Padre Albera: Uma época... muitos desafios

Segunda, 26 Abril 2021 12:49 Escrito por  Pe. Manuel Pérez, SDB
“Paulo Albera é sacerdote desde o dia 2 de agosto de 1868. No seminário de Mirabello, entrega-se de coração aos jovens, com grande entusiasmo pastoral”. Confira mais um artigo da série sobre a vida e a obra do segundo sucessor de Dom Bosco.    

Até 1865, o Oratório de Valdocco era seminário, colégio e internato; os jovens (cerca de 700) cresciam em número junto com as dívidas. Morre o padre Alasonatti, administrador. A Basílica de Maria Auxiliadora está em construção. As Leituras Católicas têm 12 mil assinaturas mensais gratuitas... Dom Bosco viaja para Roma para a aprovação da Congregação, mediando secretamente entre o governo e a Santa Sé, encontrando bispos, apoiando o Concílio Vaticano 1º sobre a infalibilidade pontifícia... está esgotado, e neste ano chega a Valdocco o Padre Rua, vindo de Mirabello, para ajudá-lo. As leis anticlericais na Itália são muitas, o exército piemontês invade toda a península – em 20 de setembro de 1870, tomam a cidade de Roma de assalto, e o Concílio é suspenso.

 

Novamente em casa

Em outubro de 1868, padre Albera chega em Valdocco para colaborar com padre Rua, que está enfermo. Dom Bosco deixa a seus cuidados todos os seminaristas e as relações externas: aceitação de alunos, relação com suas famílias e demais pessoas... Integra a Equipe de Administração do Oratório que, em 1871, aceita a cofundação das Filhas de Maria Auxiliadora. De Roma, em 27 de agosto de 1871, chega uma carta de padre Rua: “Está concluída a casa de Gênova, que Albera faça as malas...”.

 

Em frente ao mar

Desde 1858, os jovens aguardavam pelos passeios de outono. Em 1864, uma grande promessa: veriam o mar em Gênova! Ali, onde Dom Bosco, desde o final de 1856, visitava benfeitores e difusores das Leituras Católicas. Acolhidos acaloradamente pelo arcebispo, monsenhor Charvaz, realizam o sonho de ter os salesianos ali. A equipe tinha seis salesianos: à frente, pare Albera, com 26 anos, dois seminaristas e três mestres.

 

Ao se despedir deles, em 26 de outubro de 1871, Dom Bosco pergunta se precisam de algo. Albera tem 500 liras. “Meu querido Paulo, não é necessário tanto dinheiro. Também em Gênova vive a Divina Providência. Abram um internato para os jovens mais pobres e abandonados”, e lhes dá o necessário para a viagem. Ao chegarem lá, nada os esperava. Na casa não havia nada. Foi quase um ano em Marassi; ao final de novembro, abriram as oficinas de sapataria e carpintaria para cerca de 40 jovens. Em 3 de dezembro, a visita esperada: Dom Bosco.

 

Com os braços abertos

Gênova, cidade e porto, está viva: conexões ferroviárias, múltiplas oficinas, população crescente: 14.000 pessoas em 1862, 22.000 em 1881, um aluvião de emigrantes...

 

Em 1872, o novo arcebispo, monsenhor Magnasco, oferece em Sampierdarena a igreja de São João Batista e um antigo convento. Dom Bosco chega com 30 liras e adquire o local, com o terreno adjacente para o pátio, em 16 de julho. Já em 15 de novembro os salesianos se transferem para lá e, em 8 de dezembro, o novo espaço é inaugurado. Na missa, o arcebispo pediu que apoiassem os salesianos “com coração genovês”.

 

O crescimento é irrefreável. Em 1873, é inaugurada a escola secundária e são formados os primeiros artesãos. Em 1874, é feita a ampliação do edifício para o secundário e elementar, duplicação do alunado (internos e externos) e a restauração do templo.

 

Em 1875, são 120 jovens no local, cerca de 30 Filhos de Maria (vocações de adultos) e os Salesianos Cooperadores são aprovados pelo bispo. Alguns salesianos davam catequese em paróquias. O Oratório é concorridíssimo. Na tipografia, se imprimem as Leituras Católicas e, em 10 de agosto, o primeiro número do Boletim Salesiano.

 

Na mente de Dom Bosco surgem novos projetos: as primeiras fundações na Franca, os envios missionários até a América. Em 11 de novembro de 1875, pare Albera acolhe dom Bosco e os primeiros missionários. Salesianos, jovens, cooperadores e benfeitores admirados os festejam e saúdam. Em 1877, recebe Dom Bosco e Madre Mazzarello, que acompanhava suas primeiras missionárias na terceira Expedição salesiana de 14 de novembro.

 

Padre Albera era a alma da casa por sua amabilidade, dedicação aos demais e sensível piedade. Confessor sempre disposto, quando predicava chegara ao coração, promotor da devoção a Maria Auxiliadora, a Jesus sacramentados e ao Sagrado Coração. Soube conservar amigos e benfeitores, além de conquistar muitos outros. Entre 1871 e 1887, Dom Bosco, em suas viagens a Roma ou para a França, visitou 46 vezes Sampierdarena e já tinha outros planos para o padre Albera: ser provincial na França.

 

Padre Manuel Pérez, SDB, é diretor do Centro Salesiano de Formação Permanente América (CSFPA), de Quito, Equador.

 

Leia também

Editorial: Todos irmãos e irmãs!

Padre Albera: Uma foto… uma história

Avalie este item
(0 votos)

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.


Padre Albera: Uma época... muitos desafios

Segunda, 26 Abril 2021 12:49 Escrito por  Pe. Manuel Pérez, SDB
“Paulo Albera é sacerdote desde o dia 2 de agosto de 1868. No seminário de Mirabello, entrega-se de coração aos jovens, com grande entusiasmo pastoral”. Confira mais um artigo da série sobre a vida e a obra do segundo sucessor de Dom Bosco.    

Até 1865, o Oratório de Valdocco era seminário, colégio e internato; os jovens (cerca de 700) cresciam em número junto com as dívidas. Morre o padre Alasonatti, administrador. A Basílica de Maria Auxiliadora está em construção. As Leituras Católicas têm 12 mil assinaturas mensais gratuitas... Dom Bosco viaja para Roma para a aprovação da Congregação, mediando secretamente entre o governo e a Santa Sé, encontrando bispos, apoiando o Concílio Vaticano 1º sobre a infalibilidade pontifícia... está esgotado, e neste ano chega a Valdocco o Padre Rua, vindo de Mirabello, para ajudá-lo. As leis anticlericais na Itália são muitas, o exército piemontês invade toda a península – em 20 de setembro de 1870, tomam a cidade de Roma de assalto, e o Concílio é suspenso.

 

Novamente em casa

Em outubro de 1868, padre Albera chega em Valdocco para colaborar com padre Rua, que está enfermo. Dom Bosco deixa a seus cuidados todos os seminaristas e as relações externas: aceitação de alunos, relação com suas famílias e demais pessoas... Integra a Equipe de Administração do Oratório que, em 1871, aceita a cofundação das Filhas de Maria Auxiliadora. De Roma, em 27 de agosto de 1871, chega uma carta de padre Rua: “Está concluída a casa de Gênova, que Albera faça as malas...”.

 

Em frente ao mar

Desde 1858, os jovens aguardavam pelos passeios de outono. Em 1864, uma grande promessa: veriam o mar em Gênova! Ali, onde Dom Bosco, desde o final de 1856, visitava benfeitores e difusores das Leituras Católicas. Acolhidos acaloradamente pelo arcebispo, monsenhor Charvaz, realizam o sonho de ter os salesianos ali. A equipe tinha seis salesianos: à frente, pare Albera, com 26 anos, dois seminaristas e três mestres.

 

Ao se despedir deles, em 26 de outubro de 1871, Dom Bosco pergunta se precisam de algo. Albera tem 500 liras. “Meu querido Paulo, não é necessário tanto dinheiro. Também em Gênova vive a Divina Providência. Abram um internato para os jovens mais pobres e abandonados”, e lhes dá o necessário para a viagem. Ao chegarem lá, nada os esperava. Na casa não havia nada. Foi quase um ano em Marassi; ao final de novembro, abriram as oficinas de sapataria e carpintaria para cerca de 40 jovens. Em 3 de dezembro, a visita esperada: Dom Bosco.

 

Com os braços abertos

Gênova, cidade e porto, está viva: conexões ferroviárias, múltiplas oficinas, população crescente: 14.000 pessoas em 1862, 22.000 em 1881, um aluvião de emigrantes...

 

Em 1872, o novo arcebispo, monsenhor Magnasco, oferece em Sampierdarena a igreja de São João Batista e um antigo convento. Dom Bosco chega com 30 liras e adquire o local, com o terreno adjacente para o pátio, em 16 de julho. Já em 15 de novembro os salesianos se transferem para lá e, em 8 de dezembro, o novo espaço é inaugurado. Na missa, o arcebispo pediu que apoiassem os salesianos “com coração genovês”.

 

O crescimento é irrefreável. Em 1873, é inaugurada a escola secundária e são formados os primeiros artesãos. Em 1874, é feita a ampliação do edifício para o secundário e elementar, duplicação do alunado (internos e externos) e a restauração do templo.

 

Em 1875, são 120 jovens no local, cerca de 30 Filhos de Maria (vocações de adultos) e os Salesianos Cooperadores são aprovados pelo bispo. Alguns salesianos davam catequese em paróquias. O Oratório é concorridíssimo. Na tipografia, se imprimem as Leituras Católicas e, em 10 de agosto, o primeiro número do Boletim Salesiano.

 

Na mente de Dom Bosco surgem novos projetos: as primeiras fundações na Franca, os envios missionários até a América. Em 11 de novembro de 1875, pare Albera acolhe dom Bosco e os primeiros missionários. Salesianos, jovens, cooperadores e benfeitores admirados os festejam e saúdam. Em 1877, recebe Dom Bosco e Madre Mazzarello, que acompanhava suas primeiras missionárias na terceira Expedição salesiana de 14 de novembro.

 

Padre Albera era a alma da casa por sua amabilidade, dedicação aos demais e sensível piedade. Confessor sempre disposto, quando predicava chegara ao coração, promotor da devoção a Maria Auxiliadora, a Jesus sacramentados e ao Sagrado Coração. Soube conservar amigos e benfeitores, além de conquistar muitos outros. Entre 1871 e 1887, Dom Bosco, em suas viagens a Roma ou para a França, visitou 46 vezes Sampierdarena e já tinha outros planos para o padre Albera: ser provincial na França.

 

Padre Manuel Pérez, SDB, é diretor do Centro Salesiano de Formação Permanente América (CSFPA), de Quito, Equador.

 

Leia também

Editorial: Todos irmãos e irmãs!

Padre Albera: Uma foto… uma história

Avalie este item
(0 votos)

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.