A palavra “padre” (latim) quer dizer “pai”... O padre é pai: pai espiritual, pai afetivo, pai psicológico, pai religioso, pai do coração..! Pai espiritual porque a Palavra de Deus pregada gera a fé no coração das pessoas (cf. Rm 10,17).
Por ter recebido a sublime vocação à paternidade espiritual, que é dom de Deus, seu agir não tem fronteiras e nem está confinado a um espaço físico, nem sociocultural! Por isso o padre, exerce seu ministério de paternidade espiritual na acolhida a todos, na escuta atenciosa, no aconselhamento provocativo, no diálogo estimulante por toda parte: em casa, na rua, na igreja, no confessionário, no escritório, na praça, no mercado, na escola, na universidade, no campo e na cidade, seguindo os passos de quem o chamou (cf. Lc 4,44; Lc 8,1).
O padre é educador... Ele educa, ensina, orienta, aconselha... Mas não tem conteúdo próprio e nem doutrina. É ministro da Palavra, por isso, a autenticidade da sua pregação e a eficácia da sua ação não dependem dos seus talentos, mas provém da força do Espírito que tudo fecunda (cf. 2 Tm 3,15-16).
O padre é vocacionado... chamado por Deus para ajudar na promoção do seu Reino. Enquanto convocado, é servo, ministro, administrador dos bens de Deus, por isso não se autoproclama sacerdote, padre, pastor... é constituído! Não funda em nome próprio nenhuma igreja ou comunidade, pois nada é seu; não é dono do rebanho, não serve pelo dinheiro, não é empresário! (cf. 1Cor 4,1; 2Cor 6,1; 1Pd 5,2-4).
O padre é sacertote... está sempre disponível para se fazer ofertas (doação) e experimentar sacrifícios. Como sacerdote é intercessor, orante, celebrante, contemplativo dos sinais divinos. Por isso, intercede pelo povo ao qual serve e pela humanidade necessitada de presenças de confiança, de mãos honestas, de palavra confiável, de sábios conselhos, de gestos de esperança! (cf. Hb 5,6).
O padre é mistagogo... assim como existe o “pedagogo” (educador) que tem como missão estimular o desenvolvimento humano das pessoas, há também o “mistagogo”, aquele que conduz o fiel à experiência do mistério. A vocação sacerdotal tem uma dimensão mistagógica. O sacerdote não trabalha com coisas, mas lida com os mistérios da fé no coração das pessoas. Por isso, por vocação, é catequista, promotor da paixão pela Palavra de Deus e do seu Reino! (cf. Cl 1,27; Cl 2,2;Ef. 3,9; 6,19).
O padre é profeta ... é chamado por Deus a ser ministro da justiça, promotor da dignidade humana, defensor dos direitos fundamentais da pessoa... Por isso, tenta imitar o Mestre sendo, bom Samaritano da humanidade onde quer que esteja, servindo gratuitamente e com generosidade. Torna-se assim, sinal de contradição: que conflita, contraria, denuncia, anuncia o Novo! (cf. Jer 1,1-10).
O padre é pastor... foi chamado a ser zeloso cuidador, Bom Pastor. Bom Pastor que respeita a dignidade das ovelhas, que acompanha a vida do rebanho... Bom Pastor que está atento às ameaças e fragilidades das ovelhas. Por isso cuida, trata, alimenta, defende, estimula, educa, corrige, protege, encaminha, desafia. Em casos extremos, abraça também o martírio como prova de amor às suas ovelhas! (cf. Jo 10,1-17; Ez 34,1-16).
O padre é um profissional... Sim, para isso se preparou, estudou, foi capacitado, pastoralmente treinado. Tem responsabilidades legisladas, definidas, organizadas... Como todo profissional não pode servir de qualquer jeito, seguindo seus caprichos: deve seguir procedimentos, padrões, ritos, processos, orientações pastorais... Deve obedecer, trabalhar em comunhão, ter espírito ético, servir, em sinergia, com seus superiores, preservando assim, a comunhão da Igreja! (cf. 1Cor 10,17; Ef 4,5-6).
O padre é médico... médico que trata de feridas da alma, que escuta gritos do espírito humano e acolhe dores interiores... que orienta crises, conflitos de consciência, dúvidas morais... que apresenta terapias e processos de tratamento em vista da saúde, da conversão, da santidade, da paz interior, do sentido da vida animado pela Fé! (cf. Mt 10,1.8; Tg 5,14-15).
O padre é humano... homem que participa do dinamismo existencial da mesma humanidade, de corpo e alma; é um irmão da mesma condição natural. Por isso, tem sentimentos, se emociona, se chateia, se apaixona, sonha e vibra; é frágil, erra, peca, se contradiz, aprende... (cf. Hb 5,1; 7,27). Traz consigo um nobre tesouro em vasos de barro (cf. 2Cor 4,7). Assim pode entender quem cai e se aproxima com liberdade de quem erra. Precisa de orações, apoio, perdão, colaboração! Por isso, pode ser amigo, manifestar afeto, estar com seus semelhantes, se divertir, cultivar amizades.
Em tudo isso, o padre é chamado a ser um sinal do mistério da misericórdia de Deus, semeador da Esperança!
Padre Antônio de Assis Ribeiro (padre Bira), SDB