Desafios para a ação evangelizadora junto aos jovens II

Segunda, 06 Mai 2013 17:05 Escrito por  Alunos de Pós-graduação em Pastoral Juvenil - UNISAL
  No Curso de Pós-Graduação em Pastoral Juvenil, realizado na UNISAL – Campus Pio XI/ SP, sob a coordenação da irmã Adair Aparecida Sberga, durante a disciplina “Formação de Assessores e Educadores”, a professora Carmem Lúcia Teixeira motivou os cursistas a analisar alguns dos diversos contextos situacionais da realidade dos jovens e, a partir disso, os desafiou a buscar alternativas propositivas para a realização de percursos de formação integral junto aos jovens. A primeira parte do artigo produzido pelos cursistas foi publicada em fevereiro e segue agora a segunda parte, com os desafios e propostas que fazem diante das situações encontradas.  

Juventude e uso de drogas

Diante da situação da dependência química, tão presente em nossa atualidade, exige-se que ampliemos a nossa compreensão para identificar os motivos que levam ao uso das drogas. O contexto da pessoa usuária de drogas, na maioria das vezes, está marcado pela fuga de uma realidade que não possibilita ao ser humano se realizar completamente como pessoa e indivíduo social.

O consumo dos produtos químicos em muitas situações se torna sinal de status para as camadas mais ricas e para aqueles que querem demonstrar um papel de “descolados” e “antenados”, já que a droga tem sido cada vez mais associada à juventude, à autonomia e à audácia, segundo as mídias de massa. Nas realidades mais pobres, no entanto, a droga se torna uma fuga da realidade de opressão e da precariedade na qual se vive, ou um modo de sobrevivência, de ilusório acesso ao dinheiro fácil, que em várias situações complica suas vidas, inclusive no mundo do crime, na privação de liberdade, ocasionando até mesmo a morte.

Os jovens são os mais afetados em ambas as realidades, pois o uso de drogas se faz cada vez mais presente nos ambientes estudantis, festas e aglomerações juvenis, bem como se tornam a única opção para aqueles jovens que nada tem, sobretudo pela facilidade de acesso e baixo custo de alguns tipos de drogas nas comunidades pobres e periféricas das grandes cidades. A máfia responsável por organizar o comércio de drogas ilícitas elege a juventude como seu maior cliente, por isso, esta camada social é mais procurada e as estratégias de aproximação para o consumo estão muito bem organizadas.

Sentimo-nos desafiados a:

- Criar espaços nos quais os jovens possam manifestar suas potencialidades e gostos. Proporcionar maior abertura sócio-cultural na qual o jovem consiga ser ele mesmo, manifestando seus medos, sonhos e capacidades, sejam elas artísticas, intelectuais ou laborais para superar os desejos de fuga da realidade, ou ainda pela falta de sentido ou de vínculos comunitários;

- Fomentar políticas públicas para a juventude afim de que possa desenvolver a criatividade, sobretudo, para os jovens que vivem à margem da sociedade.

Propomos tais alternativas porque, como seguidores de Jesus, nos identificamos com seus gestos, milagres e palavras dirigidas aos pobres e oprimidos do seu tempo. A intenção não é basearmo-nos em posições e julgamentos moralistas; pelo contrário, há um desejo de anunciar e provocar a vida plena, sinal do Reino do Pai amoroso, prezando pela liberdade do ser humano e por sua realização como indivíduo e filho deste Deus.

Além de nossas motivações evangélico-religiosas, fundamentamo-nos primordialmente em nossa sensibilidade social. Somos seres humanos e não podemos ficar indiferentes à realidade concreta de nossos semelhantes; nos sentimos movidos a realizar ações que favoreçam a vida humana e estejam de acordo com sua dignidade.

 

Juventude e trabalho

Diante da realidade juvenil, um dos medos mais evidentes é o de não ser incluído no mercado de trabalho. Constatamos que neste modelo econômico não há emprego para todos, principalmente para os jovens que sofrem mais fortemente as consequências deste modelo econômico, que transformou o sujeito em relação ao trabalho como mercadoria. Estas alterações são percebidas tanto nos grandes e pequenos centros urbanos como no campo.

Essa situação afeta o jovem em sua rotina pela falta de renda e autonomia no consumo dos bens materiais, mas também provoca conflitos familiares entre os sujeitos produtores de renda, levando à impossibilidade na especialização educacional, ao prejuízo na sua inserção no mundo cultural e de lazer e reduzindo ou alterando sua interação social, elementos que tocam no sentido da própria existência.

Perante isso somos desafiados a:

- Estudar a realidade do trabalho e promover políticas públicas que possibilitem transformações no modelo econômico atual, para superar o abismo que cada dia se amplia entre uma minoria com muitos bens e uma maioria excluída do mercado;

- Organizar a juventude por meio de cooperativas, associações e ONGs, com a tarefa de buscar a inserção do jovem no mundo do trabalho;

- Promover espaços para a formação integral dos jovens, para que sejam capazes de favorecer a leitura crítica do contexto em que vivem, para encontrar com criatividade outras formas de inserção social, por meio do trabalho especializado e que possam ser sujeitos de fato de sua transformação.

Estes objetivos nos impelem porque, como cristãos, não podemos nos omitir diante do sofrimento humano e da luta pela concretização do Reino em nossa vida cotidiana. Como seguidores de Jesus, que não ficou indiferente à sua realidade e foi capaz de encontrar resposta criativa para colocar a pessoa humana no centro, somos chamados a ser criativos diante de uma estrutura que inibe o protagonismo jovem e o exclui do mundo do trabalho.

 

Juventude e medo

Diante de um contexto social injusto, competitivo e opressor, em contraposição aos sonhos característicos da juventude, o jovem vive inquietante por estas contradições que lhe causam medo. Há, segundo a socióloga Regina Novaes, três medos que marcam esta geração: o medo de sobrar (não ser incluído no mercado de trabalho), o medo de não se conectar (estar fora da Rede) e o medo de morrer (marcado pela realidade de extermínio da juventude).

Portanto, somos desafiados a:

- Conhecer a realidade juvenil e oferecer respostas que deem sentido às suas vidas;

- Apresentar propostas de vida comunitária e ambientes de encontro social e cultural, para as manifestações dos rostos juvenis;

- Criar espaços de aproximação, escuta e discernimento, sendo para os jovens sinal e testemunho de vida cristã;

- Acompanhar os jovens em seus projetos de vida, pessoal e comunitário, encontrando caminhos propositivos de crescimento e amadurecimento humano e cristão.

Somos motivados a acolher a juventude, escutar as suas alegrias e tristezas, suas dores e paixões, como caminho de fidelidade a Jesus, que caminhou junto com seu povo, que fez a experiência com os discípulos de Emaús, que os ajudou a reconhecê-lo vivo na comunidade. Também nós queremos manter a missão de acompanhar os jovens no encontro com Jesus de Nazaré testemunhando de modo concreto seu projeto de vida e libertação.

 

Alunos dos cursos de extensão universitária e pós-graduação em Pastoral Juvenil - UNISAL 2013 (Campus Pio XI). Mais informações sobre o curso: www.pio.unisal.br

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Desafios para a ação evangelizadora junto aos jovens II

Segunda, 06 Mai 2013 17:05 Escrito por  Alunos de Pós-graduação em Pastoral Juvenil - UNISAL
  No Curso de Pós-Graduação em Pastoral Juvenil, realizado na UNISAL – Campus Pio XI/ SP, sob a coordenação da irmã Adair Aparecida Sberga, durante a disciplina “Formação de Assessores e Educadores”, a professora Carmem Lúcia Teixeira motivou os cursistas a analisar alguns dos diversos contextos situacionais da realidade dos jovens e, a partir disso, os desafiou a buscar alternativas propositivas para a realização de percursos de formação integral junto aos jovens. A primeira parte do artigo produzido pelos cursistas foi publicada em fevereiro e segue agora a segunda parte, com os desafios e propostas que fazem diante das situações encontradas.  

Juventude e uso de drogas

Diante da situação da dependência química, tão presente em nossa atualidade, exige-se que ampliemos a nossa compreensão para identificar os motivos que levam ao uso das drogas. O contexto da pessoa usuária de drogas, na maioria das vezes, está marcado pela fuga de uma realidade que não possibilita ao ser humano se realizar completamente como pessoa e indivíduo social.

O consumo dos produtos químicos em muitas situações se torna sinal de status para as camadas mais ricas e para aqueles que querem demonstrar um papel de “descolados” e “antenados”, já que a droga tem sido cada vez mais associada à juventude, à autonomia e à audácia, segundo as mídias de massa. Nas realidades mais pobres, no entanto, a droga se torna uma fuga da realidade de opressão e da precariedade na qual se vive, ou um modo de sobrevivência, de ilusório acesso ao dinheiro fácil, que em várias situações complica suas vidas, inclusive no mundo do crime, na privação de liberdade, ocasionando até mesmo a morte.

Os jovens são os mais afetados em ambas as realidades, pois o uso de drogas se faz cada vez mais presente nos ambientes estudantis, festas e aglomerações juvenis, bem como se tornam a única opção para aqueles jovens que nada tem, sobretudo pela facilidade de acesso e baixo custo de alguns tipos de drogas nas comunidades pobres e periféricas das grandes cidades. A máfia responsável por organizar o comércio de drogas ilícitas elege a juventude como seu maior cliente, por isso, esta camada social é mais procurada e as estratégias de aproximação para o consumo estão muito bem organizadas.

Sentimo-nos desafiados a:

- Criar espaços nos quais os jovens possam manifestar suas potencialidades e gostos. Proporcionar maior abertura sócio-cultural na qual o jovem consiga ser ele mesmo, manifestando seus medos, sonhos e capacidades, sejam elas artísticas, intelectuais ou laborais para superar os desejos de fuga da realidade, ou ainda pela falta de sentido ou de vínculos comunitários;

- Fomentar políticas públicas para a juventude afim de que possa desenvolver a criatividade, sobretudo, para os jovens que vivem à margem da sociedade.

Propomos tais alternativas porque, como seguidores de Jesus, nos identificamos com seus gestos, milagres e palavras dirigidas aos pobres e oprimidos do seu tempo. A intenção não é basearmo-nos em posições e julgamentos moralistas; pelo contrário, há um desejo de anunciar e provocar a vida plena, sinal do Reino do Pai amoroso, prezando pela liberdade do ser humano e por sua realização como indivíduo e filho deste Deus.

Além de nossas motivações evangélico-religiosas, fundamentamo-nos primordialmente em nossa sensibilidade social. Somos seres humanos e não podemos ficar indiferentes à realidade concreta de nossos semelhantes; nos sentimos movidos a realizar ações que favoreçam a vida humana e estejam de acordo com sua dignidade.

 

Juventude e trabalho

Diante da realidade juvenil, um dos medos mais evidentes é o de não ser incluído no mercado de trabalho. Constatamos que neste modelo econômico não há emprego para todos, principalmente para os jovens que sofrem mais fortemente as consequências deste modelo econômico, que transformou o sujeito em relação ao trabalho como mercadoria. Estas alterações são percebidas tanto nos grandes e pequenos centros urbanos como no campo.

Essa situação afeta o jovem em sua rotina pela falta de renda e autonomia no consumo dos bens materiais, mas também provoca conflitos familiares entre os sujeitos produtores de renda, levando à impossibilidade na especialização educacional, ao prejuízo na sua inserção no mundo cultural e de lazer e reduzindo ou alterando sua interação social, elementos que tocam no sentido da própria existência.

Perante isso somos desafiados a:

- Estudar a realidade do trabalho e promover políticas públicas que possibilitem transformações no modelo econômico atual, para superar o abismo que cada dia se amplia entre uma minoria com muitos bens e uma maioria excluída do mercado;

- Organizar a juventude por meio de cooperativas, associações e ONGs, com a tarefa de buscar a inserção do jovem no mundo do trabalho;

- Promover espaços para a formação integral dos jovens, para que sejam capazes de favorecer a leitura crítica do contexto em que vivem, para encontrar com criatividade outras formas de inserção social, por meio do trabalho especializado e que possam ser sujeitos de fato de sua transformação.

Estes objetivos nos impelem porque, como cristãos, não podemos nos omitir diante do sofrimento humano e da luta pela concretização do Reino em nossa vida cotidiana. Como seguidores de Jesus, que não ficou indiferente à sua realidade e foi capaz de encontrar resposta criativa para colocar a pessoa humana no centro, somos chamados a ser criativos diante de uma estrutura que inibe o protagonismo jovem e o exclui do mundo do trabalho.

 

Juventude e medo

Diante de um contexto social injusto, competitivo e opressor, em contraposição aos sonhos característicos da juventude, o jovem vive inquietante por estas contradições que lhe causam medo. Há, segundo a socióloga Regina Novaes, três medos que marcam esta geração: o medo de sobrar (não ser incluído no mercado de trabalho), o medo de não se conectar (estar fora da Rede) e o medo de morrer (marcado pela realidade de extermínio da juventude).

Portanto, somos desafiados a:

- Conhecer a realidade juvenil e oferecer respostas que deem sentido às suas vidas;

- Apresentar propostas de vida comunitária e ambientes de encontro social e cultural, para as manifestações dos rostos juvenis;

- Criar espaços de aproximação, escuta e discernimento, sendo para os jovens sinal e testemunho de vida cristã;

- Acompanhar os jovens em seus projetos de vida, pessoal e comunitário, encontrando caminhos propositivos de crescimento e amadurecimento humano e cristão.

Somos motivados a acolher a juventude, escutar as suas alegrias e tristezas, suas dores e paixões, como caminho de fidelidade a Jesus, que caminhou junto com seu povo, que fez a experiência com os discípulos de Emaús, que os ajudou a reconhecê-lo vivo na comunidade. Também nós queremos manter a missão de acompanhar os jovens no encontro com Jesus de Nazaré testemunhando de modo concreto seu projeto de vida e libertação.

 

Alunos dos cursos de extensão universitária e pós-graduação em Pastoral Juvenil - UNISAL 2013 (Campus Pio XI). Mais informações sobre o curso: www.pio.unisal.br

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