Segunda, 27 Julho 2020 18:56

Cidadania digital nos escritos de Papa Francisco

Escrito por Ir. Márcia Koffermann, FMA
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Cidadania digital nos escritos de Papa Francisco iStock.com
“Em rede, também se constrói uma verdadeira cidadania. O acesso às redes digitais implica uma responsabilidade pelo outro, que não vemos, mas é real” (Papa Francisco).  

Nos escritos do Papa Francisco, especialmente nas mensagens para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, a cultura digital é frequentemente relembrada. Para Francisco, “o ambiente digital é uma praça, um lugar de encontro, onde é possível acariciar ou ferir, realizar uma discussão proveitosa ou um linchamento moral”. Portanto, é um espaço no qual o ser humano se movimenta para o bem ou para o mal. O uso que se faz deste espaço pelos seus usuários é que define o nível de comprometimento e de consciência vivido por seus membros.

 

O Papa Francisco recomenda e chama as pessoas para estarem presentes nos meios digitais: “Não tenhais medo de vos fazerdes cidadãos do ambiente digital”, diz ele, deixando claro a sua importância para o desenvolvimento da humanidade. Afinal, não se trata apenas de utilizar ou não os recursos digitais, mas sim, de uma cultura que define o próprio ser humano em seus aspectos relacionais e sociais.

 

Ser cidadão no mundo virtual

Conforme o Sumo Pontífice, “não se trata apenas de ‘usar’ instrumentos de comunicação, mas de viver numa cultura amplamente digitalizada que tem impactos muito profundos na noção de tempo e espaço, na percepção de si mesmo, dos outros e do mundo, na maneira de comunicar, aprender, obter informações, entrar em relação com os outros”.

 

Deste modo, o ser cidadão estende-se também ao mundo virtual, lugar de encontro e proximidade, de construção de relações e de promoção da cultura. “Em rede, também se constrói uma verdadeira cidadania. O acesso às redes digitais implica uma responsabilidade pelo outro, que não vemos, mas é real, tem a sua dignidade que deve ser respeitada. A rede pode ser bem utilizada para fazer crescer uma sociedade sadia e aberta à partilha.”

 

Direito de todos

Portanto, o acesso às redes digitais é um direito de todos os cidadãos, e ao mesmo tempo, o estar nestes meios é uma responsabilidade também de todos. Ou seja, cada cidadão conectado precisa ter ciência de que ali estão presentes “pessoas” que precisam ser tratadas com dignidade, proximidade e respeito, simplesmente porque são pessoas à imagem e semelhança de Deus. É uma noção antropológica que se estende também aos meios digitais.

 

“Além disso, o mundo digital é um contexto de participação sociopolítica e de cidadania ativa, podendo facilitar a circulação duma informação independente capaz de tutelar eficazmente as pessoas mais vulneráveis, revelando as violações dos seus direitos”.  As redes sociais são, assim, espaço para o exercício da cidadania ativa, local em que as pessoas podem lutar por seus direitos, expressar suas opiniões, propor ações e práticas de solidariedade e expor pautas de relevância para as comunidades em que os indivíduos estão inseridos. Um espaço pleno de cidadania e fortalecimento das comunidades e, portanto, espaço onde se gera comunhão.

 

Manipulação e consciência crítica

Ao mesmo tempo, este espaço rico de humanidade pode ser utilizado para manipular, incitar à violência, difundir notícias falsas, criar ódio e divisão. Não podemos ignorar que as redes sociais, assim como qualquer outro espaço vivido em comunidade, podem ser utilizadas para fins contrários ao bem comum. Interesses individuais e financeiros, muitas vezes, são colocados acima da dignidade humana e a verdade é manipulada a partir de critérios mesquinhos e fraudulentos. Diante desta realidade, é importante trazer a temática das redes sociais e da cidadania digital para o debate e ajudar as pessoas a manterem e fortalecerem a consciência crítica, para que possam ser realmente cidadãos digitais e não peças de uma engrenagem que gira em favor de alguns.

 

Conforme o Papa Francisco: “O próprio mundo dos mass-media não pode alhear-se da solicitude pela humanidade, chamado como é a exprimir ternura. A rede digital pode ser um lugar rico de humanidade: não uma rede de fios, mas de pessoas humanas”. Para o Papa, as redes sociais são mais do que meras conexões, são espaços de humanização, de encontro fecundo, onde é possível tornar-se próximo de uma infinidade de pessoas que estão próximas e distantes ao mesmo tempo. “A revolução nos meios de comunicação e de informação é um grande e apaixonante desafio que requer energias frescas e uma imaginação nova para transmitir aos outros a beleza de Deus.”

 

Que as redes sociais sejam para todos nós lugar de encontro, de partilha, de solidariedade, espaço para perceber a beleza de Deus e fazer Jesus Cristo conhecido e amado.

 

Irmã Márcia Koffermann, FMA, é diretora-executiva da Rede Salesiana Brasil de Comunicação (RSB-Comunicação).

 

Leia também

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Ler 3709 vezes Última modificação em Segunda, 15 Fevereiro 2021 12:28

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Segunda, 27 Julho 2020 18:56

Cidadania digital nos escritos de Papa Francisco

Escrito por Ir. Márcia Koffermann, FMA
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Cidadania digital nos escritos de Papa Francisco iStock.com
“Em rede, também se constrói uma verdadeira cidadania. O acesso às redes digitais implica uma responsabilidade pelo outro, que não vemos, mas é real” (Papa Francisco).  

Nos escritos do Papa Francisco, especialmente nas mensagens para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, a cultura digital é frequentemente relembrada. Para Francisco, “o ambiente digital é uma praça, um lugar de encontro, onde é possível acariciar ou ferir, realizar uma discussão proveitosa ou um linchamento moral”. Portanto, é um espaço no qual o ser humano se movimenta para o bem ou para o mal. O uso que se faz deste espaço pelos seus usuários é que define o nível de comprometimento e de consciência vivido por seus membros.

 

O Papa Francisco recomenda e chama as pessoas para estarem presentes nos meios digitais: “Não tenhais medo de vos fazerdes cidadãos do ambiente digital”, diz ele, deixando claro a sua importância para o desenvolvimento da humanidade. Afinal, não se trata apenas de utilizar ou não os recursos digitais, mas sim, de uma cultura que define o próprio ser humano em seus aspectos relacionais e sociais.

 

Ser cidadão no mundo virtual

Conforme o Sumo Pontífice, “não se trata apenas de ‘usar’ instrumentos de comunicação, mas de viver numa cultura amplamente digitalizada que tem impactos muito profundos na noção de tempo e espaço, na percepção de si mesmo, dos outros e do mundo, na maneira de comunicar, aprender, obter informações, entrar em relação com os outros”.

 

Deste modo, o ser cidadão estende-se também ao mundo virtual, lugar de encontro e proximidade, de construção de relações e de promoção da cultura. “Em rede, também se constrói uma verdadeira cidadania. O acesso às redes digitais implica uma responsabilidade pelo outro, que não vemos, mas é real, tem a sua dignidade que deve ser respeitada. A rede pode ser bem utilizada para fazer crescer uma sociedade sadia e aberta à partilha.”

 

Direito de todos

Portanto, o acesso às redes digitais é um direito de todos os cidadãos, e ao mesmo tempo, o estar nestes meios é uma responsabilidade também de todos. Ou seja, cada cidadão conectado precisa ter ciência de que ali estão presentes “pessoas” que precisam ser tratadas com dignidade, proximidade e respeito, simplesmente porque são pessoas à imagem e semelhança de Deus. É uma noção antropológica que se estende também aos meios digitais.

 

“Além disso, o mundo digital é um contexto de participação sociopolítica e de cidadania ativa, podendo facilitar a circulação duma informação independente capaz de tutelar eficazmente as pessoas mais vulneráveis, revelando as violações dos seus direitos”.  As redes sociais são, assim, espaço para o exercício da cidadania ativa, local em que as pessoas podem lutar por seus direitos, expressar suas opiniões, propor ações e práticas de solidariedade e expor pautas de relevância para as comunidades em que os indivíduos estão inseridos. Um espaço pleno de cidadania e fortalecimento das comunidades e, portanto, espaço onde se gera comunhão.

 

Manipulação e consciência crítica

Ao mesmo tempo, este espaço rico de humanidade pode ser utilizado para manipular, incitar à violência, difundir notícias falsas, criar ódio e divisão. Não podemos ignorar que as redes sociais, assim como qualquer outro espaço vivido em comunidade, podem ser utilizadas para fins contrários ao bem comum. Interesses individuais e financeiros, muitas vezes, são colocados acima da dignidade humana e a verdade é manipulada a partir de critérios mesquinhos e fraudulentos. Diante desta realidade, é importante trazer a temática das redes sociais e da cidadania digital para o debate e ajudar as pessoas a manterem e fortalecerem a consciência crítica, para que possam ser realmente cidadãos digitais e não peças de uma engrenagem que gira em favor de alguns.

 

Conforme o Papa Francisco: “O próprio mundo dos mass-media não pode alhear-se da solicitude pela humanidade, chamado como é a exprimir ternura. A rede digital pode ser um lugar rico de humanidade: não uma rede de fios, mas de pessoas humanas”. Para o Papa, as redes sociais são mais do que meras conexões, são espaços de humanização, de encontro fecundo, onde é possível tornar-se próximo de uma infinidade de pessoas que estão próximas e distantes ao mesmo tempo. “A revolução nos meios de comunicação e de informação é um grande e apaixonante desafio que requer energias frescas e uma imaginação nova para transmitir aos outros a beleza de Deus.”

 

Que as redes sociais sejam para todos nós lugar de encontro, de partilha, de solidariedade, espaço para perceber a beleza de Deus e fazer Jesus Cristo conhecido e amado.

 

Irmã Márcia Koffermann, FMA, é diretora-executiva da Rede Salesiana Brasil de Comunicação (RSB-Comunicação).

 

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