Protagonismo juvenil na cultura midiática

Sexta, 26 Abril 2013 22:20 Escrito por 
  No cenário da cultura midiática, presenciamos uma aceleração contínua de novos comportamentos. Os jovens propõem uma nova linguagem na educação e na cultura, e novos meios de se relacionar com a família, com os amigos e com a sociedade.   Os jovens cresceram com a internet, com as novas tecnologias, e estão tendo controle das redes sociais. Deixam de ler os jornais impressos para navegar nos sites, para criar, remodelar, montar, editar, socializar em rede. Têm dificuldade de pensar de modo linear e cartesiano. Os jovens utilizam linguagens digitais (imagem, som, interatividade) e as redes como novos conceitos e enciclopédias de informação. Não existe protagonismo juvenil sem o reconhecimento da nova linguagem usada por eles. Esse novo modo de criar e recriar linguagens está relacionado também com a articulação das linguagens nos diversos âmbitos da sociedade. Eles estão, por exemplo, criando uma nova linguagem na educação, demonstrando que é preciso um modelo interativo, participativo e inovador no modo de produzir conhecimento e empregá-lo na vida prática.  

Um novo modo de relacionar-se

O relacionamento, para os jovens da cultura midiática, está associado a seu novo modo de comunicar. Eles querem ser autores e participantes dos processos de relacionamento. Cada vez mais, pessoas, empresas e escolas têm deixado modelos hierarquizados e funcionalistas para valorizar a pessoa, a gestão do conhecimento, a criatividade, e o talento associados ao respeito e à busca pela qualidade de vida. A contemporaneidade caracteriza-se, assim, por uma forte tendência à individualidade. As questões sociais e políticas são motivadas por interesses individuais e de grupos a partir dos valores percebidos (testemunhados, que nascem das experiências).

Os jovens e as novas tecnologias formam uma teia complexa e imensa de interatividade. Os jovens exigem cada vez mais um falar e ouvir, ouvir e falar, onde o diálogo nasce e cresce a partir da relação natural de interagir. Esta interatividade está presente no seu protagonismo na música, na arte, no esporte, no trabalho e na educação. Ao interagir com pessoas no ambiente educativo e no trabalho, eles estão exigindo cada vez mais mudanças.

 

Uma visão planetária

Os jovens acreditam firmemente que o planeta lhes pertence. Sabem que a ameaça à vida e ao ecossistema pode gerar insegurança tanto para eles quanto para seus futuros filhos. Eles querem viver em um mundo mais pacífico, tolerante e responsável. Por isso, estão se organizando cada vez mais nas redes sociais, onde é possível defender seus direitos, a natureza, a qualidade de vida das pessoas, e construir uma sociedade mais humana e solidária.

Para o ativismo social, os jovens têm utilizado os blogs, o Twitter, o Facebook e os e-mails. Diferentemente dos jovens das décadas de 1960 e 1970, que lutaram contra a ditadura no Brasil, ou os jovens dos anos 1990, chamados de caras-pintadas, a juventude de hoje manifesta-se e se organiza nas redes sociais. A geração das redes sociais encontra sua força de expressão na habilidade e rapidez de rastrear informações na internet, criar e midiatizar a mensagem, formar redes de notícias e se mobilizar em torno de uma causa. Como fazem parte de uma sociedade fragmentada, não linear, suas manifestações políticas não são contínuas ou estruturais. Elas são velozes, passageiras e instantâneas.

Alguns analistas afirmam que, no Egito, na Praça Tahrir, a organização que derrubou o regime do ex-presidente Hosni Mubarak foi resultado de uma mobilização feita nas redes sociais. Outro exemplo é a campanha de Barack Obama para a Presidência dos Estados Unidos, assim como as campanhas de solidariedade realizadas para ajudar as vítimas do terremoto no Haiti.

 

Família e educação

A relação entre pais e filhos hoje é muito diferente da observada nas gerações anteriores. Se no passado os filhos buscavam a liberdade fora de casa, com a internet eles permanecem no lar muito mais tempo. Muitos dos relacionamentos entre pais e filhos acontecem por e-mails. Às vezes interagem jogando videogames, fotografando momentos familiares para depois compartilharem com outros familiares e amigos. Há ainda aqueles jovens que têm de deixar a família para estudar em outras cidades. Estes encontram no skype, no celular e no Facebook meios de contato e partilha. É preciso destacar também que esta geração, com isso, vai aprendendo a cuidar de si, a valorizar a família e, cada vez mais, a cuidar dos outros e se envolver em atividades solidárias.

Considerados como novos autores no aprendizado, os jovens estão questionando o modelo tradicional do professor que ensina e tem controle do conhecimento. Para eles, o saber é construído de maneira colaborativa, interativa e prática. Com um acesso imenso às informações, às vezes têm dificuldade de interpretar e aprofundar essas informações e aplicá-las à vida. Porém, buscam novos modos de aprender e pesquisar.

 

Geração solidária e organizada em redes

Com o alcance global da internet, os jovens sentem a necessidade de realizar ações solidárias. O voluntariado cresce na Europa, nas Américas e na Ásia; e os jovens se organizam para campanhas de solidariedade em âmbito internacional.

Pesquisadores com 24 a 35 anos de idade vinculados às mais diversas universidades dedicam tempo e competência para contribuir voluntariamente para muitos projetos ambientalistas, seja nos países do Ocidente, como nos da África e Ásia. Depois do lançamento do filme Uma Verdade Inconveniente, mostrando as consequências do efeito estufa e aquecimento global, muitos jovens se mobilizaram online para fazer uma campanha sobre como proteger o planeta.

Os jovens conhecem e dominam as novas linguagens das mídias mais que os próprios pais e educadores. Filhos e filhas dos novos tempos, eles vivem imersos na nova ambiência midiática de modo natural, seja no conhecimento e domínio da linguagem das novas mídias, seja no modo de participar da Igreja e do desenvolvimento econômico, político, social e ambiental.

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Última modificação em Quarta, 02 Abril 2014 16:01

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Protagonismo juvenil na cultura midiática

Sexta, 26 Abril 2013 22:20 Escrito por 
  No cenário da cultura midiática, presenciamos uma aceleração contínua de novos comportamentos. Os jovens propõem uma nova linguagem na educação e na cultura, e novos meios de se relacionar com a família, com os amigos e com a sociedade.   Os jovens cresceram com a internet, com as novas tecnologias, e estão tendo controle das redes sociais. Deixam de ler os jornais impressos para navegar nos sites, para criar, remodelar, montar, editar, socializar em rede. Têm dificuldade de pensar de modo linear e cartesiano. Os jovens utilizam linguagens digitais (imagem, som, interatividade) e as redes como novos conceitos e enciclopédias de informação. Não existe protagonismo juvenil sem o reconhecimento da nova linguagem usada por eles. Esse novo modo de criar e recriar linguagens está relacionado também com a articulação das linguagens nos diversos âmbitos da sociedade. Eles estão, por exemplo, criando uma nova linguagem na educação, demonstrando que é preciso um modelo interativo, participativo e inovador no modo de produzir conhecimento e empregá-lo na vida prática.  

Um novo modo de relacionar-se

O relacionamento, para os jovens da cultura midiática, está associado a seu novo modo de comunicar. Eles querem ser autores e participantes dos processos de relacionamento. Cada vez mais, pessoas, empresas e escolas têm deixado modelos hierarquizados e funcionalistas para valorizar a pessoa, a gestão do conhecimento, a criatividade, e o talento associados ao respeito e à busca pela qualidade de vida. A contemporaneidade caracteriza-se, assim, por uma forte tendência à individualidade. As questões sociais e políticas são motivadas por interesses individuais e de grupos a partir dos valores percebidos (testemunhados, que nascem das experiências).

Os jovens e as novas tecnologias formam uma teia complexa e imensa de interatividade. Os jovens exigem cada vez mais um falar e ouvir, ouvir e falar, onde o diálogo nasce e cresce a partir da relação natural de interagir. Esta interatividade está presente no seu protagonismo na música, na arte, no esporte, no trabalho e na educação. Ao interagir com pessoas no ambiente educativo e no trabalho, eles estão exigindo cada vez mais mudanças.

 

Uma visão planetária

Os jovens acreditam firmemente que o planeta lhes pertence. Sabem que a ameaça à vida e ao ecossistema pode gerar insegurança tanto para eles quanto para seus futuros filhos. Eles querem viver em um mundo mais pacífico, tolerante e responsável. Por isso, estão se organizando cada vez mais nas redes sociais, onde é possível defender seus direitos, a natureza, a qualidade de vida das pessoas, e construir uma sociedade mais humana e solidária.

Para o ativismo social, os jovens têm utilizado os blogs, o Twitter, o Facebook e os e-mails. Diferentemente dos jovens das décadas de 1960 e 1970, que lutaram contra a ditadura no Brasil, ou os jovens dos anos 1990, chamados de caras-pintadas, a juventude de hoje manifesta-se e se organiza nas redes sociais. A geração das redes sociais encontra sua força de expressão na habilidade e rapidez de rastrear informações na internet, criar e midiatizar a mensagem, formar redes de notícias e se mobilizar em torno de uma causa. Como fazem parte de uma sociedade fragmentada, não linear, suas manifestações políticas não são contínuas ou estruturais. Elas são velozes, passageiras e instantâneas.

Alguns analistas afirmam que, no Egito, na Praça Tahrir, a organização que derrubou o regime do ex-presidente Hosni Mubarak foi resultado de uma mobilização feita nas redes sociais. Outro exemplo é a campanha de Barack Obama para a Presidência dos Estados Unidos, assim como as campanhas de solidariedade realizadas para ajudar as vítimas do terremoto no Haiti.

 

Família e educação

A relação entre pais e filhos hoje é muito diferente da observada nas gerações anteriores. Se no passado os filhos buscavam a liberdade fora de casa, com a internet eles permanecem no lar muito mais tempo. Muitos dos relacionamentos entre pais e filhos acontecem por e-mails. Às vezes interagem jogando videogames, fotografando momentos familiares para depois compartilharem com outros familiares e amigos. Há ainda aqueles jovens que têm de deixar a família para estudar em outras cidades. Estes encontram no skype, no celular e no Facebook meios de contato e partilha. É preciso destacar também que esta geração, com isso, vai aprendendo a cuidar de si, a valorizar a família e, cada vez mais, a cuidar dos outros e se envolver em atividades solidárias.

Considerados como novos autores no aprendizado, os jovens estão questionando o modelo tradicional do professor que ensina e tem controle do conhecimento. Para eles, o saber é construído de maneira colaborativa, interativa e prática. Com um acesso imenso às informações, às vezes têm dificuldade de interpretar e aprofundar essas informações e aplicá-las à vida. Porém, buscam novos modos de aprender e pesquisar.

 

Geração solidária e organizada em redes

Com o alcance global da internet, os jovens sentem a necessidade de realizar ações solidárias. O voluntariado cresce na Europa, nas Américas e na Ásia; e os jovens se organizam para campanhas de solidariedade em âmbito internacional.

Pesquisadores com 24 a 35 anos de idade vinculados às mais diversas universidades dedicam tempo e competência para contribuir voluntariamente para muitos projetos ambientalistas, seja nos países do Ocidente, como nos da África e Ásia. Depois do lançamento do filme Uma Verdade Inconveniente, mostrando as consequências do efeito estufa e aquecimento global, muitos jovens se mobilizaram online para fazer uma campanha sobre como proteger o planeta.

Os jovens conhecem e dominam as novas linguagens das mídias mais que os próprios pais e educadores. Filhos e filhas dos novos tempos, eles vivem imersos na nova ambiência midiática de modo natural, seja no conhecimento e domínio da linguagem das novas mídias, seja no modo de participar da Igreja e do desenvolvimento econômico, político, social e ambiental.

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