A vocação sacerdotal: afinal, quem é o padre?

Quinta, 04 Agosto 2016 13:28 Escrito por  Padre Antônio de Assis Ribeiro (padre Bira), SDB
A vocação sacerdotal: afinal, quem é o padre? MSMT
 Nesta quinta-feira, 4 de agosto, celebra-se o dia de São João Maria Vianey, um santo francês (*1786 +1859), que destacou-se pela sua santidade sacerdotal, por isso, é o padroeiro dos sacerdotes e dos párocos (dos padres), sacerdote administrador da comunidade paroquial. O padre salesiano, Antônio de Assis Ribeiro (padre Bira), compartilha com o Boletim Salesiano uma reflexão sobre quem é o padre. “Refletir sobre a própria vocação ou categoria profissional a qual pertencemos sempre nos faz bem. Esse é também um modo de reafirmação da própria identidade”, afirma o salesiano. Leia abaixo a reflexão do padre Ribeiro sobre o padre:

  

A palavra “padre” (latim) quer dizer “pai”... O padre é pai: pai espiritual, pai afetivo, pai psicológico, pai religioso, pai do coração..! Pai espiritual porque a Palavra de Deus pregada gera a fé no coração das pessoas (cf. Rm 10,17).

 

Por ter recebido a sublime vocação à paternidade espiritual, que é dom de Deus, seu agir não tem fronteiras e nem está confinado a um espaço físico, nem sociocultural! Por isso o padre, exerce seu ministério de paternidade espiritual na acolhida a todos, na escuta atenciosa, no aconselhamento provocativo, no diálogo estimulante por toda parte: em casa, na rua, na igreja, no confessionário, no escritório, na praça, no mercado, na escola, na universidade, no campo e na cidade, seguindo os passos de quem o chamou (cf. Lc 4,44; Lc 8,1).

 

O padre é educador... Ele educa, ensina, orienta, aconselha... Mas não tem conteúdo próprio e nem doutrina. É ministro da Palavra, por isso, a autenticidade da sua pregação e a eficácia da sua ação não dependem dos seus talentos, mas provém da força do Espírito que tudo fecunda (cf. 2 Tm 3,15-16).

 

O padre é vocacionado... chamado por Deus para ajudar na promoção do seu Reino. Enquanto convocado, é servo, ministro, administrador dos bens de Deus, por isso não se autoproclama sacerdote, padre, pastor... é constituído! Não funda em nome próprio nenhuma igreja ou comunidade, pois nada é seu; não é dono do rebanho, não serve pelo dinheiro, não é empresário! (cf. 1Cor 4,1; 2Cor 6,1; 1Pd 5,2-4).

 

O padre é sacertote... está sempre disponível para se fazer ofertas (doação) e experimentar sacrifícios. Como sacerdote é intercessor, orante, celebrante, contemplativo dos sinais divinos. Por isso, intercede pelo povo ao qual serve e pela humanidade necessitada de presenças de confiança, de mãos honestas, de palavra confiável, de sábios conselhos, de gestos de esperança! (cf. Hb 5,6).

 

O padre é mistagogo... assim como existe o “pedagogo” (educador) que tem como missão estimular o desenvolvimento humano das pessoas, há também o “mistagogo”, aquele que conduz o fiel à experiência do mistério. A vocação sacerdotal tem uma dimensão mistagógica. O sacerdote não trabalha com coisas, mas lida com os mistérios da fé no coração das pessoas. Por isso, por vocação, é catequista, promotor da paixão pela Palavra de Deus e do seu Reino! (cf. Cl 1,27; Cl 2,2;Ef. 3,9; 6,19).

 

O padre é profeta ... é chamado por Deus a ser ministro da justiça, promotor da dignidade humana, defensor dos direitos fundamentais da pessoa... Por isso, tenta imitar o Mestre sendo, bom Samaritano da humanidade onde quer que esteja, servindo gratuitamente e com generosidade. Torna-se assim, sinal de contradição: que conflita, contraria, denuncia, anuncia o Novo! (cf. Jer 1,1-10).

 

O padre é pastor... foi chamado a ser zeloso cuidador, Bom Pastor. Bom Pastor que respeita a dignidade das ovelhas, que acompanha a vida do rebanho... Bom Pastor que está atento às ameaças e fragilidades das ovelhas. Por isso cuida, trata, alimenta, defende, estimula, educa, corrige, protege, encaminha, desafia. Em casos extremos, abraça também o martírio como prova de amor às suas ovelhas! (cf. Jo 10,1-17; Ez 34,1-16).

 

O padre é um profissional... Sim, para isso se preparou, estudou, foi capacitado, pastoralmente treinado. Tem responsabilidades legisladas, definidas, organizadas... Como todo profissional não pode servir de qualquer jeito, seguindo seus caprichos: deve seguir procedimentos, padrões, ritos, processos, orientações pastorais... Deve obedecer, trabalhar em comunhão, ter espírito ético, servir, em sinergia, com seus superiores, preservando assim, a comunhão da Igreja! (cf. 1Cor 10,17; Ef 4,5-6).

 

O padre é médico... médico que trata de feridas da alma, que escuta gritos do espírito humano e acolhe dores interiores... que orienta crises, conflitos de consciência, dúvidas morais... que apresenta terapias e processos de tratamento em vista da saúde, da conversão, da santidade, da paz interior, do sentido da vida animado pela Fé! (cf. Mt 10,1.8; Tg 5,14-15).

 

O padre é humano... homem que participa do dinamismo existencial da mesma humanidade, de corpo e alma; é um irmão da mesma condição natural. Por isso, tem sentimentos, se emociona, se chateia, se apaixona, sonha e vibra; é frágil, erra, peca, se contradiz, aprende... (cf. Hb 5,1; 7,27). Traz consigo um nobre tesouro em vasos de barro (cf. 2Cor 4,7). Assim pode entender quem cai e se aproxima com liberdade de quem erra. Precisa de orações, apoio, perdão, colaboração! Por isso, pode ser amigo, manifestar afeto, estar com seus semelhantes, se divertir, cultivar amizades.

 

Em tudo isso, o padre é chamado a ser um sinal do mistério da misericórdia de Deus, semeador da Esperança!

 

Padre Antônio de Assis Ribeiro (padre Bira), SDB

 

 

 

 

 

 

 

Avalie este item
(0 votos)
Última modificação em Sexta, 02 Setembro 2016 11:04

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.


A vocação sacerdotal: afinal, quem é o padre?

Quinta, 04 Agosto 2016 13:28 Escrito por  Padre Antônio de Assis Ribeiro (padre Bira), SDB
A vocação sacerdotal: afinal, quem é o padre? MSMT
 Nesta quinta-feira, 4 de agosto, celebra-se o dia de São João Maria Vianey, um santo francês (*1786 +1859), que destacou-se pela sua santidade sacerdotal, por isso, é o padroeiro dos sacerdotes e dos párocos (dos padres), sacerdote administrador da comunidade paroquial. O padre salesiano, Antônio de Assis Ribeiro (padre Bira), compartilha com o Boletim Salesiano uma reflexão sobre quem é o padre. “Refletir sobre a própria vocação ou categoria profissional a qual pertencemos sempre nos faz bem. Esse é também um modo de reafirmação da própria identidade”, afirma o salesiano. Leia abaixo a reflexão do padre Ribeiro sobre o padre:

  

A palavra “padre” (latim) quer dizer “pai”... O padre é pai: pai espiritual, pai afetivo, pai psicológico, pai religioso, pai do coração..! Pai espiritual porque a Palavra de Deus pregada gera a fé no coração das pessoas (cf. Rm 10,17).

 

Por ter recebido a sublime vocação à paternidade espiritual, que é dom de Deus, seu agir não tem fronteiras e nem está confinado a um espaço físico, nem sociocultural! Por isso o padre, exerce seu ministério de paternidade espiritual na acolhida a todos, na escuta atenciosa, no aconselhamento provocativo, no diálogo estimulante por toda parte: em casa, na rua, na igreja, no confessionário, no escritório, na praça, no mercado, na escola, na universidade, no campo e na cidade, seguindo os passos de quem o chamou (cf. Lc 4,44; Lc 8,1).

 

O padre é educador... Ele educa, ensina, orienta, aconselha... Mas não tem conteúdo próprio e nem doutrina. É ministro da Palavra, por isso, a autenticidade da sua pregação e a eficácia da sua ação não dependem dos seus talentos, mas provém da força do Espírito que tudo fecunda (cf. 2 Tm 3,15-16).

 

O padre é vocacionado... chamado por Deus para ajudar na promoção do seu Reino. Enquanto convocado, é servo, ministro, administrador dos bens de Deus, por isso não se autoproclama sacerdote, padre, pastor... é constituído! Não funda em nome próprio nenhuma igreja ou comunidade, pois nada é seu; não é dono do rebanho, não serve pelo dinheiro, não é empresário! (cf. 1Cor 4,1; 2Cor 6,1; 1Pd 5,2-4).

 

O padre é sacertote... está sempre disponível para se fazer ofertas (doação) e experimentar sacrifícios. Como sacerdote é intercessor, orante, celebrante, contemplativo dos sinais divinos. Por isso, intercede pelo povo ao qual serve e pela humanidade necessitada de presenças de confiança, de mãos honestas, de palavra confiável, de sábios conselhos, de gestos de esperança! (cf. Hb 5,6).

 

O padre é mistagogo... assim como existe o “pedagogo” (educador) que tem como missão estimular o desenvolvimento humano das pessoas, há também o “mistagogo”, aquele que conduz o fiel à experiência do mistério. A vocação sacerdotal tem uma dimensão mistagógica. O sacerdote não trabalha com coisas, mas lida com os mistérios da fé no coração das pessoas. Por isso, por vocação, é catequista, promotor da paixão pela Palavra de Deus e do seu Reino! (cf. Cl 1,27; Cl 2,2;Ef. 3,9; 6,19).

 

O padre é profeta ... é chamado por Deus a ser ministro da justiça, promotor da dignidade humana, defensor dos direitos fundamentais da pessoa... Por isso, tenta imitar o Mestre sendo, bom Samaritano da humanidade onde quer que esteja, servindo gratuitamente e com generosidade. Torna-se assim, sinal de contradição: que conflita, contraria, denuncia, anuncia o Novo! (cf. Jer 1,1-10).

 

O padre é pastor... foi chamado a ser zeloso cuidador, Bom Pastor. Bom Pastor que respeita a dignidade das ovelhas, que acompanha a vida do rebanho... Bom Pastor que está atento às ameaças e fragilidades das ovelhas. Por isso cuida, trata, alimenta, defende, estimula, educa, corrige, protege, encaminha, desafia. Em casos extremos, abraça também o martírio como prova de amor às suas ovelhas! (cf. Jo 10,1-17; Ez 34,1-16).

 

O padre é um profissional... Sim, para isso se preparou, estudou, foi capacitado, pastoralmente treinado. Tem responsabilidades legisladas, definidas, organizadas... Como todo profissional não pode servir de qualquer jeito, seguindo seus caprichos: deve seguir procedimentos, padrões, ritos, processos, orientações pastorais... Deve obedecer, trabalhar em comunhão, ter espírito ético, servir, em sinergia, com seus superiores, preservando assim, a comunhão da Igreja! (cf. 1Cor 10,17; Ef 4,5-6).

 

O padre é médico... médico que trata de feridas da alma, que escuta gritos do espírito humano e acolhe dores interiores... que orienta crises, conflitos de consciência, dúvidas morais... que apresenta terapias e processos de tratamento em vista da saúde, da conversão, da santidade, da paz interior, do sentido da vida animado pela Fé! (cf. Mt 10,1.8; Tg 5,14-15).

 

O padre é humano... homem que participa do dinamismo existencial da mesma humanidade, de corpo e alma; é um irmão da mesma condição natural. Por isso, tem sentimentos, se emociona, se chateia, se apaixona, sonha e vibra; é frágil, erra, peca, se contradiz, aprende... (cf. Hb 5,1; 7,27). Traz consigo um nobre tesouro em vasos de barro (cf. 2Cor 4,7). Assim pode entender quem cai e se aproxima com liberdade de quem erra. Precisa de orações, apoio, perdão, colaboração! Por isso, pode ser amigo, manifestar afeto, estar com seus semelhantes, se divertir, cultivar amizades.

 

Em tudo isso, o padre é chamado a ser um sinal do mistério da misericórdia de Deus, semeador da Esperança!

 

Padre Antônio de Assis Ribeiro (padre Bira), SDB

 

 

 

 

 

 

 

Avalie este item
(0 votos)
Última modificação em Sexta, 02 Setembro 2016 11:04

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.