A Páscoa em minha vida

Sábado, 12 Abril 2014 11:29 Escrito por 
Você já reparou que vive rodeado de sinais que evidenciam o desabrochar da vida? A começar do seu nascimento: você é fruto de um espermatozóide vitorioso, numa corrida rumo a um óvulo; todos os outros morreram pelo caminho, depois do seu triunfo... Na natureza, é maravilhoso ver o milagre da vida que surge de uma semente que morre na terra: ela precisa morrer para renascer. Mistério da vida! E a borboleta? Vem da famosa metamorfose da lagarta que “morre”, não é?! Há coisas lindas na sabedoria popular quando se trata da vida. Admiro os poetas e cantores nordestinos porque a vida adversa lhes ensinou muito, e a poesia lhes brota solta. Olha só essa: “Faz escuro, mas eu canto”. Dentro do contexto do artigo, essa frase poderia ser entendida assim: pode ter a escuridão mais feia (linguagem simbólica do “tempo ruim”, da “morte”, do “problema”), mas a gente não deve deixar de cantar (linguagem simbólica do festar, do se alegrar, do acreditar, do esperar...).

Muitos anos atrás, vi um desenho que nunca mais esqueci: um tronco de árvore cortado quase rente ao chão, já enegrecido pelas intempéries, “árvore morta”... mas, um galhinho verde estava saindo dele! E meu amigo Frei Adolfo Teme muito sabiamente compôs: “Do tronco da vida, mesmo ferida, nasce uma flor, rindo da dor”.

 

A Páscoa

A Páscoa vai por aí... Para nós que aceitamos o Jesus histórico de Nazaré, que se tornou o Cristo Senhor por sua ressurreição, a vida não termina na morte. Ele “passou” da morte para a vida, pra nunca mais morrer! Do tronco de sua vida “ferida”, nasceu a flor da ressurreição, vencendo a “dor” da morte, nos ensinando também a vencer com Ele tudo o que nos faz “morrer” a cada dia: as forças do ter, do poder e do prazer a qualquer custo.

Páscoa tem a ver com essa “passagem” (do aramaico paschá; do hebraico pesah = páscoa). A palavra “páscoa” é um termo muito antigo que aparece 49 vezes no Antigo Testamento e umas 29 vezes no Novo Testamento. Sem entrar nos detalhes históricos, o termo se cristaliza numa celebração anual cujo texto fundamental é Ex 12, 1-13.16 que “descreve a luta do Senhor pela libertação do seu povo da escravidão do Egito para conduzi-lo como que sobre asas de águia ao encontro do Sinai e à aliança” (in Dicionário de Liturgia, pg. 773). Esse fato tornou-se centro e fundamento da experiência espiritual do povo judeu a ponto de se tornar um memorial anual, com ritos e símbolos (cordeiro, pães, ervas amargas, vinho, Palavra...), até os dias de hoje.

A nossa Páscoa cristã anual tem tudo a ver com o sentido dessa celebração judaica, acrescida com a nova luz que nos vem de Jesus. Na última ceia pascal de sua vida, ele se identifica com o cordeiro, com o pão, com o vinho (isto é o meu corpo... isto é o meu sangue... tomai e bebei... fazei isso em memória de mim).

 

Nossa Páscoa é Jesus Cristo (1Cor 5,7)

Paulo usa a imagem do fermento na massa, dizendo: “Purificai-vos do velho fermento para serdes nova massa, já que sois sem fermento” (aqui, fermento é símbolo de corrupção e o pão ázimo – sem fermento – é símbolo de pureza). O batismo, mergulho na ressurreição de Jesus, nos tornou cristãos (de Cristo), puros, filhos de Deus, herdeiros do céu e membros de uma comunidade. Então, Paulo exorta-nos a sermos o que realmente somos, sugerindo: “Celebremos, portanto, a festa, não com velho fermento, nem com fermento de malícia e perversidade, mas com pães ázimos: na pureza e na verdade” (cf. 1Cor 5, 7-8)!

O “Celebremos” de Paulo continua até hoje. As famílias se reúnem na Páscoa para festejar o reencontro, trocar votos de felicidades, saúde e “Feliz Páscoa”, cear juntos, brindar, soltar rojões até... Trocamos cartões, mensagens. As escolas trabalham os “símbolos” da Páscoa (coelhinho, chocolate, ovo...) nem sempre verdadeiros. O comércio se arma de todos os recursos para atrair o consumidor. As comunidades cristãs procuram preparar bem a celebração com tudo o que tem direito uma “Vigília Pascal”, um “Domingo de Páscoa”.

Enfim, parece que a gente quer sacudir e lançar pra longe o que não foi bom, o que emperrou a caminhada, o que tirou nossa alegria, e dizer: “Daqui pra frente, tudo vai ser diferente” (votos de superação, de dar a volta por cima, de olhar com nova expectativa o que vem, de esquecer os dias ruins e construir o novo, viver com coragem novas oportunidades) por causa da ressurreição do Senhor. Porque, na verdade, nossa fé nos diz que, no Cristo ressuscitado, seremos vitoriosos. Nele passamos definitivamente da escravidão do pecado e da morte para a liberdade da graça.

Esse dia de Páscoa é assim para você? É assim para a sua família? É assim, quando você se encontra com os amigos?

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Última modificação em Sábado, 12 Abril 2014 11:36

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A Páscoa em minha vida

Sábado, 12 Abril 2014 11:29 Escrito por 
Você já reparou que vive rodeado de sinais que evidenciam o desabrochar da vida? A começar do seu nascimento: você é fruto de um espermatozóide vitorioso, numa corrida rumo a um óvulo; todos os outros morreram pelo caminho, depois do seu triunfo... Na natureza, é maravilhoso ver o milagre da vida que surge de uma semente que morre na terra: ela precisa morrer para renascer. Mistério da vida! E a borboleta? Vem da famosa metamorfose da lagarta que “morre”, não é?! Há coisas lindas na sabedoria popular quando se trata da vida. Admiro os poetas e cantores nordestinos porque a vida adversa lhes ensinou muito, e a poesia lhes brota solta. Olha só essa: “Faz escuro, mas eu canto”. Dentro do contexto do artigo, essa frase poderia ser entendida assim: pode ter a escuridão mais feia (linguagem simbólica do “tempo ruim”, da “morte”, do “problema”), mas a gente não deve deixar de cantar (linguagem simbólica do festar, do se alegrar, do acreditar, do esperar...).

Muitos anos atrás, vi um desenho que nunca mais esqueci: um tronco de árvore cortado quase rente ao chão, já enegrecido pelas intempéries, “árvore morta”... mas, um galhinho verde estava saindo dele! E meu amigo Frei Adolfo Teme muito sabiamente compôs: “Do tronco da vida, mesmo ferida, nasce uma flor, rindo da dor”.

 

A Páscoa

A Páscoa vai por aí... Para nós que aceitamos o Jesus histórico de Nazaré, que se tornou o Cristo Senhor por sua ressurreição, a vida não termina na morte. Ele “passou” da morte para a vida, pra nunca mais morrer! Do tronco de sua vida “ferida”, nasceu a flor da ressurreição, vencendo a “dor” da morte, nos ensinando também a vencer com Ele tudo o que nos faz “morrer” a cada dia: as forças do ter, do poder e do prazer a qualquer custo.

Páscoa tem a ver com essa “passagem” (do aramaico paschá; do hebraico pesah = páscoa). A palavra “páscoa” é um termo muito antigo que aparece 49 vezes no Antigo Testamento e umas 29 vezes no Novo Testamento. Sem entrar nos detalhes históricos, o termo se cristaliza numa celebração anual cujo texto fundamental é Ex 12, 1-13.16 que “descreve a luta do Senhor pela libertação do seu povo da escravidão do Egito para conduzi-lo como que sobre asas de águia ao encontro do Sinai e à aliança” (in Dicionário de Liturgia, pg. 773). Esse fato tornou-se centro e fundamento da experiência espiritual do povo judeu a ponto de se tornar um memorial anual, com ritos e símbolos (cordeiro, pães, ervas amargas, vinho, Palavra...), até os dias de hoje.

A nossa Páscoa cristã anual tem tudo a ver com o sentido dessa celebração judaica, acrescida com a nova luz que nos vem de Jesus. Na última ceia pascal de sua vida, ele se identifica com o cordeiro, com o pão, com o vinho (isto é o meu corpo... isto é o meu sangue... tomai e bebei... fazei isso em memória de mim).

 

Nossa Páscoa é Jesus Cristo (1Cor 5,7)

Paulo usa a imagem do fermento na massa, dizendo: “Purificai-vos do velho fermento para serdes nova massa, já que sois sem fermento” (aqui, fermento é símbolo de corrupção e o pão ázimo – sem fermento – é símbolo de pureza). O batismo, mergulho na ressurreição de Jesus, nos tornou cristãos (de Cristo), puros, filhos de Deus, herdeiros do céu e membros de uma comunidade. Então, Paulo exorta-nos a sermos o que realmente somos, sugerindo: “Celebremos, portanto, a festa, não com velho fermento, nem com fermento de malícia e perversidade, mas com pães ázimos: na pureza e na verdade” (cf. 1Cor 5, 7-8)!

O “Celebremos” de Paulo continua até hoje. As famílias se reúnem na Páscoa para festejar o reencontro, trocar votos de felicidades, saúde e “Feliz Páscoa”, cear juntos, brindar, soltar rojões até... Trocamos cartões, mensagens. As escolas trabalham os “símbolos” da Páscoa (coelhinho, chocolate, ovo...) nem sempre verdadeiros. O comércio se arma de todos os recursos para atrair o consumidor. As comunidades cristãs procuram preparar bem a celebração com tudo o que tem direito uma “Vigília Pascal”, um “Domingo de Páscoa”.

Enfim, parece que a gente quer sacudir e lançar pra longe o que não foi bom, o que emperrou a caminhada, o que tirou nossa alegria, e dizer: “Daqui pra frente, tudo vai ser diferente” (votos de superação, de dar a volta por cima, de olhar com nova expectativa o que vem, de esquecer os dias ruins e construir o novo, viver com coragem novas oportunidades) por causa da ressurreição do Senhor. Porque, na verdade, nossa fé nos diz que, no Cristo ressuscitado, seremos vitoriosos. Nele passamos definitivamente da escravidão do pecado e da morte para a liberdade da graça.

Esse dia de Páscoa é assim para você? É assim para a sua família? É assim, quando você se encontra com os amigos?

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