Padre Albera: “És o meu segundo”

Quarta, 06 Outubro 2021 15:34 Escrito por  Pe. Manuel Pérez, SDB
Confira mais um artigo da série sobre a vida e a obra do padre Paulo Albera, segundo sucessor de Dom Bosco, cujo centenário de morte é celebrado em 29 de outubro.    

Padre Rinaldi havia entregado a padre Lemoyne um recado, em que dizia: “Serão em breve as eleições pela morte do nosso querido Padre Rua”. Depois da eleição, em 16 de agosto de 1910, leu-o publicamente: “Em 22 de novembro de 1877, Monsenhor Ferré perguntou a Dom Bosco sobre as resistências a Padre Albera (que tinha 32 anos) por parte de seu bispo e do clero, por ser salesiano. Dom Bosco respondeu: ‘Claro... ele é o meu segundo’ e interrompeu a frase”. Padre Rinaldi disse: “Conserve isso esperando...”.

 

Pai e Mestre

Logo após sua eleição, rezou diante do túmulo de Dom Bosco e lhe pareceu ouvir: “Conserva o que tens...”.

 

Já havia percorrido as casas salesianas da América, o mesmo fez como Reitor-mor na Europa. Seu objetivo: cuidar dos serviços aos jovens mais necessitados e à Igreja local, receber as confidências pessoais, consolar, valorizar, tomar decisões oportunas e tratar a cada um com cordialidade familiar.

 

Pensava os objetivos da Congregação: “A pedra angular de nossa Obra é formada pelos Oratórios festivos, as missões e as vocações eclesiásticas, os três fins primários que pensou o venerável Fundador, são inseparáveis para a vida de nossa Congregação”.

 

Como memória do magistério de padre Rua suas circulares foram impressas. Padre Albera escreverá 26. Organizou a Sociedade Editora Internacional. O Boletim Salesiano, que já existia em italiano e espanhol, passou a ser publicado em francês, inglês, alemão, polonês e húngaro.

 

Grandes passos foram dados para o início das causas de beatificação de Dom Bosco, Dom André Beltrami, Zeferino Namuncurá e para a extensão da festa de Maria Auxiliadora para toda a Igreja.

 

Anos dolorosos

Durante a Primeira Guerra Mundial, Padre Albera escreveu: “Há muitos irmãos chamados às armas... tantos pagaram já seu tributo à pátria com o sacrifício da vida e outros quando seja... não podem negar-me que o coração do padre, pensando em todos os seus filhos, está imensamente mais à prova”. Eram cerca de 2.000, quase a metade dos salesianos de então. Durante três anos organizou a localização atualizada de cada um e lhes enviou uma circular mensal. Em 1918, foram celebradas suas bodas de ouro sacerdotais: pediu para se encontrar com os salesianos e sacerdotes ex-alunos e ex-soldados. Seu clamor era: que se abram as portas aos filhos dos combatentes, muitas vezes órfãos.

 

A celebração do centenário de nascimento de Dom Bosco se reduziu a uma missa junto a seu túmulo, em Castelnuovo d’Asti e a uma lápide memorial do batismo: também a pedra fundamental da capela de Maria Auxiliadora nos ‘Becchi’.

 

Como horizonte: a Família Salesiana

O jornal italiano Corriere dela Sera fazia um prognóstico: “Padre Albera é de uma fisionomia espiritual especial; as obras que desenvolveu na França e na América demonstram o que será, com igual competência, serenidade e amplitude de visão, para guiar a grande Família Salesiana sobre as pegadas deixadas por Dom Bosco e Padre Rua”. E tinha razão...

 

Os encontros nacionais e internacionais se multiplicaram, com Salesianos, Ex-alunos, Filhas de Maria Auxiliadora, Salesianos Cooperadores, benfeitores, autoridades civis e eclesiais. Em cada encontro, abria-lhes seu coração e suas preocupações.

 

Para as Filhas de Maria Auxiliadora, disse: “Poderão encontrar, entre os salesianos, quem conheça mais do que eu o Instituto, mais capazes que eu de lhes dar conselhos e ajuda; mas acredito que não encontrarão quem, mais do que eu, as admire e aprecie a sua Obra”.

 

Aos Ex-alunos: “Seríamos muito pobres se houvéssemos amado vocês somente nos poucos anos que estiveram conosco: os amamos ainda e desejamos amá-los sempre...”. Para eles, impulsionou a formação da Federação Internacional.

 

Aos Salesianos Cooperadores: “Quando, diante do mal que se propaga ou do bem que urge realizar, vem claro do algo o convite a novas obras para a glória de Deus e a salvação das almas, não duvidamos do exemplo deixado por Dom Bosco, de sermos também um pouco santamente audazes”, e ele mesmo abriu 103 casas.

 

Uma profecia cumprida

O Cardeal Rampolla escreveu ao 11º Capítulo Geral sobre o futuro Reitor-mor, previamente à eleição: “Aquele que, pela santidade de vida e exemplo, pela bondade de coração de padre amoroso, por prudência e sabedoria é guia seguro, com cuidado e firmeza zela pela disciplina da observância religiosa e pelo espírito do venerável Fundador”.

 

Padre Manuel Pérez, SDB, é diretor do Centro Salesiano de Formação Permanente América (CSFPA), de Quito, Equador.

 

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Padre Albera: “És o meu segundo”

Quarta, 06 Outubro 2021 15:34 Escrito por  Pe. Manuel Pérez, SDB
Confira mais um artigo da série sobre a vida e a obra do padre Paulo Albera, segundo sucessor de Dom Bosco, cujo centenário de morte é celebrado em 29 de outubro.    

Padre Rinaldi havia entregado a padre Lemoyne um recado, em que dizia: “Serão em breve as eleições pela morte do nosso querido Padre Rua”. Depois da eleição, em 16 de agosto de 1910, leu-o publicamente: “Em 22 de novembro de 1877, Monsenhor Ferré perguntou a Dom Bosco sobre as resistências a Padre Albera (que tinha 32 anos) por parte de seu bispo e do clero, por ser salesiano. Dom Bosco respondeu: ‘Claro... ele é o meu segundo’ e interrompeu a frase”. Padre Rinaldi disse: “Conserve isso esperando...”.

 

Pai e Mestre

Logo após sua eleição, rezou diante do túmulo de Dom Bosco e lhe pareceu ouvir: “Conserva o que tens...”.

 

Já havia percorrido as casas salesianas da América, o mesmo fez como Reitor-mor na Europa. Seu objetivo: cuidar dos serviços aos jovens mais necessitados e à Igreja local, receber as confidências pessoais, consolar, valorizar, tomar decisões oportunas e tratar a cada um com cordialidade familiar.

 

Pensava os objetivos da Congregação: “A pedra angular de nossa Obra é formada pelos Oratórios festivos, as missões e as vocações eclesiásticas, os três fins primários que pensou o venerável Fundador, são inseparáveis para a vida de nossa Congregação”.

 

Como memória do magistério de padre Rua suas circulares foram impressas. Padre Albera escreverá 26. Organizou a Sociedade Editora Internacional. O Boletim Salesiano, que já existia em italiano e espanhol, passou a ser publicado em francês, inglês, alemão, polonês e húngaro.

 

Grandes passos foram dados para o início das causas de beatificação de Dom Bosco, Dom André Beltrami, Zeferino Namuncurá e para a extensão da festa de Maria Auxiliadora para toda a Igreja.

 

Anos dolorosos

Durante a Primeira Guerra Mundial, Padre Albera escreveu: “Há muitos irmãos chamados às armas... tantos pagaram já seu tributo à pátria com o sacrifício da vida e outros quando seja... não podem negar-me que o coração do padre, pensando em todos os seus filhos, está imensamente mais à prova”. Eram cerca de 2.000, quase a metade dos salesianos de então. Durante três anos organizou a localização atualizada de cada um e lhes enviou uma circular mensal. Em 1918, foram celebradas suas bodas de ouro sacerdotais: pediu para se encontrar com os salesianos e sacerdotes ex-alunos e ex-soldados. Seu clamor era: que se abram as portas aos filhos dos combatentes, muitas vezes órfãos.

 

A celebração do centenário de nascimento de Dom Bosco se reduziu a uma missa junto a seu túmulo, em Castelnuovo d’Asti e a uma lápide memorial do batismo: também a pedra fundamental da capela de Maria Auxiliadora nos ‘Becchi’.

 

Como horizonte: a Família Salesiana

O jornal italiano Corriere dela Sera fazia um prognóstico: “Padre Albera é de uma fisionomia espiritual especial; as obras que desenvolveu na França e na América demonstram o que será, com igual competência, serenidade e amplitude de visão, para guiar a grande Família Salesiana sobre as pegadas deixadas por Dom Bosco e Padre Rua”. E tinha razão...

 

Os encontros nacionais e internacionais se multiplicaram, com Salesianos, Ex-alunos, Filhas de Maria Auxiliadora, Salesianos Cooperadores, benfeitores, autoridades civis e eclesiais. Em cada encontro, abria-lhes seu coração e suas preocupações.

 

Para as Filhas de Maria Auxiliadora, disse: “Poderão encontrar, entre os salesianos, quem conheça mais do que eu o Instituto, mais capazes que eu de lhes dar conselhos e ajuda; mas acredito que não encontrarão quem, mais do que eu, as admire e aprecie a sua Obra”.

 

Aos Ex-alunos: “Seríamos muito pobres se houvéssemos amado vocês somente nos poucos anos que estiveram conosco: os amamos ainda e desejamos amá-los sempre...”. Para eles, impulsionou a formação da Federação Internacional.

 

Aos Salesianos Cooperadores: “Quando, diante do mal que se propaga ou do bem que urge realizar, vem claro do algo o convite a novas obras para a glória de Deus e a salvação das almas, não duvidamos do exemplo deixado por Dom Bosco, de sermos também um pouco santamente audazes”, e ele mesmo abriu 103 casas.

 

Uma profecia cumprida

O Cardeal Rampolla escreveu ao 11º Capítulo Geral sobre o futuro Reitor-mor, previamente à eleição: “Aquele que, pela santidade de vida e exemplo, pela bondade de coração de padre amoroso, por prudência e sabedoria é guia seguro, com cuidado e firmeza zela pela disciplina da observância religiosa e pelo espírito do venerável Fundador”.

 

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