar formando ‘cidadãos do bem’ é o professor de tênis Osvaldo Cipriano, mais conhecido como ‘Badeco’. Desde 2004 à frente do projeto “Tênis Comunitário”, desenvolvido no Parque Dom Bosco de Itajaí, SC, Badeco afirma que não há sensação melhor do que “ver a alegria estampada no rosto de cada aluno e saber que, por meio do projeto, ele está contribuindo com a formação de cidadãos do bem”. Em mais de dez anos, o projeto já atendeu mais de 800 educandos, que frequentam o programa Oficinas Alternativas do Parque Dom Bosco. Segundo o professor, o projeto é voltado para crianças e jovens de 6 a 16 anos e é graças a ele que muitas crianças acabaram tendo o primeiro contato com as raquetes e as bolinhas.

Natural de Florianópolis, SC, Badeco começou a praticar tênis na década de 1970. Na época ele morava no morro com a família, vendia jornais, picolé, além de trabalhar como engraxate. Aos 9 anos, por convite de um amigo que também vendia jornal, Badeco entrou pela primeira vez em uma quadra de tênis para catar bolas. “Não éramos melhor do que ninguém, mas o ambiente que frequentávamos no Lira Tênis Clube possibilitou novas perspectivas”. Badeco começou a trabalhar como professor em 1980, no Clube Recreativo Chapecoense, e em 1985 foi convidado para trabalhar no Itamirim Cube de Campo, também em Itajaí, SC, onde atua como professor até hoje. Ao longo de sua carreira, Badeco, que já ensinou tênis para aproximadamente 3.000 crianças, e não hesita em dizer que o esporte mudou a sua trajetória de vida. 

 

Filosofia e Sistema Preventivo

O professor Antônio de Jesus Santana é formado em Filosofia, pós-graduado em Ensino Religioso Escolar e Mestre em Educação Sociocomunitária. Dedicou mais metade de sua vida ao magistério - 33 anos, sendo 25 vividos na Escola Salesiana São José de Campinas, SP. As raízes da escolha da profissão de professor se fixaram desde os tempos de infância. Hoje, o professor Santana ministra aulas na área de Filosofia para todas as classes do ensino fundamental II, para os cursos técnicos do CPDB (Centro Profissional Dom Bosco) e da ETEC (Escola Técnica de Campinas) e para a graduação do Centro Universitário Salesiano - Unisal. São cerca de 650 alunos.

“A sala de aula é um espaço de desafios constantes tanto para os professores quanto para os alunos. Dou aulas para uma diversidade expressiva de alunos, tanto de idade quanto cultural. Dentre outros, creio que os principais desafios de uma sala de aula estão em torno do desinteresse, da desmotivação, da distração, da indisciplina e do individualismo. Outro fator que se impõe é o crescente acesso e domínio dos alunos às múltiplas tecnologias, com suas vantagens e desvantagens para o processo da aprendizagem”, avalia o professor.

Para Santana, esses desafios impõem aos professores a necessidade de ir além de sala de aula, e buscar sempre o melhor para ajudar os alunos. “Cabe-nos a tarefa de instigar a curiosidade, a criatividade e motivá-los, para que tenham maior interesse e engajamento”, afirma ele, que também considera importante que o professor recorra à utilização da tecnologia, pois esta e a educação se tornaram inseparáveis.

O professor Santana afirma que o Sistema Preventivo de Dom Bosco sempre esteve presente em sua vida, mesmo nas escolas e espaços não salesianos em que atuou. “Minha opinião sobre o Sistema Preventivo é a de que ele se torna o facilitador do processo de ensino-aprendizagem. A confiança, a proximidade, o envolvimento, o pertencimento são notórios quando educando e educador entendem a linguagem da corresponsabilidade no aprendizado, o valor da convivência nas relações múltiplas e o crescimento nas experiências culturais e espirituais”, completa. 

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Educar é obra do coração

Terça, 08 Novembro 2016 10:41 Escrito por 
Educar é obra do coração Cristina França Pinto, coordenadora geral do Colégio Salesiano Dom Bosco (Paralela), em Salvador, BA
“Educação é coisa do coração”. Essa frase de Dom Bosco, muito conhecida entre todos os que partilham do carisma salesiano, resume bem a vocação de todos os educadores salesianos. São pessoas que abraçaram o legado de Dom Bosco e ainda hoje buscam formar “bons cristãos e honestos cidadãos”, seja nas salas de aula, nos pátios salesianos ou nos centros de formação profissional. Mas, há mais de 150 anos da criação do Sistema Preventivo de Dom Bosco, quais são os principais desafios dos profissionais da educação de hoje? Como eles educam em um mundo onde o processo de ensino-aprendizagem sofre transformações constantes em decorrência das tecnologias? O que pensam e sentem essas pessoas que não escolheram, mas sim foram escolhidas pela profissão de professor?

Para Cristina França Pinto, coordenadora geral do Colégio Salesiano Dom Bosco (Paralela), em Salvador, BA, o professor da atualidade tem que estar preparado para motivar. “Diante desse momento, que a sociedade vive em constantes transformações, precisamos diariamente nos preparar para motivar nossos jovens, conquistar o coração de cada um deles. Temos de estar atentos a tudo, atualizados sempre, pois cada dia mais os nossos alunos estão dominando as tecnologias e sofrendo pressões sociais, políticas e econômicas”, afirma a coordenadora. Cristina atua na área de educação há mais de 30 anos, sendo 15 destes na escola salesiana.

Com tanto tempo de profissão e em contato diário com crianças e jovens, Cristina acredita que uma das principais mudanças entre o aluno de hoje e de anos atrás é justamente a forma como eles aprendem: “O aluno há 20 anos não era considerado protagonista da aprendizagem”, explica ela. “Os processos de ensino aprendizagem eram focados no professor, uma aprendizagem estática e formal”. Segundo Cristina, hoje os alunos procuram participar dos processos educacionais e exigem escolas qualificadas que atendam as suas realizações pessoais e proporcionem uma formação humana. “O aluno de hoje quer aprender mais e de forma mais rápida; e os estímulos tecnológicos são os grandes responsáveis por esse perfil de aluno”.

 

O diferencial salesiano

A Rede Salesiana de Escolas congrega cerca de cinco mil educadores, em mais de 100 instituições de ensino em todo o país. O que há de comum em todos esses profissionais, além do amor pela profissão, é o compromisso com a pedagogia salesiana. Para o educador social do Centro Juvenil de Tocantis-Palmas, Paulo Roberto de Oliveira, quando uma pessoa se torna um educador salesiano “ela passa a ter uma nova visão no que diz respeito à educação”. Paulo já foi ele mesmo um educando da instituição e estagiário na Fundação Cultural de Palmas, projeto integrado ao Centro Juvenil. Atualmente, ele é responsável pelos projetos “Bom de bola, bom na escola”, que agrega educandos de 7 a 18 anos, e pelo curso de inclusão digital “Saleconect”, voltados para jovens de 14 a 18 anos, ambos oferecidos no centro juvenil, contraturno escolar. Para ele, um dos principais desafios do educador social é conhecer os seus educandos. “Um educador social tem de conhecer os seus educandos e, acima de tudo, buscar entendê-los, pois todos vêm de uma realidade não muito fácil. O educador social acaba se envolvendo na história de vida de cada educando e o maior desafio é amá-los assim”, considera.

 

Gratidão em ensinar

Não há nada mais gratificante para qualquer educador do que perceber que os seus ensinamentos estão dando bons frutos. Não importa se o conteúdo ensinado é voltado para a educação formal ou para a vida; o que todo professor quer de fato é ver seus alunos tirando proveito das lições transmitidas. “É tão bom você pegar uma pessoa e ensinar, orientar e preparar para a vida e depois ver que aquela pessoa está dando frutos. Isso é gratificante e mais ainda quando ela reconhece. Isso não tem preço”, afirma o educador físico Ahmed Assi. Filho de libaneses, Ahmed nasceu em Manaus, AM, mas passou um breve período da sua infância em Beirute, no Líbano, dos 3 aos 7 anos. Com mais de 20 anos de carreira, Ahmed explica que o amor pelo esporte começou quando ele ainda era criança e já praticava várias modalidades, como basquete, futsal, natação, judô e futebol. “Nesse período, eu já praticava vários esportes e me espelhava nos meus professores”.

Hoje Ahmed é coordenador de esporte do Colégio Dom Bosco de Manaus e técnico da equipe de Futsal do Centro Esportivo Dom Bosco, onde trabalha com crianças e jovens dos 10 aos 18 anos. A equipe coleciona a participação em diversos eventos esportivos e vários dos seus atletas já foram convocados para seleção amazonense, tendo o próprio Ahmed sido, por duas vezes, técnico da seleção. No portfólio da equipe constam dez títulos nos campeonatos amazonenses, 15 nos campeonatos das escolas católicas, nove nos jogos escolares, dois no Nordestão Salesiano, um vice-campeonato brasileiro em Curitiba, em 2004, e um título de intercâmbio entre Amazonas x Roraima.

Outro educador que se sente grato por estar formando ‘cidadãos do bem’ é o professor de tênis Osvaldo Cipriano, mais conhecido como ‘Badeco’. Desde 2004 à frente do projeto “Tênis Comunitário”, desenvolvido no Parque Dom Bosco de Itajaí, SC, Badeco afirma que não há sensação melhor do que “ver a alegria estampada no rosto de cada aluno e saber que, por meio do projeto, ele está contribuindo com a formação de cidadãos do bem”. Em mais de dez anos, o projeto já atendeu mais de 800 educandos, que frequentam o programa Oficinas Alternativas do Parque Dom Bosco. Segundo o professor, o projeto é voltado para crianças e jovens de 6 a 16 anos e é graças a ele que muitas crianças acabaram tendo o primeiro contato com as raquetes e as bolinhas.

Natural de Florianópolis, SC, Badeco começou a praticar tênis na década de 1970. Na época ele morava no morro com a família, vendia jornais, picolé, além de trabalhar como engraxate. Aos 9 anos, por convite de um amigo que também vendia jornal, Badeco entrou pela primeira vez em uma quadra de tênis para catar bolas. “Não éramos melhor do que ninguém, mas o ambiente que frequentávamos no Lira Tênis Clube possibilitou novas perspectivas”. Badeco começou a trabalhar como professor em 1980, no Clube Recreativo Chapecoense, e em 1985 foi convidado para trabalhar no Itamirim Cube de Campo, também em Itajaí, SC, onde atua como professor até hoje. Ao longo de sua carreira, Badeco, que já ensinou tênis para aproximadamente 3.000 crianças, e não hesita em dizer que o esporte mudou a sua trajetória de vida. 

 

Filosofia e Sistema Preventivo

O professor Antônio de Jesus Santana é formado em Filosofia, pós-graduado em Ensino Religioso Escolar e Mestre em Educação Sociocomunitária. Dedicou mais metade de sua vida ao magistério - 33 anos, sendo 25 vividos na Escola Salesiana São José de Campinas, SP. As raízes da escolha da profissão de professor se fixaram desde os tempos de infância. Hoje, o professor Santana ministra aulas na área de Filosofia para todas as classes do ensino fundamental II, para os cursos técnicos do CPDB (Centro Profissional Dom Bosco) e da ETEC (Escola Técnica de Campinas) e para a graduação do Centro Universitário Salesiano - Unisal. São cerca de 650 alunos.

“A sala de aula é um espaço de desafios constantes tanto para os professores quanto para os alunos. Dou aulas para uma diversidade expressiva de alunos, tanto de idade quanto cultural. Dentre outros, creio que os principais desafios de uma sala de aula estão em torno do desinteresse, da desmotivação, da distração, da indisciplina e do individualismo. Outro fator que se impõe é o crescente acesso e domínio dos alunos às múltiplas tecnologias, com suas vantagens e desvantagens para o processo da aprendizagem”, avalia o professor.

Para Santana, esses desafios impõem aos professores a necessidade de ir além de sala de aula, e buscar sempre o melhor para ajudar os alunos. “Cabe-nos a tarefa de instigar a curiosidade, a criatividade e motivá-los, para que tenham maior interesse e engajamento”, afirma ele, que também considera importante que o professor recorra à utilização da tecnologia, pois esta e a educação se tornaram inseparáveis.

O professor Santana afirma que o Sistema Preventivo de Dom Bosco sempre esteve presente em sua vida, mesmo nas escolas e espaços não salesianos em que atuou. “Minha opinião sobre o Sistema Preventivo é a de que ele se torna o facilitador do processo de ensino-aprendizagem. A confiança, a proximidade, o envolvimento, o pertencimento são notórios quando educando e educador entendem a linguagem da corresponsabilidade no aprendizado, o valor da convivência nas relações múltiplas e o crescimento nas experiências culturais e espirituais”, completa. 

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