Falar com o coração

Terça, 09 Mai 2023 13:26 Escrito por  Com informações: Vatican News e Agência Info Salesiana – ANS
Falar com o coração iStock.com
A Mensagem do Papa Francisco para o 57º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que este ano é celebrado em 21 de maio, é um convite para, a exemplo de São Francisco de Sales, ir contracorrente e apoiar a paz e o diálogo.    

No próximo dia 21 de maio, a Igreja celebra o 57º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Para a data, o Papa Francisco preparou uma Mensagem que é, ao mesmo tempo, um convite e um desafio.

 

Com o tema “Falar com o coração – Testemunhando a verdade no amor”, o Pontífice chama todos nós para, a exemplo de São Francisco de Sales, nos colocarmos contracorrente, apoiando a paz e o diálogo com o exercício de uma comunicação que seja acolhedora, fraterna e focada no relacionamento entre as pessoas. Veja a seguir os principais pontos da mensagem.

 

Ver, escutar e falar com o coração

Papa Francisco inicia o texto recordando que, nas mensagens para os anos precedentes, foram propostos os verbos ir, ver e escutar com o coração, como condições necessárias para uma boa comunicação. Em 2023, ele se detém ao significado de “falar com o coração”.

 

“Foi o coração que nos moveu para ir, ver e escutar, e é o coração que nos move para uma comunicação aberta e acolhedora”, ressalta Francisco, afirmando em seguida que “não devemos ter medo de proclamar a verdade, por vezes incômoda, mas de o fazer sem amor, sem coração”.

 

O apelo para falar com o coração interpela radicalmente este nosso tempo, tão propenso à indiferença e à indignação, baseadas por vezes na desinformação que falsifica e instrumentaliza a verdade. Para o Pontífice, é somente quando ouvimos nosso próprio coração e, também, o pulsar do coração de quem nos escuta que se estabelece um diálogo: “Então pode ter lugar o milagre do encontro, que nos faz olhar uns para os outros com compaixão, acolhendo as fragilidades recíprocas com respeito, em vez de julgar a partir dos boatos, semeando discórdia e divisões”.

 

Jesus fala com o coração aos discípulos de Emaús

O Papa explica que “comunicar cordialmente quer dizer que a pessoa que nos lê ou escuta é levada a deduzir a nossa participação nas alegrias e receios, nas esperanças e sofrimentos das mulheres e homens do nosso tempo. Quem assim fala, ama o outro, pois preocupa-se com ele e salvaguarda a sua liberdade, sem a violar”.

 

O primeiro exemplo utilizado por Francisco para essa comunicação cordial e acolhedora vem de Jesus, quando caminha com os discípulos de Emaús. “A eles, Jesus ressuscitado fala com o coração, acompanhando com respeito o caminho da sua amargura, propondo-Se e não Se impondo, abrindo-lhes amorosamente a mente à compreensão do sentido mais profundo do sucedido”, diz o Papa.

 

Na Mensagem, ele reforça que esse exemplo de comunicação deve ser seguido não apenas pelos agentes da informação, mas que é uma responsabilidade de todos: “Todos somos chamados a procurar a verdade e a dizê-la, fazendo-o com amor”.

 

Francisco de Sales, exemplo luminoso do falar com o coração

“Um dos exemplos mais luminosos e, ainda hoje, fascinantes deste ‘falar com o coração’ temo-lo em São Francisco de Sales, Doutor da Igreja, a quem dediquei recentemente a Carta Apostólica ‘Totum amoris est’, nos 400 anos da sua morte”, ressalta o Papa.

 

Em seguida, ele apresenta como, em vários momentos de sua vida, São Francisco de Sales promoveu uma comunicação amorosa e dialógica, que pode ser, em muitos sentidos, exemplar para a atualidade. Francisco de Sales foi bispo de Genebra no início do século XVII, tempos marcados pelas disputas da Igreja Católica com os calvinistas. “A sua mansidão, humanidade e predisposição a dialogar pacientemente com todos, e de modo especial com quem se lhe opunha, fizeram dele uma extraordinária testemunha do amor misericordioso de Deus”, considera o Papa.

 

“O santo bispo de Genebra nos recorda, através dos seus escritos e do próprio testemunho de vida, que ‘somos aquilo que comunicamos’: uma lição contracorrente hoje, num tempo em que, como experimentamos particularmente nas redes sociais, a comunicação é muitas vezes instrumentalizada para que o mundo nos veja, não por aquilo que somos, mas como desejaríamos ser”, reforça o Pontífice, para em seguida sublinhar: “Possam os agentes da comunicação sentir-se inspirados por este Santo da ternura, procurando e narrando a verdade com coragem e liberdade, mas rejeitando a tentação de usar expressões sensacionalistas e agressivas”.

 

Falar com o coração no processo sinodal

Na Mensagem, Francisco salienta também a necessidade de diálogo dentro da Igreja, reafirmando os esforços que têm sido feitos para a vivência de um verdadeiro processo sinodal: “Duma escuta sem preconceitos, atenta e disponível, nasce um falar segundo o estilo de Deus, que se sustenta de proximidade, compaixão e ternura. Na Igreja, temos urgente necessidade duma comunicação que inflame os corações, seja bálsamo nas feridas e ilumine o caminho dos irmãos e irmãs”.

 

Para o Papa, permanece o sonho de uma comunicação eclesial que saiba deixar-se guiar pelo Espírito Santo e seja, ao mesmo tempo, gentil e profética, capaz de encontrar novas formas e modalidades “para o anúncio maravilhoso que é chamada a proclamar no terceiro milênio”.

 

Uma linguagem de paz

Por fim, o Papa Francisco lembra que “hoje é necessário falar com o coração para promover uma cultura de paz, onde há guerra; para abrir sendas que permitam o diálogo e a reconciliação, onde campeiam o ódio e a inimizade”.

 

Segundo Francisco, “precisamos de comunicadores prontos a dialogar, ocupados na promoção dum desarmamento integral e empenhados em desmantelar a psicose bélica que se aninha nos nossos corações”. O Papa se refere, assim, ao contexto político internacional, destacando o papel importante da Comunicação (e dos comunicadores) como promotora da paz.

 

“Do coração brotam as palavras certas para dissipar as sombras dum mundo fechado e dividido e construir uma civilização melhor do que aquela que recebemos. É um esforço que é exigido a todos e cada um de nós, mas faz apelo de modo particular ao sentido de responsabilidade dos agentes da comunicação a fim de realizarem a própria profissão como uma missão”, conclui o Papa.

 

Saiba mais

Clique AQUI para ler a edição especial do Boletim Salesiano sobre a Mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações 2023.

 

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Última modificação em Quarta, 10 Mai 2023 15:15

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Terça, 09 Mai 2023 13:26 Escrito por  Com informações: Vatican News e Agência Info Salesiana – ANS
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A Mensagem do Papa Francisco para o 57º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que este ano é celebrado em 21 de maio, é um convite para, a exemplo de São Francisco de Sales, ir contracorrente e apoiar a paz e o diálogo.    

No próximo dia 21 de maio, a Igreja celebra o 57º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Para a data, o Papa Francisco preparou uma Mensagem que é, ao mesmo tempo, um convite e um desafio.

 

Com o tema “Falar com o coração – Testemunhando a verdade no amor”, o Pontífice chama todos nós para, a exemplo de São Francisco de Sales, nos colocarmos contracorrente, apoiando a paz e o diálogo com o exercício de uma comunicação que seja acolhedora, fraterna e focada no relacionamento entre as pessoas. Veja a seguir os principais pontos da mensagem.

 

Ver, escutar e falar com o coração

Papa Francisco inicia o texto recordando que, nas mensagens para os anos precedentes, foram propostos os verbos ir, ver e escutar com o coração, como condições necessárias para uma boa comunicação. Em 2023, ele se detém ao significado de “falar com o coração”.

 

“Foi o coração que nos moveu para ir, ver e escutar, e é o coração que nos move para uma comunicação aberta e acolhedora”, ressalta Francisco, afirmando em seguida que “não devemos ter medo de proclamar a verdade, por vezes incômoda, mas de o fazer sem amor, sem coração”.

 

O apelo para falar com o coração interpela radicalmente este nosso tempo, tão propenso à indiferença e à indignação, baseadas por vezes na desinformação que falsifica e instrumentaliza a verdade. Para o Pontífice, é somente quando ouvimos nosso próprio coração e, também, o pulsar do coração de quem nos escuta que se estabelece um diálogo: “Então pode ter lugar o milagre do encontro, que nos faz olhar uns para os outros com compaixão, acolhendo as fragilidades recíprocas com respeito, em vez de julgar a partir dos boatos, semeando discórdia e divisões”.

 

Jesus fala com o coração aos discípulos de Emaús

O Papa explica que “comunicar cordialmente quer dizer que a pessoa que nos lê ou escuta é levada a deduzir a nossa participação nas alegrias e receios, nas esperanças e sofrimentos das mulheres e homens do nosso tempo. Quem assim fala, ama o outro, pois preocupa-se com ele e salvaguarda a sua liberdade, sem a violar”.

 

O primeiro exemplo utilizado por Francisco para essa comunicação cordial e acolhedora vem de Jesus, quando caminha com os discípulos de Emaús. “A eles, Jesus ressuscitado fala com o coração, acompanhando com respeito o caminho da sua amargura, propondo-Se e não Se impondo, abrindo-lhes amorosamente a mente à compreensão do sentido mais profundo do sucedido”, diz o Papa.

 

Na Mensagem, ele reforça que esse exemplo de comunicação deve ser seguido não apenas pelos agentes da informação, mas que é uma responsabilidade de todos: “Todos somos chamados a procurar a verdade e a dizê-la, fazendo-o com amor”.

 

Francisco de Sales, exemplo luminoso do falar com o coração

“Um dos exemplos mais luminosos e, ainda hoje, fascinantes deste ‘falar com o coração’ temo-lo em São Francisco de Sales, Doutor da Igreja, a quem dediquei recentemente a Carta Apostólica ‘Totum amoris est’, nos 400 anos da sua morte”, ressalta o Papa.

 

Em seguida, ele apresenta como, em vários momentos de sua vida, São Francisco de Sales promoveu uma comunicação amorosa e dialógica, que pode ser, em muitos sentidos, exemplar para a atualidade. Francisco de Sales foi bispo de Genebra no início do século XVII, tempos marcados pelas disputas da Igreja Católica com os calvinistas. “A sua mansidão, humanidade e predisposição a dialogar pacientemente com todos, e de modo especial com quem se lhe opunha, fizeram dele uma extraordinária testemunha do amor misericordioso de Deus”, considera o Papa.

 

“O santo bispo de Genebra nos recorda, através dos seus escritos e do próprio testemunho de vida, que ‘somos aquilo que comunicamos’: uma lição contracorrente hoje, num tempo em que, como experimentamos particularmente nas redes sociais, a comunicação é muitas vezes instrumentalizada para que o mundo nos veja, não por aquilo que somos, mas como desejaríamos ser”, reforça o Pontífice, para em seguida sublinhar: “Possam os agentes da comunicação sentir-se inspirados por este Santo da ternura, procurando e narrando a verdade com coragem e liberdade, mas rejeitando a tentação de usar expressões sensacionalistas e agressivas”.

 

Falar com o coração no processo sinodal

Na Mensagem, Francisco salienta também a necessidade de diálogo dentro da Igreja, reafirmando os esforços que têm sido feitos para a vivência de um verdadeiro processo sinodal: “Duma escuta sem preconceitos, atenta e disponível, nasce um falar segundo o estilo de Deus, que se sustenta de proximidade, compaixão e ternura. Na Igreja, temos urgente necessidade duma comunicação que inflame os corações, seja bálsamo nas feridas e ilumine o caminho dos irmãos e irmãs”.

 

Para o Papa, permanece o sonho de uma comunicação eclesial que saiba deixar-se guiar pelo Espírito Santo e seja, ao mesmo tempo, gentil e profética, capaz de encontrar novas formas e modalidades “para o anúncio maravilhoso que é chamada a proclamar no terceiro milênio”.

 

Uma linguagem de paz

Por fim, o Papa Francisco lembra que “hoje é necessário falar com o coração para promover uma cultura de paz, onde há guerra; para abrir sendas que permitam o diálogo e a reconciliação, onde campeiam o ódio e a inimizade”.

 

Segundo Francisco, “precisamos de comunicadores prontos a dialogar, ocupados na promoção dum desarmamento integral e empenhados em desmantelar a psicose bélica que se aninha nos nossos corações”. O Papa se refere, assim, ao contexto político internacional, destacando o papel importante da Comunicação (e dos comunicadores) como promotora da paz.

 

“Do coração brotam as palavras certas para dissipar as sombras dum mundo fechado e dividido e construir uma civilização melhor do que aquela que recebemos. É um esforço que é exigido a todos e cada um de nós, mas faz apelo de modo particular ao sentido de responsabilidade dos agentes da comunicação a fim de realizarem a própria profissão como uma missão”, conclui o Papa.

 

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